terça-feira, 16 de dezembro de 2014

"SAÚDE E BEM-ESTAR": A SEXUALIDADE DE UMA ENDOMULHER!!



imagem cedida por Free Digital Photos

No texto a seguir, a psicóloga Ana Rosa Detilio Mônaco aborda uma questão muito delicada, especial e muito importante para todas endomulheres: nossa sexualidade. A endometriose é uma doença muito complicada especialmente por afetar a mulher num todo e cada uma de uma forma única. O texto a seguir é muito importante não só para as mulheres com endometriose, mas, principalmente, para os companheiros. A perda da sexualidade e, consequentemente, da libido traz sérios danos às portadoras. Muitas, infelizmente, são abandonadas por seus companheiros. Mas tantas outras não, têm a compreensão, o carinho e o cuidado do parceiro. Por ter vivido isso na pele, acho que a compreensão e o entendimento do parceiro sobre o assunto e o estado de saúde de sua companheira são fundamentais para não pirar a nossa cabeça e, assim, procurarmos tratamento adequado. Atenção mulheres! Leia o texto com muita atenção e mostre ao seu companheiro. Mesmo com a dispareunia, não podemos perder nossa autoestima e, principalmente, nossa sexualidade. O A Endometriose e Eu quebrou paradigmas e também tabus ao falar abertamente sobre as várias facetas da endometriose. E dentre esses tabus podemos falar que o blog foi o primeiro a não só descrever, mas a de falar abertamente sobre a dor da dispareunia - dor durante e após a relação sexual ( artigo 1, artigo 2artigo 3, artigo 4, artigo 5, artigo 6), dentre muitos outros. Beijo carinhoso!! Caroline Salazar

A sexualidade de uma endomulher

Por Ana Rosa Detilio Mônaco

Falar em sexualidade não é uma tarefa fácil num país machista como o Brasil, em especial, quando abordamos a da mulher. E quando falamos na da mulher com endometriose, então... A sexualidade da mulher com endometriose se apresenta de forma especial e merece muita atenção, tanto das pessoas as quais ela convive e, principalmente, do parceiro, como também da comunidade médica. As endomulheres, muitas vezes, têm sua sexualidade comprometida, já que a doença é muito complexa e atinge a mulher de forma abrangente e pode trazer sérios prejuízos à sua vida conjugal.

A sexualidade é um conjunto das condições anatômicas, fisiológicas e psicológicas que caracterizam cada sexo, seja masculino ou feminino. O termo também se refere ao apetite sexual e ao conjunto de fenômenos emocionais e comportamentais relacionados com o sexo. Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), a sexualidade abarca tanto as relações sexuais (o coito), como o erotismo, a intimidade e o prazer. A sexualidade é experimentada e expressada através de pensamentos, de ações, de desejos e de fantasias.

Para muitas mulheres, a sexualidade também é expressada pela possibilidade de gerar uma nova vida, o que também pode ser ameaçada pela endometriose e apresentar para mulher a realidade de não poder engravidar ou ainda de necessitar de técnicas de reprodução assistida para alcançar seu objetivo. Afinal temos como referência que as mulheres devem engravidar por meio do ato sexual, e ter que necessitar da medicina para realizar esse feito pode levar o casal ou um dos membros do par, a desvalorizar o ato sexual, já que não necessitariam deste para engravidar, comprometendo assim todo o contexto da relação sexual.

Frente às características da doença que pode causar dores pélvicas de vários níveis e algumas vezes constantes, onde graus mais avançados da patologia interferem de forma significativa na vida da mulher, a paciente em menor ou maior grau pode desenvolver dificuldades na esfera sexual podendo, portanto, comprometer seus relacionamentos e paralelamente sua autoestima.

A endometriose apresenta a possibilidade de progressão do quadro e o risco de aderências entre os órgãos o que pode deixar a pelve muito sensível e dolorida, impedindo as sensações positivas que o ato sexual proporciona e, muitas vezes, gerando dores insuportáveis fazendo com que a mulher passe a evitar a proximidade com o parceiro, se isolando em sua dor. Outro fator que se dirige ao tema é o nível de informação dos parceiros frentes aos possíveis sintomas relacionados à doença. Os companheiros devem ser informados e conscientizados de tal realidade, para que o casal busque através da criatividade e da intimidade, formas de se relacionarem sexualmente que sejam satisfatória para ambos, o que se torna muito possível se o casal se propuser a não deixar de investir na relação, fazendo com que se mantenham unidos. O carinho, a compreensão e o companheirismo de ambos, em especial, do parceiro são essenciais para manter a chama acesa nos momentos mais delicados.  

Dependendo do grau da doença, as dores durante a relação sexual, principalmente, no momento da penetração (dispareunia) se tornam uma realidade que pode fazer com que a mulher perca o desejo sexual evitando assim contatos íntimos com seu parceiro, possibilitando a queda na autoestima e a autodesvalorização frente sua feminilidade. Muitas mulheres sentem dores também após o ato sexual e muitas podem permanecer com essas dores alguns dias após a relação. Outras por conta do tratamento poderão perder sua libido e, com isso, tem seu desejo sexual reduzido ou quase a zero mesmo.

A endometriose é uma doença que mexe muito com o corpo e com a cabeça da mulher. Por isso reforço que a compreensão do parceiro é muito importante neste processo. Pois é por ele que a mulher espera e deve ser desejada e, é claro, que ela não poderá desistir de sua feminilidade. Inventar novas posições e encontrar novas formas de buscar prazer na hora do sexo, é um caminho para o casal se adaptar frente às possíveis dores que a mulher poderá manifestar durante e após as relações sexuais.

A criatividade pode ser um bom caminho para resgatar o prazer na relação, pois é construído pela intimidade que o casal apresenta e o conhecimento da própria sexualidade de cada um. Alimentar a intimidade pode ser uma boa saída para retomar a relação do casal. Investir na aparência também pode fazer a diferença, tanto para a mulher se sentir mais atraente, quanto para o parceiro que a verá mais atraente, sedutora e desejável. Portanto reinventar a sexualidade supera o ato sexual (coito) e percorre o caminho do amor próprio, da feminilidade e do poder de sedução que toda mulher possui como algo natural. Cada mulher tem seu poder de atração único, e é preciso resgatar isso também para que a relação a dois se torne muito mais que apenas sexo, mas sim, um ato de amor e cumplicidade. Até o próximo! Beijo carinhoso!!

Sobre Ana Rosa Detilio Mônaco:


Há 17 anos atuando na área cínica, a doutora Ana Rosa foi residente e atuou como psicóloga hospitalar no Centro de Referência da Mulher no Hospital Pérola Byington, em São Paulo. É especialista em saúde, em psicoterapia breve e atua também em reprodução assistida. É professora convidada do Instituo Gerar e atende em seu consultório em São Paulo.  

4 comentários:

  1. Tenho muito sangramento durante o ato sexual e depois ele diminui mas continua normalmente e percebo sempre que vou urinar. Isso é normal em mulheres com Endometriose??

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    1. Olá, Anônima! Vou colocar sua dúvida na coluna do doutor Hélio Sato. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

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  2. ola Caroline, Meu nome e Fernanda. eu tenho 27 anos fiz a laparoscopia a 20 dias atras, estava de repouso ate hj. sinto uma dorzinha no pe da barriga, qnd fico sentada ou em pe por muito tempo, eu tinha 4 endometrioses em lugares diferentes, bexiga, vagina, reto, intestino. Recuperei bem, usei dreno por uma semana, sonda 10 dias, e duplo J por 15 dias. O meu medico disse q repouso sexual e 30 dias, mais ainda receiosa pois mexeu muito, e tenho essas dores. Qnd vc fez vc ficou qnts dias de repouso sexual? obg!

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  3. Não é nada fácil mesmo! Eu também tenho dores pélvicas, as vezes duram dias!! Lamentável

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