terça-feira, 28 de maio de 2013

"A VIDA DE UM ENDO MARIDO" O PRIMEIRO CONTATO DO CASAL COM A ENDOMETRIOSE - PARTE 3

No último texto da trilogia intitulada “O primeiro contato com a endometriose”, Alexandre fala sobre os aspectos sociais da doença. Após falar sobre o primeiro contato e alguns momentos delicados do endocasal, dentre eles o sexo, mas que podem ser transformados em momentos descontraídos, e sobre as limitações de uma mulher com endometriose, entre elas, a atividade doméstica, nosso endo marido português vai abordar a questão social da doença. O que falar quando alguém te olha e fala: “Nossa, não vai se queixar de dor hoje?” ou “até que cara tá boa para quem tava morrendo de dor ontem!” ou "ela precisa é de colo" e pior ainda: "essas dores são psicológicas, coisas da sua cabeça." Tipo coisas ignorantes de mentes mesquinhas e ignorantes. Olha, quando eu estava louca de tanta aderência (sim, a endo e suas consequências, como as aderências, nos deixam loucas e já falamos aqui no blog), quem falava isso pra mim, eu tinha ate dó. Porque do mesmo jeito que entrava no meu ouvido voltava. Agora, que estou bem, eu fico quieta e peço para Deus perdoar este ser sem cérebro. Porque me dá muito, mas muito dó de quem acha que a endometriose é apenas um fricote feminino. Mas como Deus é maravilhoso, eu tou sentindo cheiro de vitória no ar. Porque enquanto eu não comprovar pra todo mundo do que essa doença é capaz, o quanto ela é cruel com as mulheres, eu não sossego. Eu dou um boi para não entrar numa briga, mas quando entro dou uma boiada para não sair dela. Como diz nosso lema do blog: “O caminho é longo, doloroso, mas a vitória é certa para quem é do bem e faz o bem!”.  E sabe uma coisa que eu admiro? Quem é feliz, e muito feliz mesmo com dores. Não era o meu caso, mas existem pessoas assim e eu falo: “caraca, tiro o chapéu pra ela”. É vivendo e aprendendo. Se um dia eu voltar a ter dores (rezo todos os dias para não!, claro), eu vou pelo menos pensar em ser diferente. O importante é mesmo ser feliz, já que cada vida é única. Aproveitar a dádiva da vida, cada minuto e cada segundo! Beijo carinho! Caroline Salazar

“Para terminar essa triologia, vamos então falar sobre o aspecto social da doença. E começando pelo mais óbvio, as pessoas sabem que certa mulher tem endo, que um dos principais sintomas é a dor, mas frequentemente falam: “Puxa, mas até que você está com boa cara, nem parece doente.” Ô gente, não basta ter endometriose, sofrer com dor durante anos, todos os dias, ainda tem que ficar de cara fechada para os outros acreditarem que está sofrendo? Pôxa, deixa a gente ter uns momentos de felicidade e normalidade, ser positivo e reagir como possível. Socialmente a endo tem outro aspecto muito cruel. As pessoas nem se tocam sobre o quanto estão magoando a portadora quando falam: “Para quando será o bebê? Tá demorando hein? Olha que o tempo passa...” Se no fundo você não soubesse que a pessoa está falando isso com boa intenção ou desconhecendo a sua doença, a resposta mais suave seguramente seria mandar para o raio que a parta. Isso para não descer completamente do salto e rodar a baiana. Depois que você lida com a doença por uns tempos, acaba percebendo que para a portadora passa um turbilhão de emoções na cabeça dela nos momentos de cobrança. Muitos deles contraditórios. Para os caras, eu recomendo que se uma coisa dessas acontecer segurem na mão de sua companheira e mantenham a compostura. Brigar não vai resolver nada, aliás, vai agravar. Pode ter um pequeno alívio na hora, mas acredite em mim, a mulher vai ficar péssima depois.

Esperemos que depois que a sociedade aprenda mais sobre a endometriose, ganhe conhecimento, surja a compreensão. E muita gente vai entender que essa doença é uma doença. Não é culpa de ninguém, não é castigo divino, e apesar do sofrimento, ainda é possível viver e ser feliz apesar de tudo que a endo causa. A infertilidade é uma questão muito difícil de ultrapassar para a maioria dos casais. Sobretudo se o cara casou com a futura mãe dos seus filhos ao invés da mulher que ele levou ao altar. Se a esperança de filho foi muito grande, exagerada até, pode ser muito complicado superar isso. A aceitação da nova realidade é o caminho mais fácil. Seja por a mulher ter endometriose, com todas as complicações tantas vezes já relatadas, ou também por ser infértil e não realizarem o sonho de ter filhos. Eu não ia abordar essa parte já, mas está fazendo o maior sentido (e será tema de outro artigo). A vida pra lá da endo, a felicidade é possível sim. Infertilidade sexual não é infertilidade no coração. Peito sofrido muitas vezes é terreno fértil para o nascimento de amor profundo, de generosidade para com o próximo. Uma coisa não substitui a outra, mas como minha sábia avó fala, o que não tem remédio remediado está.

Não vou ficar passando lição de moral para ninguém. Gostaria que entendessem essa parte como a exposição de um ponto de vista, não a desvalorização do sofrimento alheio. Recordo que eu e minha esposa somos um dos casais que não pode ter filho nunca por conta da endometriose. Ela fez histerectomia total com retirada dos ovários, Foi necessário muito trabalho junto dela para arrumar esse assunto, falando como casal, muitas vezes com lágrimas regando as nossas conversas. Aos poucos as coisas foram se ajustando. Vou fazer uma confidência pra vocês, estou escrevendo e vendo minha esposa saracoteando pela casa, cuidando das coisinhas dela, sendo feliz (mesmo com algumas dores!). Essa visão faz tudo valer o esforço, a luta que travamos, o sofrimento juntos. A sociedade não tem o direito de exigir nada de vocês, a família também não. Quem não sabe o que é sentir a dor da endo fala sem conhecimento, pura ignorância. Muitas vezes precisamos lembrar as palavras de Jesus na cruz, “Pai, perdoa, pois eles não sabem o que fazem”. Nunca peçam desculpa pelo vosso amor. Ninguém tem o direito de exigir isso apenas porque gostariam que a vossa vida tivesse tudo o que a sociedade espera como padrão da normalidade. Com amor, união e companheirismo há momentos felizes apesar dos contratempos da doença. Abraço e até o próximo. Alexandre."

sábado, 25 de maio de 2013

ADERÊNCIAS PÉLVICAS E ENDOMETRIOSE: EM TESTE TRATAMENTOS PARA PREVENI-LAS!!!


O artigo de hoje é de grande importância para todas nós, endomulheres: aderências, o maldito grude que pode nos matar. Faz tempo que quero escrever sobre isso, já falei sobre a pelve congelada, mas eu sou a favor de além de falar a verdade sobre determinado assunto é preciso dar solução ao problema. Porque problemas nós temos de monte, não! Por isso, achei perfeito este artigo de um site inglês (ah, como sou agradecida a Deus por ter nascido numa família que me deu condição de muito estudo e conhecimento, e claro, por eu ter aproveitado todas as oportunidades). Meu grande problema com a endo não é tanto os focos, mas a aderência pélvica. Esse grude-grude como um chiclete quase me matou. E se não fosse a mão certeira, firme e especial do doutor Hélio Sato, talvez, eu não estaria mais aqui. Foi isso que ele me deu na minha primeira videolaparoscopiaem 2010: óbito. Pois eu já tinha órgãos sem funções dentro de mim por conta dessas malditas. Eu não quis nem perguntar quais. Faria diferença? Claro que não, pois sei que Deus me manteve viva por muitos anos. Somente agradeci ao nosso Pai pela ajuda. Realmente, eu tinha dor até para respirar, como disse o doutor Hélio. E nesse dia constatei que não era louca como muitos achavam. 


Sabemos que onde os focos da doença se implantam causam aderências, mas o meu grude foi por conta de duas cirurgias mal-feitas que feitas na adolescência: uma de apêndice (com corte no abdômen) aos 13 anos e uma laparotomia (nota da editora: cirurgia aberta, com corte, conhecida mais como “cesárea”), para retirar um endometrioma, mas na época fui diagnosticada com cisto no ovário! Pois é, as cirurgias com cortes também causam aderências, por isso, elas não são indicadas para quem tem endometriose. Eu vejo muitas mulheres com endo se submetendo a esse tipo de cirurgia e eu já começo a rezar. No começo, elas até irão ficar bem, claro, mas com o tempo, a dor vai voltar.  A dor da aderência é diferente, é aquela dor ardida que nem a própria morfina resolve. É uma dor constante que nos enlouquece, porque dói para tudo, desde andar até respirar. As aderências começam na própria cicatrização. Uma laparoscopia (nota da editora: cirurgia minimamente invasiva e recomendada para endometriose, onde é feito 3 pequenos orifícios no abdômen, dentre eles, no umbigo) também está sujeita a elas, mas num menor grau.


O diferencial deste artigo é possíveis tratamentos que já estão em testes nos Estados Unidos para prevenir as aderências. Os possíveis produtos ainda estão em teste, mas se aprovados, eles poderão ser utilizados nos casos de cirurgia com corte. Assim o risco de aderências, nesses casos, será muito menor. Não é o máximo! Uma esperança para muitas endomulheres. Por isso, eu sempre falo: tenha fé, seja perseverante e tenha muito esperança. Sei que muitas estão sofrendo, vivem como se tivesse “queimando no inferno”´por conta das dores, mas não desistam! Só espero que após a aprovação nos Estados Undos, não demore anos a fio para chegar ao Brasil, algum tratamento para o grude que pode matar qualquer pessoa. Porque qualquer pessoa que é submetida a uma cirurgia aberta, seja homem, idoso, mulher e ou criança, está sujeita a ter aderências. Espero que gostem do artigo. Beijo carinhoso! Caroline Salazar




A endometriose e as aderências


Tradução: Alexandre Vaz

Edição: Caroline Salazar


A forma mais eficaz de se obter o diagnóstico da endometriose é a por meio da cirurgia. Grandes progressos foram feitos neste campo e constantemente estão surgindo melhoramentos e novas técnicas. Junto com a laparoscopia e a diatermia (nota da editora: método terapêutico que consiste na elevação da temperatura no interior dos tecidos mediante o uso de radiação eletromagnética, corrente elétrica ou ondas ultrassônicas), novos avanços estão sendo feitos para minimizar a formação de aderências durante a cirurgia, enquanto se trata a endometriose. Ao ser capaz de reduzir a formação de aderências, vai existir uma maior chance de sucesso e maior chance de gestação após a cirurgia.


Como as aderências se formam após a cirurgia para endometriose


A formação de aderências depende de múltiplos fatores. A endometriose por si mesma pode provocar a formação de aderências, especialmente em estágios avançados da doença. A quantidade de superfícies peritoneais que ficam após a excisão pode servir como indicador para a probabilidade de aderências que venham a ser formadas. O peritônio é o revestimento interno abdominal. Trata-se de uma membrana transparente, de textura suave que reveste o abdômen e continua sobre a superfície dos órgãos internos, formando uma bolsa contínua. Nos casos de endometriose, essa bolsa está frequentemente coberta de aderências. O uso de barreiras ajuda a reduzir o risco de formação de novas aderências, formadas em consequência da cirurgia.


Quando o cirurgião separa aderências no abdômen originadas pela endometriose, deve ter muito cuidado em não utilizar instrumentos que danifiquem os tecidos. Prevenir a perda de sangue também é muito importante, porque a presença de sangue aumenta as chances de formação de aderências. Se o sangramento não puder ser evitado, deve ser realizada uma cauterização para controlar o fluxo sanguíneo ao abdômen. Pode ser feita irrigação para remover o excesso de sangue, e realizadas suturas para prevenir rejeição a corpos estranhos no abdômen.


Novos produtos para prevenir aderências, incluindo barreiras não-absorviveis


Estão disponíveis novos produtos para prevenir a formação de aderências. Ao separar fisicamente os tecidos afetados durante o período de cicatrização peritoneal – a cicatrização da membrana que reveste os órgãos reprodutores. Agentes de barreira, usados para esse propósito específico, incluem barreiras não-absorvíveis, absorviveis e fluídos. As barreiras não-absorvíveis começaram sendo usadas em cirurgias cardíacas. Elas precisam ser suturadas no local e não são dissolvem. Por esse fato, uma segunda cirurgia será necessária para remover as suturas, e como tal, esse tipo de barreira não é geralmente usada em cirurgia ginecológica.


Barreiras absorvíveis dão melhores resultados


As barreiras absorvíveis incluem Interceed e Seprafilm. Interceed é uma malha derivada da celulose. É aplicada sobre o tecido danificado e não requer sutura. Forma uma proteção gelatinosa em 8 horas e é absorvida em duas semanas. Numerosos estudos revelam que existe uma redução de 50% na formação de aderências com esse produto. A parte negativa da utilização do Interceed é que ele requer a completa ausência de sangue. Se o sangramento não parar totalmente, o risco de aderências aumenta. O Seprafilm se torna um gel em 24 horas após aplicação e é absorvido em sete dias. Os estudos revelam que tem reduzido eficazmente as aderências tanto em cirurgia nos intestinos como nos órgãos reprodutores. A natureza rígida dessa barreira a tornou muito útil nas laparotomias, mas não nas laparoscopias.


Fluídos absorvíveis – o melhor produto mais que vai demorar até estar disponível


Os fluídos absorvíveis possuem muitas vantagens porque revestem todas as superfícies, em oposição à cobertura limitada dos agentes de barreira. Um novo produto chamado Sparygel está por enquanto em testes clínicos nos Estados Unidos. É aplicado sob a forma de spay e forma um hidrogel. Gruda nos tecidos em que foi aplicado e permanece intacto por cinco a sete dias antes de iniciar o processo de degradação em que será facilmente absorvido e expelido pelo corpo. Os estudos revelam que a incidência das aderências diminui cerca de 70% com o uso de Spraygel. Infelizmente, ainda vai demorar até que esteja disponível nos Estados Unidos para a comercialização. Estas informações têm o intuito de informar as mulheres acerca do processo cirúrgico, dotando-as da capacidade de discutir com o seu cirurgião quais as possibilidades antes do tratamento.


terça-feira, 21 de maio de 2013

ATÉ ONDE A DOR DA ENDOMETRIOSE PODE LEVAR UMA MULHER?

Faz alguns meses que quero contar a história da americana Kristi An Rose com sua endometriose. No mesmo momento que li, já pensei em colocá-la no blog, mas o que dizer, como dizer, se esse final não foi nem um pouco feliz. Feliz é uma palavra oculta na vida da portadora que convive diariamente com as dores incapacitantes da doença. Falo isso por minha própria experiência. Viver com dores, 24 horas do dia é um desafio que pode nos levar à loucura extrema. Eu vivi com muitas dores por 21 anos. Principalmente, se o ambiente o qual vivemos ignora ou zomba com essa dor. É preciso muita coragem para seguir em frente, é preciso ser forte mesmo sendo fraca, é preciso perseverança e muita fé para não esmorecer e se perder no meio do caminho. No meu caso, a vida sempre me enviou anjos terrenos que me ajudaram a seguir em frente e superar essas turbulências. Porém, eu nunca tive coragem de tentar contra minha própria vida. A vida é algo muito sagrada, somente Deus dá e pode tirá-la. Mas a doença nos enfraquece de tal maneira que esse pensamento nem passa pela nossa cabeça.  Acho que todos que lerem derrubará algumas lágrimas, mas é preciso mostrar a verdade. E essa verdade só pôde ser contada por conta da coragem de uma mãe. Uma mãe que quer salvar outras vidas, já que a de sua filha não pôde ser salva. Quantas vidas já não foram perdidas como a de Kristi? Até onde a dor pode nos levar? É uma dor que aprisiona, que atormenta, que lateja, que arde, que não para, que sufoca e que pode matar, sim, e nos levar ao ápice da loucura.

A maioria de nós, assim como Kristi (e eu também) ficamos felizes quando recebemos o diagnóstico. Pensamos que nosso sofrimento acabou ou que está perto do fim!? Mero engano! Para muitas, ele está apenas começando. Lembro-me bem desse meu dia, quando um anjo do outro lado do telefone disse: "Descobri o que você tem: endometriose." Se um dos principais papeis do A Endometriose e Eu é espalhar a conscientização da doença, além do reconhecimento social no país pelos nossos governantes, por que não contar uma história de final trágico, mas real, verdadeira? Quantas de nós já não ouvimos frases, como: “suas dores são psicológicas”, “você quer chamar atenção”, “não é nada, ela está com manha e precisa de colo”, dentre muitas outras.... ouvir isso de amigos e ou familiares é algo habitual, que machuca, corrói por dentro. No caso de Kristi, frases assim eram proferidas por médicos. Pois é, quem deveria escutá-las e entendê-las. Graças a Deus nenhum desses entrou em meu caminho. Ainda bem que Kristi tinha uma mãe que acreditava em tudo que ela sentia, mas isso não foi suficiente. Kristi cansou de viver no “inferno em vida”. É assim que muitas vivem. Algumas terão chances de sorrir novamente (como eu!), mas outras infelizmente não. As que sofrem com as dores incapacitantes e que são incompreendidas estão sempre ao extremo de cometer alguma loucura. Quantas brasileiras não tiveram o mesmo destino de Kristi. Eu sei de muitos casos de tentativas de suicídio. É claro que isso não é a solução. Pode ser para o corpo físico, mas não para o espiritual. É um assunto delicado, que serve de alerta para salvar vidas femininas. Foi por isso Sherill quis compartilhá-la. Não pôde salvar sua filha, mas poderá salvar outras. Eu também estou aqui para ajudar àquelas que precisarem de compreensão ou de uma palavra amiga. Beijo com carinho! Caroline Salazar

Para que mais ninguém sofra

Tradução: Alexandre Vaz
Edição: Caroline Salazar

Kisti An Rose sofria de endometriose havia 12 anos, desde 1997 até Maio de 2009, o dia em que apontou uma arma à sua cabeça e puxou o gatilho. Foi um final trágico de uma vida que tinha grandes esperanças, uma vida que deixou saudade, uma vida que poderia ter sido diferente se um maior número de profissionais da comunidade médica soubesse o quão debilitante a sua condição era, soubesse o quanto ela sofria, e quisesse levar mais a sério o caso dela, tal como descrito pela sua mãe Sherill Rose Hill.




O início do pesadelo

Na escola, Kisti era muito dada. Após concluir a graduação em Northwestern High School, ela se tornou viciada no trabalho. Ela tinha vários trabalhos e adorava o que fazia. Sempre gostou das artes, especialmente a fotografia. Mas aos 17 anos, já tinha problemas de saúde.

“ Kristi tinha dores muito fortes no abdômen durante o período menstrual. Não eram dores normais, então, eu a levei para ser observada em alguns médicos. Todos afirmaram o mesmo. Que ela era uma adolescente tentando se evidenciar para receber atenção. Mas essa não era a Kristi, ela não faria isso. Acabei levando-a para Indianápolis para ser observada pelo doutor David McLaughlin, do Women's Speciality Health Centers (Centro médico de especialidades femininas). Ele disse que imaginava saber qual era o problema. Executou uma laparoscopia na Kristi em 12 de fevereiro de 1997. O diagnóstico foi endometriose.” “Ela ficou muito feliz por saber qual era o problema que tinha no seu corpo, porque todo o mundo falava que ela estava inventando. Mas ela sabia que não era invenção.”

A endometriose ocorre quando um tecido semelhante ao que reveste o útero (designado por endométrio) se encontra fora do útero, geralmente no abdômen nos ovários, trompas de falópio e ligamentos que suportam o útero, na região entre a vagina e o reto, na parede externa do útero; e no revestimento da cavidade pélvica, de acordo com a Endometriosis Association (Associação para Endometriose).

De acordo com a Cleveland Clinic, os sintomas para a endometriose não estão limitados aos seguintes, mas incluem:
Dor extrema (ou incapacitante) durante o período menstrual. A dor fica pior com o tempo;
Dor pélvica crônica (incluindo as zonas lombar e pélvica);
Dor durante ou após o ato sexual;
Dor nos intestinos;
Movimentações dolorosas dos intestinos e micção dolorosa durante o período menstrual;
Sangramento abundante durante o período;
Pequenas perdas pré-menstruais ou sangramento entre períodos;
Infertilidade.

Alguns meses mais tarde, Kristi fez uma laparotomia microlaser para vaporizar os focos de endometriose. Pela primeira vez em anos, ela se sentiu melhor. A dor tinha passado e ela estava feliz. Tal como Sherill, sua mãe. Doía demais ver a sua filha num sofrimento tão grande. Mas então, a endometriose voltou. Os estudos mais recentes mostraram que a endometriose volta entre 20% a 40% dos casos nos primeiros cinco anos após a cirurgia, de acordo com a Cleveland Clinic. A de Kristi voltou em menos de um ano. Foi novamente operada para vaporizar mais tecido. Voltou novamente.

Em Outubro de 2000, Kristi e Sherill pegaram um vôo para Oregon, nos Estados Unidos, para consultar um especialista. Esse médico executou uma ooforectomia, removendo o seu ovário esquerdo. Descobriram que as suas trompas de falópio estavam cheias de óvulos. A endometriose impediu que eles descessem para o útero mensalmente. Alguns perguntarão por que ela não teve uma histerectomia. Segundo Sherill: “Os médicos hesitaram em fazer uma histerectomia por Kristi ser ainda tão jovem”.

Além disso, a histerectomia não é uma cura. Atualmente, não existe uma cura para a endometriose. Mesmo fazendo uma histerectomia ou removendo apenas os ovários, não é garantido que a endometriose ou seus sintomas não regressem.

Após a cirurgia em Oregon, Kristi permaneceu com dor. “Foi uma grande desilusão. Pensamos que ela ia ficar bem, e que o pesadelo ia terminar”, contou Sherill . Kristi estava com dor constantemente. Sua mãe pesquisou na internet, tentando encontrar alguém que pudesse ajudar. Em 2003, Kristi e Sherill foram para Birmingham, no Alabama, consultar um especialista no Chronic Pelvic Treatment Center (Centro de tratamento para problemas pélvicos crônicos).

“Quando chegamos lá estávamos muito esperançosas”, falou Sherill . Ao sair, trazíamos um relatório com cinco problemas diferentes. Todos eles relacionados com endometriose.” Síndrome pélvico congestivo grave, vestibulite vulvar, mialgia do assoalho pélvico, síndrome de intestinos irritáveis e pontos de pressão que despole taram dor na parede abdominal. A Kristi também sofria de fibrose intersticial grave da bexiga com formação de cistos intersticiais crônicos, uma condição da qual resulta em desconforto e dor recorrentes na bexiga e na região pélvica envolvente.

O relatório da autópsia dá uma ideia de quão invasiva era a endometriose no corpo de Kristi. Estava no seu fígado, nos seus intestinos, no rim direito. O seu ovário direito tinha múltiplos cistos com grandes “cistos chocolate” (cistos que se formam quando o tecido endometrial penetra no ovário), incluindo um que tinha estourado momentos antes de sua morte. As suas trompas de falópio continham adesões ao seu útero e parede pélvica. Tinha também múltiplas aderências fibrosas na região pélvica. “O médico que efetuou a autópsia falou que ela tanta endometriose que ele nunca tinha visto igual”, disse Sherill.

Falar que Kristi vivia com dor é abordar a questão de um jeito bem suave. Kristi acabou desistindo. Cansou de médicos, de hospitais, de dor. Em 2006, Mike Hill, marido de Sherill e padrasto de Kristi, foi diagnosticado com câncer. Sherill ficou com o coração dilacerado e dividida entre ajudar seu marido e sua filha, já que estavam ambos em sofrimento.

“Eu falei que íamos encontrar uma solução para ela”, disse Sherill. Ela acabou implorando para sua filha que aguentasse firme até que descobrissem alguém capaz de ajudar. Mas ela não tinha seguro de saúde. Sua mãe tinha de pagar por todas as despesas médicas. Kristi odiava isso. Ela era independente, queria cuidar de si mesma. Em 16 de abril de 2009 Mike Hill faleceu. “Olha bem pra ele. Está em paz. Eu adoraria estar em paz assim”, disse Kristi.

Ela estava tendo convulsões e encontrava-se praticamente acamada a essa altura. Eu estava tendo maus pressentimentos. Por esse motivo, escondi a arma que tínhamos em casa. Três dias antes de morrer, Kristi falou que já não queria mais viver assim. Que eles não sabiam como a curar. Eu implorei para ela que me deixasse procurar mais, ver quem mais poderia ajudar. Nós íamos encontrar uma solução. Mas ela rejeitou falando que eu não ia levá-la e outro médico, pois iria gastar mais dinheiro para falar que não sabia o que mais poderia fazer por ela.

Sherill ficou preocupada com sua filha. Kristi estava cada vez mais deprimida. Uma carta escrita por ela, em 4 de abril, mostra seus pensamentos: “ Estou tão cansada de dor. É suficiente para levar à loucura. Ter dor constante chega a dar vontade de desistir. Permitir ao meu corpo fragilizado que descanse. O meu corpo não aguenta mais. O meu cérebro já passou do ponto de ceder. Deus, o meu coração está quebrado.”

No dia 7 de maio de 2009, Sherill estava voltando para casa de uma curta viagem ao Kentucky e ligou para a filha. “Estou quase chegando em casa”, disse Sherill , com lágrimas correndo pelo seu rosto. Krsiti falou que queria que eu sempre  lembrasse que ela me amava muito, muito, muito, muito, muito, muito, muito, muito, muito, muito mãe... e continuava repetindo, muito, muito, muito, muito, muito, muito, muito... Eu respondi que a amava muito, muito, muito, muito, muito, muito também.

Enquanto Sherill dirigia para casa, Kristi procurou na casa e encontrou a arma.
Saiu para o quintal atrás da casa, apontou na cabeça e puxou o gatilho.“Quando cheguei em casa a polícia estava na entrada. Não consegui estacionar o carro. Meu filho Tom estava lá também. Tenho outro filho, o Michael. O Tom tinha ido lá em casa e os vizinhos pegaram ele, falando que a sua irmã estava caída no quintal. Ele foi e segurou a Kristi. Ela não falava nada. Na hora ele só pensava que tinha que dar um jeito de remediar a situação antes do um retorno. Assim que eu parei o carro na entrada, Tom correu pra mim e me apertou com tanta força que eu mal conseguia respirar. Foi aí que ele falou que a Kristi tinha atirado em si mesma. Perguntei se ela estava viva, ele falou que sim, que os médicos estavam tentando estabilizá-la. Não me permitiram ir ao quintal, e pareceu uma eternidade o tempo que demorou para trazerem ela à ambulância. Gritei pra ela lutar com todas as suas forças, e em seguida fomos para o hospital. Não demorou muito tempo para que viessem me falar que ela não tinha resistido. Perguntei se podia vê-la, e me levaram até ela. Bastou olhar para perceber que tinha terminado para ela. Ela tinha sofrido demasiada dor, a dor era sua companhia diária. Os médicos não tinham levado a sério tanto quanto deviam e poderiam”, contou Sherill.

“Eu estive ao lado dela o tempo todo, não ia abandonar minha filha nessa hora. Fui a Greenwood onde fazem a cremação. Beijei, falei para ela e assisti enquanto a preparavam”, disse Sherill. Nesse momento Sherill desabou em lágrimas. A sua filha tinha se suicidado vinte dias após a morte de seu marido. Vinte dias após o suicídio, Sherill teve um sonho. Nele Kristi estava sorrindo, correndo livre e feliz. Não teve funeral. Ela sempre falou que queria ser cremada.

“Essa foi a única coisa que me manteve seguindo em frente, pois agora eu sei que ela não está mais com dor. Agora eu choro apenas por mim, por me sentir só e sem saber o que fazer. Não sei mesmo o que fazer agora. O que Sherill fez, junto com seus dois filhos, foi criar um fundo em memória à Kristi, com as receitas revertendo para o Centro de Pesquisa para Endometriose.

“Eu queria ajudar alguém. Para que ninguém mais tenha que viver desse jeito, gostaria que todos soubessem quanta dor ela sofreu, para que não aconteça com mais ninguém”, finaliza Sherill. 

Fonte: http://kokomoperspective.com/lifestyles/article_610f286a-e505-11de-b7fc-001cc4c002e0.html

quinta-feira, 16 de maio de 2013

"A VIDA DE UM ENDO MARIDO" O PRIMEIRO CONTATO DO CASAL COM A ENDOMETRIOSE - PARTE 2

Na segunda parte da trilogia intitulada “Primeiro contato com a endometriose”, Alexandre fala das limitações de uma endomulher nas atividades corriqueiras que toda mulher deve exercer muito bem, a profissional e a doméstica. Pois é, quem não tem endometriose adora falar mal da dor alheia. Mas, ora bolas, eu queria ver essa pessoa aí que vive falando como ela seria se a dor da endo a incapacitasse de realizar tarefas simples e que muitas gostam. Eu digo isso, pois como já falei aqui tem uma coisa que eu sempre adorei fazer, mas que a dor me impedia: como lavar os banheiros, a cozinha. Também sei dar uma boa faxina em casa, mas confesso que adoro mexer com água. Talvez por eu ser de um signo do elemento água, será? O fato é que eu tive de parar de executar essas tarefas. E hoje se a executo faço com muito cuidado e bem devagar. Vai fazer um ano no dia 1° de junho que estou livre das dores da endo (parece um sonho, meu grande milagre!), mas isso também gera um trauma. Eu sempre quis que ele abordasse a questão “doméstica”, porque muitos pensam que “se nasceu mulher então tem de fazer tudo em casa.” Muitas mulheres morrendo de dores são obrigadas a exercerem as tarefas de casa só porque estão em casa por conta das dores. Graças a Deus nunca apareceu na minha vida um homem com uma mente pequena dessa. E que Deus continue me abençoando! Amém! E a questão profissional também é de suma importância. Eu que o diga, já que tive de parar a minha por dois anos para me tratar, para fazer a fisioterapia uroginecológica para melhorar a dispareunia. Mas como Deus é sempre maravilhoso com seus filhos do bem, aos poucos vou retomando aquilo que eu era antes de tudo começar e virar minha vida de cabeça pra baixo. Mas hoje quem dita a coluna é nosso endo marido Alexandre. Um texto para ler, refletir, pensar... e para que muitas pessoas que convivem com as portadoras, e não só os endo maridos, passem a ter uma nova atitude perante as dores desta doença. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

Tal como prometido, vamos continuar. Agora falando sobre a vertente profissional/doméstica. Como vocês sabem portadora de endometriose tem muitas limitações nas atividades que pode realizar. Se a mulher for bem prendada, ela saberá como fazer as coisas em casa. Cozinha, tanque, engomar roupa, supermercado, etc. Mas a mulher que tem endo morre de dor quando surgem as crises da doença, e fica difícil fazer as tarefas domésticas. Para os homens vou dar o seguinte exemplo: quase todo o mundo já teve dor de dente. Imaginem que estão tendo que cuidar da casa com dor de dente, mas não tem dentista. Se for um dente, no limite você pode até arrancar o dente em casa, arriscar uma infecção, mas se tratando da endometriose, isso não é possível. Você irá viver com essa dor por anos, com pouco alívio pela medicação, e tendo que cumprir com suas obrigações. Na esfera profissional, acontece a mesma coisa. Você tem dor, tem hora que fica sem funcionar, mas enquanto que em casa você pode deixar pra depois, no trabalho isso tem consequências maiores. Ficar faltando ao trabalho é complicado, mesmo com justificação do médico. Você arrisca o seu emprego porque está doente, não tem culpa, parece que não tem nada que alguém possa fazer para lhe ajudar, e aos poucos, seu emprego e seu salário estão indo pro brejo. Pior, você vai ao hospital e quando fala que precisa de analgésico forte porque está morrendo de dor, lhe xingam de toxicodependente. Isso não é exagero, aconteceu com a minha esposa. Tem mulher que tem dor na relação sexual e o marido acha que ela está de frescura. Aguentar tudo isso não é mole.


Vamos voltar à questão da mulher prendada. Ela foi educada para cuidar da casa e da família. Quando consegue, ela parece um furacão, vira a casa do avesso. Deixa tudo brilhando, cheiroso, bem bonito. Em seguida cai na cama com dor, poderá ficar vários dias sem conseguir fazer mais nada, se enchendo de drogas para aliviar os sintomas da doença. Claro que já adivinhou, não vai ter sexo. A mulher profissional, que não larga o serviço para os colegas, gosta de ser vista como alguém em quem podem confiar, e tem orgulho em seu trabalho, dá o máximo na empresa. Ela vai chegar em casa e muitas vezes ainda vai ter que fazer a janta, o almoço do dia seguinte, cuidar dos filhos... desse jeito não vai demorar pra ela cair na cama morrendo de dor de novo. E mesmo antes disso, no final do dia ela vai estar quebrada, morta de cansaço. Se a medicação já rouba a libido dela, imagina cansada também. Ninguém é de ferro, né? Você é bem esperto, e já logo pensa: não vai ter sexo de novo. Essa vida é bem complicada para gerir, nas tarefas e emocionalmente. É por isso que eu insisto tanto na comunicação entre o casal. Mas sempre tem um jeito de melhorar, e eu vou dar umas dicas para isso.


Divisão de tarefas: Sejam organizados. Sentem os dois com caneta e papel. Façam uma lista das tarefas que são realizadas em casa. Para os caras que não estão acostumados a dividir as tarefas domésticas, isso vai mostrar a capacidade enorme de trabalho que as mulheres têm. Assinale as tarefas que ela não consegue realizar. Essas geralmente incluem movimentar coisas pesadas e fazer trabalhos muito curvada. Essas tarefas podem ser realizadas pelo homem. Eu garanto que não é tanta coisa assim, se todos os dias fizerem um pouco. Então, o truque é fazer uma escala de tarefas. Quando eu bolei isso aqui para casa, imaginei que poderia dedicar duas horas de trabalho em casa por dia. Ela de um canto, eu no outro. Cada um fazendo as suas coisas, e depois desse tempo poderíamos jantar e ter tempo para nós. E funciona gente, se tiverem a disciplina para cumprir a escala. Quando chegar o fim de semana, poderão sair os dois pra namorar, visitar família, ou simplesmente descansar. Dá para imaginar que um funcionamento regular das tarefas domésticas reduzirá a ansiedade da mulher, e a divisão das tarefas permitirá que a mulher esteja menos cansada. Adivinhou, maior disponibilidade para o sexo. Tenham em atenção que muitas vezes a mulher não vai conseguir cumprir as tarefas. Mas o cara não pode se matar compensando o que ela não fez. Faz as suas e no final de semana compensa o que não deu para fazer no tempo normal. Nunca se deve cair no erro de esgotar as forças, pensando que aguenta tudo. Até Deus precisou de descanso.

Se você quiser ir trabalhar todos os dias estando ao seu melhor nível, respeite o seu descanso. Se não o fizer, vai ser nossa esposa arriscando o emprego dela e nós também o nosso. Usar duas ou três horas pra cozinhar no domingo de tarde, por exemplo, também pode ajudar. Você faz a comida para a semana inteira e já economiza tempo, energia e terá sempre refeições econômicas e saudáveis para levar para o serviço. Se alimentem direito. Comer bem não significa comer caro nem comer muito. Consulte uma tabela nutricional para ver como deve equilibrar a sua dieta. Geralmente, uma dieta equilibrada até que fica barata. Nos projetos profissionais, se apoiem mutuamente. Não é fácil a mulher se manter ativa e confiante profissionalmente, por isso sempre que ela tiver um novo desafio, apoie –a. E a mulher apoie também os projetos do homem. Quando eu falo apoiar, não é concordar com tudo. É ajudar um ao outro a ver onde estão os pontos fortes e as fragilidades de cada projeto. Sejam bons parceiros. Ter projetos ajuda a pensar em outras coisas, não ficar focado apenas na endo. Não permitam que as vossas vidas sejam absorvidas pela doença. Sei que nos momentos de dor isso é impossível e a tendência vai ser essa, mas vocês precisam contrariar.Ter planos para o futuro é ter esperança. Mas não faça planos apenas para longo prazo. Crie metas a curto, médio e longo prazo. Assim você vai ver as coisas acontecendo, podendo comemorar pequenas vitórias, celebrando que está vivo e mexendo, batalhando para ultrapassar as dificuldades. Façam tudo se amando, ajudando alguém se possível. Não estamos sozinhos nesse mundo, e todas as pessoas precisam de um abraço de vez em quando. Hoje estou deixando aqui o meu para vocês. Alexandre.”

terça-feira, 14 de maio de 2013

"COM A PALAVRA, O ESPECIALISTA", O DOUTOR HÉLIO SATO!!!!

Em “Com a Palavra, o Especialista”, o doutor Hélio Sato fala sobre a gravidez para quem tem adenomiose. A leitora de Iguaba Grande, Rio de Janeiro, que preferiu deixar apenas suas iniciais, descobriu que tem adenomiose, e no mês seguinte, soube que está grávida. O que fazer?  A outra dúvida achei bem interessante, já que fala da pesquisa genômica divulgada recentemente e que foi noticiada em massa nos meios de comunicação do nosso pais, pois refere-se aos genes que provocam infertilidade e que estão relacionadas a endometriose. Já vimos aqui no blog, na coluna do cientista inglês Matthew Rosser, que a endometriose tem vários genes mutantes. Além de ser uma questão importante, ela vem de uma leitora muito querida e que está sempre no blog, a Cleide Sansão, de São Paulo. Dúvidas sobre endometriose deixe-as aqui com nome, sobrenome (ou as iniciais, no caso das anônimas), com cidade e estado. Ou também, pode enviá-las para carolinesalazar7@gmail.com e coloque o título “Com a Palavra, o Especialista”. Lembrando que esta coluna é meramente informativa e o doutor Hélio não irá interferir em nenhum tratamento. Aproveito para pedir a todas que tenham paciência quanto aos emails. Eu respondo um por um com o maior carinho e atenção, mas a demanda está muito, muito grande para uma pessoa que trabalha fora durante 10 horas por dia, todos os dias. Além do mais, sou sozinha para respondê-los, além, dos comentários do blog. Só peço que não repliquem os emails. Sei que a maioria está desesperada, mas respondo-os na ordem de chegada. Agradeço a todas pela compreensão. Beijo carinhoso! 


1 - Tenho 34 anos e descobri que tenho adenomiose em dezembro. Meu útero está três vezes maior que o normal. Fui afastada do trabalho devido às fortes dores. Porém, em janeiro último, descobri que estou grávida de 10 semanas. Estou apavorada, pois uns falam que eu corro risco de vida, que a gravidez tinha de ser interrompida, e outros falam que é normal. Estou confusa não sei mais o que pensar. Eu corro risco de vida? Corro risco de ter um aborto? Por favor, me dê uma orientação e as dores ainda são intensas. ARLS, de Iguaba Grande, Rio de Janeiro.

Doutor Hélio Sato: Não existe associação entre adenomiose ou endometriose e agravos na vida da gestante. Portanto, não há necessidade em interromper a gravidez. O aborto acontece em torno de 10% a 15% das mulheres que engravidam, porém, quando a paciente tem adenomiose, a chance aumenta um pouco mais. É preciso ter cuidados, mas, se a gravidez já ultrapassou as 12 primeiras semanas, o risco de aborto torna-se bem, bem, bem baixo. Reitero que NUNCA uma gravidez deve ser interrompida intencionalmente pela endometriose ou adenomiose. Aliás, ela deve ser incentivada e cuidada.



2 - Tento engravidar desde os meus 19 anos. Aos 20, descobri que a causa da minha infertilidade é a endometriose severa grau IV. Já fiz vários tratamentos e cirurgias para tratar doença e 3 ciclos de fertilização in vitro, mas nunca obtive uma gravidez. Estou com 34 anos e vi recentemente uma pesquisa sobre um gene mutante que provoca a infertilidade e que dificulta a gravidez em algumas mulheres com endometriose. Acho que me enquadro neste perfil. O que seria esse gene mutante? Como ele age no corpo e como eu posso descobrir se eu tenho ou não este gene? – Cleide Sansão – São Paulo – SP

Doutor Hélio Sato:  As pesquisas genômicas, ou seja, aquelas que estudam os genes tiveram um “boom” há aproximadamente 15 anos, e estudou-se principalmente, os polimorfismos genéticos, que são as variações no código genético que talvez tenham influência na saúde. Assim, foram avaliados diversos e diversos genes. Inclusive, no meu doutorado avaliamos polimorfismos no receptor do estrogênio na endometriose, e algumas variações associaram-se com a endometriose. Porém, muitos destes resultados foram conflitantes e, portanto, a comunidade científica gradativamente tem perdido o interesse nestes estudos. Ocasionalmente, é divulgado que determinado gene é a causa da endometriose, infertilidade, diabetes, etc..., mas, ainda carece de muita, muita, muita comprovação para aceitação. Todos nós, temos alguns genes mutados e alguns devem ser pesquisados na infertilidade, mas, devem ser feitos criteriosamente, pois, além do custo é preciso saber qual é a real importância de cada mutação e isso deve ser analisado individualmente. A genética é uma área muito vasta e deve ser melhor compreendida antes da divulgação de resultados para que não tomemos conclusões equivocadas. 

Infelizmente, os tratamentos de infertilidade não são absolutos, pois, há muitas etapas que podemos controlar, mas, no final, a natureza decide o desfecho. Por outro lado, obtivemos avanços nesta área e muitos casais alcançaram o objetivo por meio de técnicas e procedimentos médicos. Assim, testemunhei diversas histórias, pacientes que engravidaram após laparoscopia de endometriose severas (como a leitora Cristiane Coelho com sua endo severa e que engravidou naturalmente), após FIV e TE (transferência de embriões), 1°, 2°, 3°, etc... tentativas, após ovodoação (doação de óvulos) e aquelas que desistiram e partiram para adoção, ou aquelas que desistiram e planejaram a vida de modo diferente, ou seja, sem filhos e qual deve ser o destino seguir?

Sobre o doutor Hélio Sato:


Ginecologista e obstetra, Hélio Sato é especializado e endometriose e em laparoscopia. Ele tem graduação em Medicina, Residência Médica, Preceptoria, Mestrado e Doutorado em Ginecologia pela Universidade Federal de São Paulo. É pesquisador principal de projeto regular da FAPESP.

Hélio Sato tem certificado em Laparoscopia pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e de Obstetrícia. É membro da AAGL “American Society of Gynecology Laparoscopy” e é membro associado da clinica GERA de reprodução humana. (Acesse o currículo Lattes do doutor Hélio Sato).

domingo, 12 de maio de 2013

FELIZ DIAS DAS MÃES!! A HISTÓRIA DA LEITORA CRISTIANE COELHO E SUA ENDOMETRIOSE SEVERA!!


Hoje é um dia muito especial para muitas mulheres. No segundo domingo de maio comemora-se o Dia das Mães. E, para celebrar esta data, não tem homenagem melhor do que contar mais uma história de superação de uma endomulher em realizar seu grande sonho: a maternidade. Eu adoro contar essas histórias. O que você faria se escutasse do seu médico que você tem 3% (de um total de 100%) de chances de engravidar, mas que não poderia menstruar mais de seis meses? Eu agarraria na minha FÉ e teria dito ao médico: “Eu vou conseguir, você vai ver.” E foi o que fez a leitora Cristiane Coelho, de São Paulo. Essa história aqui é muito especial, já que a endometriose de Cristiane é muito agressiva. Porém, para quem tem fé amada é impossível.  Por isso, o A Endometriose e Eu deseja a todas às mamães um dia muito abençoado, repleto de alegria e de muitas bênçãos de nosso Pai Todo-Poderoso. Afinal, ser mãe é comemorar todos os dias do ano a dádiva alcançada. Às tentantes, continuem com fé, esperança, pois tudo tem o momento certo. Eu creio que irão conseguir!! Ame a vida, a família e peça a Deus que as ajudem na realização deste sonho! Beijo com carinho!!!

“Meu nome é Cristiane Coelho, tenho 31 anos e há 3 anos descobri ser portadora de endometriose. Menstruei pela primeira vez aos 12 anos. Meu ciclo sempre foi regulado, mas sentia muita cólica. Com o passar dos meses, a dor aumentava gradativamente. Fui me acostumando com essa cólica e a tratava com remédios para dor cada vez mais fortes. Passaram-se os anos, casei a primeira vez aos 19 anos. Após 5 anos de união decidimos ter um filho. Para nossa surpresa, após 1 ano e meio de tentativa descobrimos que ele tinha azoospermia (nota da editora: ausência total de espermatozoides). Então, tentamos a fertilização in vitro, mas infelizmente não obtivemos sucesso. A gente acabou se separando e, em 2009, encontrei o amor da minha vida. Casei novamente e por tudo que já tinha passado, tanto eu quanto meu marido tínhamos uma enorme vontade de ser mãe. Então, decidimos ter filho assim de imediato. Para minha surpresa o tempo foi passando e nada. Com o passar dos anos, os sintomas dolorosos só aumentavam. Minhas cólicas se tornaram insuportáveis.  Todo mês era um sofrimento enorme antes da menstruação, além das cólicas menstruais, tinha também cólicas intestinais fortíssimas. Nas fezes aparecia muco com sangue, a dor era uma mistura de prisão de ventre com diarreia. A dor era tão forte que chegava a ter crises de choro, tinha enjoo, vomitava, atacava a enxaqueca, e não queria conversar e nem ver ninguém.

Todos esses sintomas foram piorando. Em 2011, eles passaram a ser constantes e a dor era dia e noite, 24 horas por dia e começou a prejudicar minha vida profissional. Sou representante comercial, e nesta época, não conseguia dirigir por muito tempo. Já não tinha posição para ficar e viajar se tornou impossível. No período menstrual todos os sintomas que relatei aumentavam de tal maneira que tinha de ser hospitalizada, mas nunca obtinha um diagnóstico. Sempre tomava os medicamentos para dor, inclusive, morfina, mas nenhum médico descobria o que eu tinha. Numa das vezes em que fui internada, um cirurgião queria me operar para descobrir o que havia de errado comigo, e disse ao meu marido que eu teria muitas chances de ter que retirar o útero. Claro que meu marido não autorizou a cirurgia e eu tive alta dias depois. No mês seguinte, fui internada novamente e o médico de plantão quando falei todos os sintomas que sentia, ele já falou que a suspeita era endometriose e pelos sintomas já estava bem avançada. Ele me encaminhou para o doutor Hélio Sato. Logo na primeira consulta com este anjo chamado doutor Hélio, foi-me me disse que realmente pelos sintomas poderia ser endometriose e me pediu para fazer uma ressonância magnética e, como previsto, foi detectado vários focos da doença na cavidade pélvica: útero, trompas, ovários...e também no intestino, além, de dois miomas. A cirurgia foi marcada minha cirurgia para o mês seguinte. A urgência era devido o perigo de obstruir o intestino.

Em 08 de abril de 2011 estava passando pela cirurgia mais esperada da minha vida. O doutor Hélio fez a parte ginecológica e doutor Roberto Hiroshi Ieri fez a parte intestinal. A cirurgia correu tudo bem, foi retirado os miomas, os focos de endometriose de toda região pélvica e do intestino foi retirado o reto e também um seguimento do duodeno. Foram sete dias no hospital, minha recuperação foi maravilhosa. Depois foi a parte mais difícil: induzir a menopausa precoce para barrar a produção de hormônios dos meus ovários e confesso que não foi nada fácil. Os efeitos colaterais são de enlouquecer qualquer um: irritabilidade, cansaço, dor no corpo e nas articulações e um calor terrível. O tratamento durou seis meses e retornei ao doutor Hélio. Muito atencioso e bem honesto, ele me explicou da dificuldade que eu teria para engravidar. Segundo ele, “era possível, mas não seria fácil, pois eu tinha 3% de chance de conceber um filho naturalmente. Meu grande problema era o fato de eu não poder ficar muito tempo menstruando, para não correr riscos de a doença voltar. Então, combinamos que tentaríamos por seis meses, e se neste período eu não engravidasse, iríamos parar a menstruação por mais seis meses e estudaríamos a possibilidade de uma FIV. A partir desta data surgiu uma fé tão grande dentro do meu coração, que me dava à certeza de que eu e meu esposo iríamos conseguir sim, a tão sonhada gravidez. Os meses foram passando e minha vida era no calendário. Fazia contas e mais contas e todo mês era aquela tristeza. Quando estava no quinto mês de tentativa tive minha consulta com o doutor Hélio, e ele já marcou o retorno para o próximo mês. Se eu não engravidasse, teríamos de parar a menstruação. Na minha cabeça e dentro de mim, eu pensava: “Vou conseguir!”

E não deu outra!!! No último mês, nos 45 do segundo tempo, eu e meu marido fomos agraciados com o tão sonhado positivo. E, o retorno ao meu ginecologista, que já estava agendado para bloquear a menstruação, foi minha primeira consulta do pré-natal. Foi uma gravidez que tive muito medo de perder meu bebê. Fiquei cercada de cuidados nos primeiro 3 meses, mas minha gestação foi tão abençoada que não tive nada, nada mesmo, nem os indesejáveis sintomas de gravidez. No quarto mês descobrimos que seria uma menina e que chamaria Giovanna, que tem o significado de presente de Deus, e é exatamente isso que ela representa, um presente para mim, para meu marido e para toda família, que de uma certa forma também acaba sofrendo e torcendo pela gente. No dia 06 de fevereiro de 2013, às 10h44 no Hospital Nipo-Brasileiro pelas mãos abençoadas do doutor Hélio Sato fiz uma cesárea supertranquila e minha princesinha Giovanna nasceu saudável com 4,025 quilos e medindo 49,5 cm. Sem dúvida nenhuma, este foi o dia mais feliz da minha vida. Resolvi compartilhar minha história para ajudar muitas das endomulheres que estão passando pelo que passei. Realmente, não é fácil, com certeza Deus coroou a realização do meu sonho e do meu esposo. A ajuda espiritual é muito importante, independente da crença de cada um, o importante é termos de ter Fé e acreditar, saber que existe uma força maior que faz com que tudo seja possível naquele que crê no poder Divino. Beijo com carinho! Cristiane."

sábado, 11 de maio de 2013

MEIO MILHÃO DE ACESSOS E 700 SEGUIDORES!!! OBRIGADA!!!

Momentos especiais devem ser celebrados com pessoas especiais!! Por isso escrevo hoje para agradecer a todos uma marca histórica para o A Endometriose e Eu: meio milhão de acessos e a dois seguidores dos 700. Jamais imaginei que isso seria possível, que o blog seria lido por alguém e que poderia consolar corações aflitos e desesperançosos. A mensagem de fé, de esperança e de perseverança que o blog passa faz o sucesso de cada artigo postado aqui. Cada texto é pensado e repensado para levar informação de qualidade às endo mulheres. Por isso, cada comentário, cada compartilhamento é uma grande emoção. Nunca imaginei que este trabalho despretensioso, e muitas vezes ainda regado por lágrimas, acalentaria tantos corações, que renovaria a esperança e a fé de muitas mulheres. Agradeço a Deus por esta oportunidade, por Ele ter me dado a sabedoria das palavras e por eu ter herdado um pouco da sabedoria de nosso Pai. Hoje, a homenagem é para  todos que fazem do blog, o mais lido do mundo sobre endometriose. Vamos continuar com fé, caminhando juntos, com bondade, generosidade e honestidade. Porque tudo que é honesto dá certo, vai pra frente. Um passo de cada vez e logo chegaremos lá! Agradeço a Deus e a todos pelo blog ser hoje referência mundial em endometriose! O cartão abaixo foi feito pelo nosso parceiro e colaborador, nosso endo marido, Alexandre. Amanhã, dia das Mães, iremos homenagear às endo mamães e àquelas que esperam por um milagre. Uma história linda, emocionante e de fé. Beijo carinhoso!



terça-feira, 7 de maio de 2013

"SUPERANDO A ENDO INFERTILIDADE", A NOVA COLUNA DO BLOG!!



É com grande alegria que o A Endometriose e Eu estreia sua nova coluna, a “Superando a Endo Infertilidade”.  Faz um tempo que penso em levar esperança e fé às endomulheres que até o momento não conseguiram realizar um dos desejos femininos acalentados por muitas mulheres: a maternidade. Na última semana, recebi o  email da nossa querida Karina Mosconi pedindo uma coluna assim no blog: para ajudar àquelas que não conseguiram ainda serem mães. Como diz um grande amigo meu: "Confirmou!". A cinco dias da data dedicada às mães lanço esta coluna com o objetivo de levar confiança e ainda mais fé àquelas que não conseguiram gerar filhos até o momento. Sei que essas mulheres podem ficar mais tristes, pra baixo nesses dias que antecedem o segundo domingo de maio.... percebo isso em alguns emails que recebo. Porém, muitas se esquecem de que somos filhas de um Deus do impossível e que para Ele quando se tem fé, o impossível se torna possível. Para esta nova empreitada, contamos com a ajuda de uma endomulher guerreira (assim, como todas nós!) e muito querida, a fisioterapeuta Juliana Sinelli. Hoje é um resumo de sua trajetória até a realização de seu sonho, mas mês a mês, ela vai contar os passos e tudo que enfrentou rumo sua vitória Divina.

Sei que a endometriose nos dá momentos muitos tristes. Mas eu quero espalhar a palavra de uma forma diferente. Claro, sempre lutar pelos nossos direitos e falar a verdade sobre a doença. É uma doença triste, traiçoeira, que nos leva pra baixo, mas também não posso esconder que se não fosse a endo e, inclusive, meu sofrimento, muito do que tenho na vida hoje não existiria, como o blog. E vocês, razão pela qual eu faço o que faço. Esse filhote lindo aqui está levando muita esperança às endomulheres no mundo todo e quero continuar com este lado também otimista. De coisa ruim, já basta as dores, a depressão, a incerteza que cada uma e nós temos. Se não fosse o blog e cada um que passa por aqui, eu não teria vontade de trabalhar duro em busca de um futuro melhor para todas nós, principalmente, para as próximas gerações.  E outras colunas vêm por aí. Já que o A Endometriose e Eu é referência internacional no assunto, quero que ele seja o blog mais completo sobre endometriose. E isso só será possível com a união com pessoas do bem! Beijo carinhoso! Caroline Salazar

“Meu nome é Juliana Sinelli, tenho 30 anos, sou fisioterapeuta e estreio a nova coluna do A Endometriose e Eu: Superando a EndoInfertilidade. Neste primeiro artigo, vou contar resumidamente minha história até a chegada do meu milagre, a Mariana. Em 2007 tive episódio de desmaio no primeiro dia de menstruação, que também se repetiu no mês seguinte, o qual me levou para o pronto-socorro! Sem diagnóstico e com melhora dos sintomas fui embora e resolvi ir a minha ginecologista. Ela pediu que eu fizesse vários e exames. Todos deram normais com exceção do CA 125 (nota da editora: exame de sangue que originalmente foi instituído para medir câncer de ovário, e que hoje é utilizado para auxiliar no diagnóstico da endometriose) que estava pouco acima do normal. Foi nesse momento que fui diagnosticada com endometriose. Foi-me receitado anticoncepcional contínuo. 

Comecei o tratamento confiando nesta profissional! Como não tinha mais episódios de dores, vivi assim por três anos, sem dor , com alguns escapes, mas achando que estava tudo bem . Em 2010 fui fazer exame de rotina e constou endometrioma no ovário esquerdo e meu caso era cirúrgico. Fui em inúmeros médicos bam bam bans na área e acabei descobrindo que era endometriose grau IV (profunda), que já estava no intestino e que precisava retirar um pedaço deste órgão! Quantos médicos eu fui, quantos mercenários encontrei no meio do caminho, até que quando já estava sem esperança me indicaram o doutor Hélio Sato, que é um excelente médico. Além de ético, é muito humano e honesto. Fiz minhas duas cirurgias com ele. Na primeira cirurgia retirei um endometrioma no ovário esquerdo e 15 cm do intestino, com também o proctologista doutor Roberto Hiroshi. Na segunda retirei a trompa esquerda e parte do ovário esquerdo! Nesta época estava me preparando pra casar e meu mundo desabou. Como a endometriose é associada de forma direta com a infertilidade, e como ser mãe sempre foi meu sonho, imaginem como fiquei com meu casamento à vista!  Este era o meu maior pesadelo quando diziam a palavra endometriose: a infertilidade. Já que minhas dores eram suportáveis e superáveis, a incerteza de poder ou não ter filho, de fato, foi meu maior drama! Mas com muita fé, com tratamento clínico adequado que irei falar aqui superei este monstro que é a endometriose e sua maior consequência em minha vida, a tão temida infertilidade!!! 

Minha Mariana, de 1 ano, me fez acreditar que por mais dores que já passei, por mais incertezas dos tratamentos que temos, por mais medo que já tive: hoje agradeço a Deus a cada sofrimento que passei, pois com eles me tornei uma pessoa melhor, com outros valores e aprendi que nós mulheres não podemos desistir jamais!  Somos guerreiras e irei contar nesta coluna como enfrentei e venci o medo da infertilidade, já que gerar um filho era uma missão quase impossível, porém, possível com minha fé, esperança e perseverança. Estes foram alguns dos ingredientes que tornaram meu sonho realidade. Aliados a ajuda até mesmo psicológica de meu médico, de meu marido e de minha mãe, pessoas especiais que foram fundamentais nesta longa jornada e da realização deste sonho. Espero com esta coluna ajudar muitas endomulheres a realizarem os seus também. Beijo carinhoso! Juliana.”