quarta-feira, 28 de agosto de 2013

"A VIDA DE UM ENDO MARIDO": SEMPRE HAVERÁ UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL!!

Pêgo das Cancelas - Villa de Rei, Portugal

É isso mesmo, sempre haverá uma luz no túnel. Basta crer, confiar, e, acima de tudo, aceitar. Já falamos sobre aceitação num outro artigo da coluna, em junho, com a emocionante história da vida de Nick Vujicic. Aceitar os desígnios de Deus (também outro artigo maravilhoso), é o melhor caminho para solucioná-los. Não importa qual seja. Aceitar as provações é a melhor maneira de conviver melhor com os problemas, consigo e com as pessoas. Apesar de ser dedicado a um casal em especial, este artigo do endo marido é para vários casais e até mesmo às solteiras, pois sei que inúmeras endo mulheres passam pelo mesmo drama: a espera da cirurgia, que nunca chega e que sempre há um empecilho para atrasá-la ainda mais, e a não aceitação deste momento da vida. Sim, momento, porque a vida é feita de momentos, alguns bons, outros ruins, mas basta crer em nosso Pai, o Todo-Poderoso, o Maior. Entrega seus problemas e sua vida a Ele. Ele sabe o que fazer com eles. E creia. Sem fé, sem crer, nada vai mudar, e sua vida vai continuar estacionada. A aceitação é o melhor caminho para mudar o rumo de nossas vidas. E a negatividade apenas atrapalha nossa jornada e nos leva ainda mais ao fundo do poço, ela nos dá ainda mais dor, e nos afasta das pessoas que estão ao nosso lado, que nos amam. Quando a pessoa é negativa, ela atrai para si todas as coisas ruins que existe. Portanto, vamos amar uns aos outros, como Jesus Cristo amou. Ele é nosso exemplo maior. Pára de ser negativa (o), de falar mal dos outros, porque tendo essa atitude você está se colocando ainda mais no fundo do poço. A verdade pode tardar, mas ela não falha, um dia ela virá. Eu aprendi a ser feliz mesmo quando estava sofrendo no inferno da dor. Demorou, mas eu aceitei minha realidade e condição. Hoje, estou há mais de um ano livre das dores e ainda mais forte para lutar portadoras nós, endo mulheres.

E não se esqueça de preencher a ficha de inscrição para a Million Women March for Endometriosis, a maior manifestação em massa do mundo em prol de uma doença, nunca realizada antes. Até o momento 23 países sairão às ruas no dia 13 de março de 2014 para mostrar a todas as pessoas do mundo que existimos, que somos muitas (176 milhões de mulheres), reivindicar nossos direitos, cuidados, tratamento especializado acessível em todo país, inclusive, no SUS, conscientizar a sociedade, pois só assim passaremos a ser tratadas com o respeito e a dignidade que merecemos. Esta é a nossa grande chance de ter a doença reconhecida como social pelo governo federal, já que temos um dos maiores especialistas do mundo, o doutor Camran Nezhat, à frente da Marcha de Milhões de Mulheres contra a Endometriose. Compartilhe a Ficha de Inscrição entre seus amigos. Todos podem e devem participar. Afinal, a endo não tem idade e basta ser mulher para ter a possibilidade de desenvolver a doença. Beijo carinhoso!! Caroline Salazar


 A luz no fim do túnel fica mais forte!!

"Hoje as coisas me fizeram acelerar a 300 por hora, por isso desde já estou adivinhando que vai ser um texto daqueles... bem longos como eu costumo fazer quando estou com muita coisa na cabeça. Me perdoem mas o de hoje é dedicado em especial ao T. e à B., meus queridos amigos do peito que moram no estado de São Paulo, e que conhecem a endo tão bem como eu e minha esposa, e que neste momento atravessam uma das fases mais complicadas: a espera pela cirurgia.

Bom, eu começo por falar de uns dias bem legais que passei de férias com minha esposa aqui em Portugal, meu país para o bem e para o mal. Para os que conhecem, sabem que Portugal é muito bonito, para os outros eu faço uma pequena descrição. A gente foi na terra dos meus sogros e ficamos lá aproveitando a mata e algumas praias fluviais, de água que nasce da rocha. A terra tem muita pedra de xisto e bastante vegetação, uma paz daquelas que dá pra gente sentar e ficar só escutando o vento nas árvores e esquecer do mundo. Sem relógio, sem celular, sem internet. Uma bênção curta, apenas uns dias para compensar o ano passado quando minha esposa foi operada, e por isso, não tivemos verão e nem férias.

Depois das férias na cidade dos meus sogros, a gente voltou pra casa e ainda pegou uma prainha de mar, bem gostosa. Foram uns dias legais, que deixou a gente com água na boca pra mais. Voltei ao trabalho e minha esposa continua de férias, e eu vou explicar por que esse ano é desse jeito. Como eu referi, no ano passado não tivemos nem férias nem verão. Tudo foi feito para prever a cirurgia de minha esposa, e as férias foram usadas para isso, correndo para o hospital, cuidando da casa, mas vamos ao começo...

Em outubro de 2012, ela parou de trabalhar. Muita dor constante, muita medicação, incapacidade para cuidar dela própria e da casa... e eu correndo pra segurar as pontas. Devo referir que ela no passado esteve presente e segurando as pontas quando eu não consegui, e por isso, tenho muito orgulho, respeito, amizade e amor por ela, meu anjo bom. Foram 9 meses disso aí, esperando respostas de exames, indo em um e outro especialista, marcando a cirurgia, esperando a resposta da data... esperando a data... uma loucura. Toda a nossa vida ficou suspensa com um único objetivo, a chegada do dia D.

Levando as coisas assim, minha ansiedade subiu pra caramba, mas também o cansaço. Apenas meu sogro acompanhou a situação comigo durante a cirurgia, eu estava em um estado de nervos que só. Meu amor estava nas mãos de um cirurgião e tinha a chance de retirar um pedaço do intestino, já que estava com tumor reto-vaginal. Eu passei o tempo todo falando, o pobre do pai dela aguentou estoicamente todo aquele meu falatório, mas por dentro eu estava rezando pelo melhor. Felizmente, Deus guiou as mãos do dr. Setúbal porque tudo foi pelo melhor. O intestino ficou intacto e tudo o resto foi mais ou menos como previsto, apesar de que a endometriose da minha esposa era bem complicada.

Foi uma emoção e um sentimento de gratidão enorme quando recebi a notícia de que estava tudo bem. Eu não podia esperar pra vê-la. Corri no quarto e fiquei olhando. Meu amor estava bem, apenas grogue da anestesia. As semanas seguintes foram de acompanhamento, ficando do lado dela, apoiando... não muito diferente de antes, apenas que a cirurgia já tinha acontecido. Mas agora novas metas nos esperavam. O acompanhamento do médico, exames de rotina, esperando...

Mas as coisas estavam chegando, o que a gente tinha pedido tanta vez pro alto estava acontecendo. Os meses passaram e virou o ano. Eu estava arrasado de cansaço porque não parei de trabalhar exceto para a cirurgia dela. Minhas férias tinham sido todas canalizadas para estar do lado dela. Como resultado, neste ano, eu tive de parar antes que ela pudesse ter férias porque não estava aguentando mais. E acabou sobrando apenas 4 dias úteis em comum, que jogando com os fins de semana e um feriado nos permitiu umas pequenas férias juntos. Nesses poucos dias, a gente fugiu do mundo e foi simplesmente namorar. Aproveitar para estar junto, longe de tudo, até da família. Poucos dias para recuperar o possível em 2 anos. Que coisa boa ficar lá na praia fluvial, tomando banho de sol no meio da natureza.
Teve até festinha nas terras em volta. No verão toda a terra aqui tem um dia de festa, pra quem gosta de farra é só ir pulando de uma pra outra e não pára nunca mais.

Gente simples do campo, cidades pequenas, vilas, aldeias... gente de mão calejada pelo trabalho no campo, couro endurecido pelo sol, olho brilhante de esperança e coração mole. Foram dias bons que a gente espera repetir em breve.

Por conta de uma conversa com os amigos brasileiros referidos no início, eu perguntei pra minha esposa se ela já tinha aceitado a doença e o rumo que as nossas vidas tinham tomado. Antes ela sempre se mostrava revoltada por conta da endo, mas dessa vez, ela falou que sim, e como eu sempre tinha falado, ela estava se sentindo bem melhor. A aceitação é muito necessária para a gente conseguir superar os obstáculos. E no caso da endo isso até pode ser mais verdade do que nas outras situações. Apenas aceitando que a doença existe, que fomos tocados por ela, que ninguém tem culpa e nem é nenhum castigo, simplesmente aconteceu... só assim a gente atinge alguma paz de espírito. Eu rezo pra que o casal a quem dedico esse texto possa aceitar rapidamente, pois Deus sabe o quanto eles precisam dessa paz.

Aceitar não é baixar os braços, não é resignação. Vocês podem e devem continuar lutando, mas sem raiva, sem negatividade. Essas são duas pedras bem pesadas que vocês carregam nas costas enquanto tentam nadar. Se livrem delas e continuem nadando, vão acabar chegando na margem mais facilmente.

E falar dessas férias que passei não é para botar inveja em ninguém não. É pra mostrar para todos os que possam ler, que a esperança existe, que é possível ultrapassar as dificuldades. Não deixem de acreditar nisso, que o amanhã será diferente do hoje, por mais penoso que o caminho seja, o verdadeiro amor supera tudo.

Vou tomar a liberdade de passar aqui um salmo que espero inspire a todos os que sentem a dor do desespero;

“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo: a tua vara e o teu cajado me consolam.” (Salmo 23.4)

Quem está com vocês não abandona, não importa qual crença você tem, não deixe de acreditar. Quem acredita forte acaba fazendo coisas que ninguém espera, superando obstáculos aparentemente impossíveis. E isso tem sido verdade comigo. Minha mãe me falou que estava surpresa comigo, pois achava que me conhecia bem e nunca esperaria que eu enfrentasse tamanha batalha de peito aberto e resistindo até aqui. É bom a gente escutar essas coisas da nossa mãe, como também é bom exceder as expectativas dos outros.


Eu espero ter feito sentido em toda essa viagem pelas memórias recentes, mas eu acho que a mensagem passa. Para quem tem companheiro, vivam vosso amor. Para quem não tem, não deixem de lutar apenas porque acham que não vai surgir ninguém. Para todos, todos mesmo, não deixem de acreditar. Os sonhos estão lá na frente, irão ser concretizados, mas para tal, vocês precisam continuar em frente. Aquele abraço, Alexandre."

Um comentário:

  1. Estamos andando nesse túnel desde quando minha esposa começou o tratamento de fisioterapia e aguardando a cirurgia em São Paulo.
    Sou Paulo endomarido de Nedidiane Bulcão, moramos na Bahia, mas desde 26 de junho deste ano, ela foi sozinha para São Paulo, morando na casa de sua tia, para realizar a cirurgia, com muita esperança. No entanto o SUS, como sempre, continua nos dando SUStos, os médicos anestesistas estavam em greve e atrasaram todas as cirurgias. A cirurgia de minha esposa estava marcada para outubro, mas agora, foi para 2014.
    Diante disso, estou em processo de mudança para São Paulo, com muita fé em Deus, perseverança, persistência e luta caminhamos com Deus por esse túnel com a certeza da vitória.

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