quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

FALTAM 60 DIAS PARA A "ENDOMARCHA"! VAMOS LUTAR PELOS NOSSOS DIREITOS? INSCREVA-SE E VENHA MARCHAR CONOSCO!

Faixa do Time Brasil + logo EndoMarcha

Faltam dois meses, isso mesmo, 60 dias para a 2ª edição da EndoMarcha, a Marcha Mundial pela Conscientização da EndometrioseNo próximo dia 28 de março, no último sábado do mês, mais de 60 países sairão às ruas para conscientizar a população sobre esta terrível doença que acomete cerca de 200 milhões de meninas e mulheres no mundo todo, mais de 7 milhões apenas no Brasil. Você já fez sua inscrição? Se sim, basta apenas uma única vez. Agora se você ainda não fez, faça-a gratuitamente aqui. Esta é mais uma oportunidade para unirmos força numa só voz para exigir que nossos direitos comecem a valer. Sim, "A saúde é direito de todos e dever do Estado". Como está escrito numa das faixas-protestos que usamos na 1ª edição de 2014, e que iremos usá-la novamente na 2ª edição da EndoMarcha - Time Brasil, todo cidadão brasileiro tem direito gratuitamente à saúde, mas cadê os nossos direitos? Independente de você ser portadora, ser mulher, seja um cidadão do bem e venha marchar conosco para salvar vidas femininas que sofrem caladas. 


Uma das 7 faixas que iremos usar 2ª edição da EndoMarcha - Time Brasil
Até o momento, a marcha será realizada na cidade de São Paulo, em Porto Alegre (RS), em Campo Grande (MS), e em Vitória (ES). Para repassar todos os voluntários às coordenadoras estaduais, para que elas informem sobre o evento (como horário, ponto de encontro e o trajeto) em suas respectivas cidades, precisamos que todos os interessados em participar se cadastrem em nossa planilha. Em São Paulo entregaremos kit's do Time Brasil aos participantes. Por isso a inscrição é imprescindível. Atenção: basta preencher uma única vez o formulário. Criamos uma fanpage exclusiva da EndoMarcha - Time Brasil. Curta e compartilhe entre seus amigos. 

Logo oficial da Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose - Time Brasil

Graças a 1ª edição da EndoMarcha realizada em 2014, a cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, conseguiu um feito inédito no país: aprovar a primeira lei de endometriose do Brasil. A lei, aprovada em 20 de novembro de 2013, foi sancionada pelo prefeito no último dia 5 de janeiro. Campo Grande saiu na frente e terá já neste ano, na semana do dia 13 de março, a 1ª "Semana Municipal de Educação Preventiva e de Enfrentamento à Endometriose" do Brasil. E você, quer que seu Estado também tenha a mesma lei? Então, junte-se a nós e venha marchar com o Time Brasil na 2ª edição da Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose, que será realizada no dia 28 de março, último sábado do mês de março. Venha lutar pelos seus direitos, junte-se a nós e venha "EndoMarchar" conosco! Beijo carinhoso!! Sua capitã, Caroline Salazar 

OBS: Aos interessados em patrocinar a Marcha Brasileira entre em contato comigo pelo email: endomarch.brazil@gmail.com 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

"GESTAÇÃO DO CORAÇÃO": COMO FOI NOSSA ENTREVISTA COM A PSICÓLOGA E COM A ASSISTENTE SOCIAL!

Imagem cedida por Free Digital Photos

Após o sucesso do texto de estreia da coluna "Gestação do Coração", nossa querida Ane conta mais um passo que ela e seu esposo deram, aliás, dois: a entrevista com a psicóloga e com a assistente social. O protocolo de adoção no Brasil é rígido e tudo é averiguado, desde o local e como vive o casal, sua condição financeira, psicológicas, dentre muitas outras. Aos poucos Ane vai nos trazer esse novo mundo, com novas informações e estritamente importantes para quem pensa em gerar seu filho no coração e até mesmo estimular quem já pensou no assunto, mas que depois virou tabu, e até mesmo colocar em discussão a adoção que eles desejam: a tardia, algo mais raro hoje em dia quando pensamos em adoção. Só posso agradecer Ane por cada artigo, pois eu sou uma das que está aprendendo muito com seus textos. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

Por Ane Bulcão 

Após a correria do fim do ano, estou de volta para continuar minha contando nossa saga em busca do meu tão sonhado filho que estou gerando em meu coração. Primeiro desejo a todas(os) um excelente 2015, que ricas bênçãos do Senhor esteja sobre a vida de cada um de nós, que o tão sonhado positivo se concretize na vida de muitas endoguerreiras, se assim for a vontade de Deus, e também que muitas possam realizar o sonho da maternidade por meio da adoção.

No artigo de hoje, vou contar como foi a visita da assistente social e da psicóloga, que aconteceu no dia 29 de setembro de 2014. Nossa, vocês nem podem imaginar como eu e Paulo ficamos eufóricos. Afinal de contas, a gente tinha colocado os papeis no fórum no final de agosto e, não esperávamos que, um mês após dar a entrada, já teríamos a entrevista, mas eu não me canso de dizer que Deus é lindo!

 Eu lembro que quando recebi a ligação sendo informada de que no mesmo dia teríamos a visita da assistente social aqui em casa e a entrevista com psicóloga no fórum, fiquei imensamente grata ao Senhor. Amigos nossos que já adotaram nos disseram que entre colocar os papeis e serem chamados para o primeiro contato demorou quase um ano. Estou falando isso para mostrar a vocês que as coisas acontecem em nossa vida no tempo de Deus, cada um de nós precisa passar por um determinado processo, que é único e intransferível, mas podem ter certeza que cada fase é muito importante para nos prepararmos devidamente para chegada do filho(a) tão sonhado(a) e esperado(a).

Confesso a vocês que na véspera da visita mal consegui dormir (risos). Me virei de um lado para o outro a noite toda, mas enfim estava pronta para este primeiro contato. Caprichamos na arrumação da casa como a gente costuma fazer quando vamos receber uma visita não é verdade meninas? Essa era uma das visitas mais importantes de nossas vidas. A assistente social chegou cedo e logo começou a anamnese, fazendo questão de me deixar à vontade conduzindo todo processo com serenidade. Foi um bate-papo gostoso e bem descontraído, onde ela nos perguntou várias coisas, como por exemplo: por que queremos adotar uma criança, como é a nossa rotina, qual nossa profissão, qual nossa renda mensal entre outras coisas. Essas perguntas são muito importantes e devo dizer que ninguém precisa se sentir invadido com tantas perguntas. Elas fazem parte do protocolo como uma medida de prevenção e cuidado para com as crianças que possivelmente serão adotadas pelos candidatos.

No decorrer da conversa fizemos questão de deixar claro que a opção pela adoção não era apenas porque não podíamos ter filhos, mas que já era um desejo do nosso coração e uma decisão consciente. Falamos que queremos fazer adoção atípica, fora dos padrões convencionais. Com isso, ela se mostrou profundamente entusiasmada com nosso relato, nos parabenizou e comentou que desde que havia chegado a essa comarca nunca tinha atendido um casal com convicções tão firmes e esclarecidas como a gente estava demonstrando ter. Disse também que estava profundamente emocionada com a nossa história. Ao ouvirmos isso nosso coração se aqueceu e se acalmou, e pudemos sentir que as coisas estavam fluindo naturalmente e, assim, conseguimos nos desprender daquela ansiedade própria de quem está sendo avaliado. Por fim a assistente social já finalizando a visita fez uma breve inspeção em nossa humilde casinha e se despediu nos desejando “boa sorte”.

Já no período da tarde, a segunda etapa era no fórum: a entrevista com a psicóloga. Ao chegarmos lá devo dizer que essa entrevista foi um pouco mais tensa que a primeira. Afinal vocês sabem bem que nesse momento cada palavra ou gesto nosso estava sendo muito bem analisado por ela. Por isso tentamos ao máximo demonstrar naturalidade. Foram feitas as mesmas perguntas da assistente social, porém acrescida de muitas outras, como por exemplo: ela afunilou bastante a questão da adoção tardia, querendo saber se estávamos com essa opção por sentir “peninha” dessas crianças. Tranquilamente respondemos com convicção nossas razões e motivações que nos levaram a essa opção: que é permitirmo-nos nos deixar amar e ser amados por essas pequeninas vidas que também têm direito de ter um lar. Depois ela fez um questionário com inúmeras perguntas a fim de traçarmos o perfil detalhado da criança que queremos adotar, com perguntas do tipo: qual a cor da criança, se aceita adotar criança deficiente, com doenças crônicas, ou doenças tratáveis, soro positivo para AIDS, se aceita adotar irmãos... E muitas outras perguntas que pareciam infindáveis.

De todo processo até agora, essa foi a parte mais chata, pois em um dado momento parecia que eu estava em um supermercado olhando nas prateleiras “qual tipo de criança” levar. Mas a psicóloga nos explicou que esse procedimento é extremamente importante não só para proteger a criança, como também para ajudar muitos candidatos a adoção, que muitas vezes chegam lá com uma visão bastante romântica ou até mesmo equivocada sobre a adoção. Graças a Deus a psicóloga também ficou encantada com nossa escolha, nos parabenizou e nos orientou a participarmos de um grupo de apoio a adoção. Ela disse que pela forma como expomos nossas convicções e como nos portamos durante toda entrevista, nós iríamos contribuir e ajudar a desmistificar muitos tabus sobre a adoção nesse grupo.


A gente se despediu, fomos para casa esperançosos e satisfeitos por ver o processo caminhando direitinho. Ficamos muito felizes por tudo e imensamente gratos ao Senhor por sempre cuidar de nós. Agradeço muito por compartilhar com vocês cada passo desta minha “gestação do coração”. Obrigada pelo carinho do primeiro texto. Um dos motivos que aceitei escrever a coluna quando recebi o convite da Caroline, foi justamente o que disse a psicóloga: desmistificar e tirar os tabus sobre a adoção. No próximo texto falarei como foi o encontro com o grupo de apoio a adoção que aconteceu no fórum em dezembro do ano passado. Um beijo carinhoso e até o próximo artigo.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

"COM A PALAVRA, O ESPECIALISTA" DOUTOR HÉLIO SATO!!

Na primeira "Com a Palavra, o Especialista" de 2015, o doutor Hélio Sato responde dúvidas de duas leitoras sobre infertilidade. A primeira é de extrema importância, pois aborda os exames que o casal precisa fazer quando decidem engravidar. É válido lembrar que o tempo de "engravidar" para a mulher com até 35 anos é de um ano, acima desta faixa etária, a gravidez deverá ocorrer em até seis meses, caso contrário é aconselhável que o casal procure ajuda médica para averiguar porque ainda não engravidou. Outro lembrete é quanto a reserva ovariana da mulher. Diferentemente do homem, a mulher já nasce com seu estoque de óvulos de toda sua vida reprodutiva. A partir dos 32 anos, há uma queda nesse estoque, que se acentua e cai cerca de 50% aos 35 anos. Hoje em dia, aquelas mulheres que desejam ter filhos mais tarde, em especial, após os 35, muitas delas decidem congelar os óvulos para preservar sua fertilidade. Saiba mais sobre o congelamento de óvulos. A segunda questão é sobre a fertilização in vitro e a inseminação artificial. Leia mais informações sobre uma técnica e outra aqui.  

Quando decidi engravidar fui ao consultório do doutor Hélio para saber como estava minha fertilidade e, logo no exame para verificar minha ovulação, descobri que estava com baixa reserva ovariana. Eu pensei que faria apenas esse e alguns exames de sangue, mas foram alguns meses averiguando como estava meu corpo e minha função reprodutiva. Dentre eles, fiz um que analisou todos os meus genes chamado cariótipo (esse demora uns 40 dias para ficar pronto), mas acho que o fundamental para a implantação da minha Bárbara foi a biópsia do endométrio, onde descobri uma endometrite (inflamação no endométrio), que foi prontamente tratada com três semanas de antibiótico forte. A endometrite dificulta e muito a implantação do embrião.  Leia sobre minha história (parte 1 e parte 2). Beijo carinhoso! Caroline Salazar

- Quais os exames necessários a serem feitos tanto na mulher quanto no homem quando o casal está tentando engravidar e não consegue? Há diferenças nos exames quando o casal tenta engravidar naturalmente ou por reprodução assistida? Lilian S. - São Paulo - SP

Doutor Hélio Sato: Para o homem é mais simples basta o espermograma, de preferência duas amostras com intervalo mínimo de uma semana e com três dias de abstinência. E, se a contagem for manual, ela ainda é mais precisa. Caso os espermogramas estejam normais, não há necessidade de complementação de investigação.

Já a mulher demanda no mínimo alguns exames de sangue, a histerossalpingografia ou a laparoscopia com cromotubagem para avaliação das tubas. E, se estes exames estiverem normais complementa-se a investigação com testes de ovulação, investigação de endometriose, investigação genética, e outros dependendo da suspeita clínica de cada paciente. Destaca-se que a avaliação da reserva ovariana por meio de contagem de folículos antrais ou a dosagem de hormônio antimulleriano deve ser feito em mulheres com suspeita de baixa reserva a fim de ponderar a necessidade de acelerar o tratamento para a gravidez.

- Se a qualidade do esperma for muito aquém das referências de normalidade ou se as tubas estiverem obstruídas ou se houver urgência de gravidez, frequentemente, a fertilização in vitro é considerada a primeira opção. Porém, esta decisão não permeia apenas os parâmetros técnicos e devem contemplar o desejo do casal, a liberdade financeira, os conceitos religiosos, a aceitação do insucesso e muitos outros. Portanto, a consulta em situações de infertilidade deve ponderar todos os detalhes para que se possa concluir com a opção mais adequada em todos os âmbitos.

Em caso de FIV e TE (transferência de embriões), anteriormente, ao início do tratamento sugere-se que sejam feitos alguns exames e a rotina varia de clínica para clínica, porém, os mais frequentes são:

·        Histeroscopia diagnóstica;
·        Biópsia endometrial;
·        Testes de infecções como HIV, hepatite B e C, HTLVA I e II e sífilis.

- Sou portadora de endometriose e também tenho adenomiose. Vou fazer 40 anos e, infelizmente, não consegui engravidar naturalmente. Já tentei uma inseminação, sem sucesso. O espermograma do meu marido não deu 100%. Os meus exames estão todos ok. Mas, por conta da minha idade e do resultado do meu marido, seria mais indicado tentar de novo a IA ou partir direto para a FIV? Anônima – São Paulo

Doutor Hélio Sato:  O método depende muito da obstrução e ou desobstrução das trompas. Se as trompas estão obstruídas a indicação é a FIV. Pois, o encontro do espermatozoide e do óvulo ocorre na trompa e a obstrução impede o encontro dos gametas. A inseminação consiste na injeção de espermatozoides preparados e selecionados dentro do útero e, deste modo, os espermatozoides precisam percorrer a trompa para alcançar o óvulo. Novamente reitero que a obstrução tubária limita a fecundação.

A inseminação é uma alternativa indicada principalmente quando há um fator masculino leve. Portanto, se for um fator mais relevante, habitualmente, a indicação é a FIV e TE. Mas, outros parâmetros devem ser avaliados, dentre eles, cabe destacar: a ansiedade do casal, a condição econômica, a reserva ovariana, doenças associadas, etc...


Por este motivo, o médico que está acompanhando está normalmente mais subsidiado em termos de informações e terá melhor opinião da situação. Boa sorte!!

Sobre o doutor Hélio Sato:


Ginecologista e obstetra, Hélio Sato é especializado e endometriose, em laparoscopia e em reprodução humana. Tem graduação em Medicina, Residência Médica, Preceptoria, Mestrado e Doutorado em Ginecologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e foi corresponsável do Setor de Algia Pélvica e Endometriose da mesma instituição. 

Hélio Sato tem certificado em Laparoscopia pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e de Obstetrícia. É membro da AAGL “American Society of Gynecology Laparoscopy” e é coordenador de pesquisas da clínica de reprodução humana GERA e está à frente nas seguintes linhas de pesquisas: endometriose, biologia celular e molecular, cultura celular, polimorfismo gênico e reprodução humana. (Acesse o currículo Lattes do doutor Hélio Sato). 

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

VAMOS LUTAR PELOS NOSSOS DIREITOS? INSCREVA-SE E PARTICIPE DA MARCHA BRASILEIRA NO DIA 28 DE MARÇO!

Logo oficial da Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose - Time Brasil


Graças a 1ª edição da Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose (Milhões de Mulheres Marchando contra a Endometriose) realizada em 2013, a cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, conseguiu um feito inédito no país: aprovar a primeira lei de endometriose do Brasil. A lei, aprovada em 20 de novembro de 2013, foi sancionada pelo prefeito no último dia 5 de janeiro. Campo Grande saiu na frente e terá já neste ano, na semana do dia 13 de março, a 1ª "Semana Municipal de Educação Preventiva e de Enfrentamento à Endometriose" do Brasil. E você, quer que seu Estado também tenha a mesma lei? Então, junte-se a nós e venha marchar com o Time Brasil na 2ª edição da Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose, que será realizada no dia 28 de março, último sábado do mês de março. Mais de 60 países sairão às ruas para espalhar mais conscientização sobre a doença, que atinge cerca de 200 milhões de meninas e mulheres no mundo todo. No Brasil somos mais de 6 milhões de portadoras. 

Até o momento, a marcha será realizada na cidade de São Paulo, em Porto Alegre (RS), em Campo Grande (MS), e em Vitória (ES). Para repassar todos os voluntários às coordenadoras estaduais, para que elas informem sobre o evento (como horário, ponto de encontro e o trajeto) em suas respectivas cidades, precisamos que todos os interessados em participar se cadastrem em nossa planilha. Clique aqui e faça sua inscrição. Em São Paulo entregaremos kit's do Time Brasil aos participantes. Por isso a inscrição é imprescindível. Atenção: basta preencher uma única vez o formulário. Criamos uma fanpage exclusiva da EndoMarcha - Time Brasil. Curta e compartilhe entre seus amigos. 

Em 2013, o Time Brasil inovou ao ir às ruas com faixas-protestos e trio-elétrico (no caso de São Paulo e Brasília) e surpreendeu até os Estados Unidos, que ficaram boquiabertos com o trabalho que fizemos. Saibam que todos que participaram em 2013 fizeram parte do começo de uma história, já que a Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose é o primeiro movimento em massa e inédito idealizado em prol de uma doença no mundo. Vamos fazer desta 2ª edição nossa grande chance de ter mais leis municipais e ou estaduais nas cidades participantes, para que em breve o Brasil passe a ter a lei federal. Porque você, portadora de endometriose, familiares, médicos especialistas, laudistas e amigos de quem sofre com a endometriose pode fazer a diferença para um futuro melhor a todas as endomulheres, em especial, às futuras gerações de portadoras. Não fique parado, inscreva-se e venha marchar conosco. Beijo carinhoso!! Sua capitã, Caroline Salazar 

OBS: Aos interessados em patrocinar a Marcha Brasileira entre em contato pelo email: endomarch.brazil@gmail.com 

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

A HISTÓRIA DA LEITORA MICHELE KAISER, SUA ENDO GRAU III E SUA GRAVIDEZ TRIGEMELAR NATURAL!!

Michele com sua filha, Mônica, e seus trigêmeos Matheus, Murilo e Marcelo
Foto: arquivo pessoal/ Michele Kaiser



A primeira história das leitoras de 2015 é pra lá de inspiradora! Por isso, ao receber o email de Michele, em dezembro, preferi esperar um pouco e contá-la no início do ano, para levar ainda mais fé e esperança às endomulheres. A maioria das mulheres, ao se deparar com o diagnóstico da endometriose, já logo põe na cabeça que não poderão engravidar. Aliás, muitas delas descobrem a doença ao tentar engravidar. Assim como Michele que, após frustadas tentativas de gravidez, foi à sua ginecologista para ver o que estava acontecendo. E bingo: endometriose. Após a cirurgia, outra surpresa: endometriose grau III em vários órgãos, dentre eles, no intestino, na bexiga, no ovário, que estava aderido ao útero. Apesar de a doença ser a maior causa de infertilidade feminina, é possível sim engravidar com endometriose. É preciso lembrar que a gestação não é a cura para a endo. Por isso acho sem sentido a frase: "Venci a endometriose" ao ver uma endomulher grávida. O "vencer" a endometriose, ao meu ver, é para quem está livre dos focos. Acho que o correto seria: "Venci! Consegui engravidar mesmo com endometriose". Lembramos também que a infertilidade independe do grau da doença. 

Infelizmente, se a mulher tiver focos, eles irão continuar lá após a gravidez. Como relatou nossa endomamãe Tatiana em seu último artigo e também nossa querida Hosana Santana. Ela tem endo severa e teve três filhos naturalmente. Leia o texto do cientista americano David Redwine: A gravidez é a cura para a endometriose? Muitas mulheres só descobrem ser portadoras anos depois de terem filhos. Muitas passaram maus bocados em suas gestações por conta da doença, mas ainda não sabiam o que tinham. Eu acho que manter a fé, persistir no objetivo (mesmo após alguns negativos) e manter sempre a esperança e a perseverança com otimismo são fatores determinantes para um futuro positivo. Desistir jamais, quando se tem um sonho! Afinal, somos filhas de um Deus do impossível, e nada é impossível para o nosso Pai. Eu que o diga! Mais que a endometriose, meu grande problema é as malditas aderências (a grande vilã da infertilidade). Porém, ao fazer exames para engravidar descobri que tinha baixa ovulação. No processo de indução descobri que meu ovário esquerdo estava paralisado, ou seja, ele estava dentro de mim, mas sem funcionar. Leia minha 'Bárbara' vitória da maternidade (parte 1 e parte 2). Por isso tenho certeza que o testemunho da Michele é de grande importância para quem acha que não poderá ter filhos por ter endometriose. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

“Meu nome é Michele Faé Velho Kaiser, tenho 32 anos, sou casada com o Maurício Kaiser, de 36, moro em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. Eu e meu marido nos casamos em 2006 e, desde então, combinamos de esperar cinco anos para ter bebê. Na época eu tinha 23 anos e ele, 27, e queríamos curtir nosso casamento antes de termos nossos filhos. Três anos após subirmos ao altar, em 2009, já começamos a tentar. Foi quando descobrimos minha endometriose, aos 27 anos. Estava há quase um ano tentando, sem tomar anticoncepcional, e, apesar de meu ciclo estar normal, tinha menstruação a cada 30 dias, ainda nada. Eu não sentia tantas dores assim, mas meu fluxo era intenso. Por meio de um exame de toque foi possível sentir um nódulo de cerca de 1,5cm; havia líquido no fundo de saco e o CA 125 estava alterado, marcando 66.

Minha ginecologista na época me sugeriu a vídeolaparoscopia para desobstrução das trompas e “faxina” dos focos no organismo. Disse que poderíamos tentar engravidar um mês após a cirurgia. Me submeti à cirurgia em fevereiro de 2010. Durante a cirurgia, ela viu que meu caso era mais grave do que parecia. Aquele “nódulo” era, na verdade, meu ovário esquerdo todo bagunçado, fora do lugar, aderido ao meu útero. Foi necessário fazer uma ooforoplastia (nota da editora: retirada somente do cisto de ovário (no caso da endometriose, o endometrioma de ovário, é uma forma de conservação do órgão). 

Os focos foram retirados onde foi possível, mas devido a quantidade (a médica preferiu não mexer nos focos no intestino) fui orientada a tomar uma injeção de Zoladex, que me deixaria em menopausa induzida por três meses. Segundo minha médica, esse tratamento faria com que os focos que não haviam sido removidos na cirurgia secassem. Passados esses cruéis três meses, reiniciamos as tentativas, sem sucesso. Foi quando a médica me prescreveu indutor de ovulação e acompanhamento do ciclo através de ecografias transvaginais. Descobri, durante esse processo, que, além da endometriose, eu tinha ovulação tardia (lá pelo 22º dia do ciclo) e insuficiência de progesterona (o hormônio presente na segunda fase da ovulação).

Vimos que um óvulo maturou e assim que passaram os dias da ovulação fizemos a “lição de casa”. Comecei a tomar progesterona para segurar uma possível gravidez. Alguns dias depois, fiz teste de farmácia em casa e bingo: estava grávida. Foi uma alegria muito grande!

Minha gravidez transcorreu com algumas intercorrências iniciais. Tive deslocamento de placenta e, por isso, foi me recomendado repouso absoluto. Após as 12 primeiras semanas, fui liberada a fazer o que quisesse. A partir daí minha gestação correu tranquilamente. Dei à luz a Mônica com 38 semanas e 2 dias, em 4 de agosto de 2011, aos 28 anos, um mês antes de meu aniversário.

Como sempre quis ter dois filhos, parei novamente de tomar anticoncepcional em janeiro de 2013, aos 30 anos. Havia demorado muito para engravidar pela primeira vez, mas minha médica dizia que eu estava livre da endometriose. Pelo menos até deixá-la desenvolver-se de novo. Além das 38 semanas de minha primeira gestação, fiquei tomando anticoncepcional contínuo, portanto sem menstruar, durante 1 ano e seis meses, para não facilitar o retorno do problema. Quando resolvi engravidar de novo, queria que acontecesse logo, para não ter vários ciclos menstruais e, assim, evitar que a endometriose começasse a se desenvolver. Por sorte, engravidei no segundo ciclo e a única medicação que tomei foi a progesterona, assim como na primeira gravidez.

Na primeira ecografia, a médica olhou para a tela do computador e disse: “São dois sacos gestacionais”. Meu marido e eu ficamos pasmos. Dois? Mas ainda era muito cedo para ouvir os corações. Ela nos orientou a fazer nova ecografia após 10 dias para confirmar se eram mesmo gêmeos, porque um dos sacos gestacionais era maior do que o outro e, porque, segundo ela, é comum um dos embriões ser reabsorvido pelo organismo no início da gestação. Sendo assim, 10 dias depois fizemos a segunda eco, mas em outro laboratório. Expliquei ao outro médico a situação e, quando o exame iniciou, pudemos ver que os dois sacos ainda estavam ali. Ufa! Porém, ele, examinou tudo muito em silêncio e depois de alguns minutos nos disse: "Bem, temos dois sacos gestacionais, no primeiro está tudo certo, um embrião, o coraçãozinho batendo, a vesícula vitelina. Só que no outro há dois embriões. São trigêmeos!" Sem nenhum tratamento de fertilização ou uso de medicação para induzir a ovulação, eu estava grávida de três meninos, plurivitelinos. Dois idênticos, na mesma bolsa e compartilhando a mesma placenta, e um diferente, em seu próprio saco gestacional.

Minha gravidez trigemelar transcorreu normalmente e consegui levá-la até as 34 semanas! Matheus, Murilo e Marcelo nasceram com 2,070kg; 1,950kg e 1,990kg, respectivamente, no dia 4 de outubro de 2013. Eles ficaram 15 dias no hospital, sendo sete na UTI neonatal e oito em uma salinha para ganharem peso. Hoje eles têm 1 ano e 3 meses, e a Mônica, 3 anos e 5 meses.

Resolvi contar minha história no A Endometriose e Eu, pois sei que a maioria das mulheres quando estão tentando engravidar ficam apavoradas quando são diagnosticadas com endometriose. Mas não podemos nunca perder a fé. Apesar do susto de termos tido trigêmeos, sem ter feito nenhum tratamento, todos os nossos filhos foram muito desejados e são muito amados. Somos uma família completa! Espero que minha história ajude a manter sempre a esperança às endomulheres. Não existe o impossível. Beijo com carinho!! Michele”. 

Para quem quiser conhecer a rotina de Michele com seus quatro filhos, acesse seu blog: Os trigêmeos da Michele

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

ESTUDO REVELA: MULHERES MAGRAS TÊM MAIS CHANCE DE TER ENDOMETRIOSE DO QUE AS OBESAS!!

imagem cedida por Free Digital Photos

Em mais uma tradução exclusiva, o A Endometriose e Eu traz um estudo americano realizado em 2013 a respeito de endometriose x obesidade. A pesquisa fala sobre o índice de massa corporal (IMC) em relação à doença e também à infertilidade. O estudo pode chocar muitas pessoas, mas segundo os pesquisadores, ele é de grande valia aos médicos quando forem diagnosticar uma mulher com endometriose. Ele NÃO sugere que a obesidade mórbida nas mulheres, seja de alguma forma, mais saudável do que um corpo esguio, e que essa razão criará menor risco de endometriose. Porém, ele afirma que a obesidade está diretamente ligada à infertilidade, assim como a Síndrome do Ovário Policístico (SOP).  Beijo carinhoso!! Caroline Salazar

Tradução: Alexandre Vaz  
Edição: Caroline Salazar

Mulheres magras têm maior risco de desenvolver endometriose do que as obesas

Mulheres com um corpo esguio possuem maior risco de desenvolver endometriose do que mulheres com obesidade mórbida, de acordo com o maior estudo de investigação sobre essa correlação.

O estudo publicado na revista online europeia - líder em medicina reprodutiva - a Human Reproduction revela que o risco de endometriose é 39% mais baixo em mulheres com obesidade mórbida (aquelas que possuem índice de massa corporal – IMC - acima de 40), comparado com o índice de 18,5 – 22,4 que se situa em um intervalo de valores entre o baixo e o médio.

Quando os pesquisadores olharam para os IMC's das mulheres do estudo, elas tinham 18 anos. Os cientistas descobriram que as que tinham obesidade mórbida nessa fase de suas vidas tinham um risco 41% menor de desenvolver endometriose do que as que tinham o IMC considerado baixo ou normal. A associação era mais forte no grupo de mulheres consideradas inférteis – aquele que estavam tentando engravidar há mais de um ano. Foi constatado que existia uma taxa de endometriose significativamente inferior (62%) entre as mulheres com obesidade mórbida com as que possuíam um IMC normal ou baixo, enquanto que 77% mais baixo entre as mulheres que aos 18 anos tinham obesidade mórbida, comparativamente às que na mesma idade tinham um IMC considerado normal ou baixo.

Os autores do estudo reforçam que embora estas descobertas estabelecem uma relação entre a endometriose e o IMC, não revela que baixo IMC causa endometriose. “É importante notar que embora as fortes evidências que sublinham a associação entre o peso corporal e a endometriose, as inferências relacionadas com as causas do processo patológico subjacente não podem ser feitas.”

Os mecanismos que podem ser responsáveis pela ligação entre o IMC e o risco de endometriose não são claros, mas os pesquisadores apontam para a possibilidade de o IMC em uma idade menor poder influenciar a saúde mais tarde. Especialmente quando se sabe que pode ter impacto em outras doenças. Como por exemplo, a Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é mais comum em mulheres obesas e o efeito da menstruação e os hormônios podem desempenhar um papel na redução do crescimento das lesões endometriais.

Primeiro autor do estudo, o clínico e professor assistente Divya Shah (MD) dos Hospitais e Clínicas da Universidade do Iowa (EUA) falou: “É necessária mais pesquisa para entender os mecanismos biológicos subjacentes às associações que observamos nos nossos estudos. Manter um IMC saudável ( entre 18,5 - 24,99) durante toda a infância, adolescência e idade adulta está associado com uma miríade de benefícios conhecidos. O estudo não sugere que a obesidade mórbida nas mulheres, seja de alguma forma, mais saudável do que um corpo esguio, e que essa razão criará menor risco de endometriose. É mais provável que esses fatores estejam relacionados com a infertilidade, que é mais comum entre as mais obesas, e estejam ligados ao reduzido risco de endometriose.

“As nossas descobertas que as mulheres magras possuem um maior risco de endometriose é útil para os médicos quando estão fazendo um diagnóstico. Também significa que futuras pesquisas poderão focar-se nestas mulheres para descobrir as causas, por forma a desenvolver tratamentos para a prevenção desta condição.” As descobertas chegam da Nurses Health Study II, que tem rastreado 116.430 enfermeiras nos Estados Unidos desde Setembro de 1989. Os dados foram analisados após 10 anos, mas agora os pesquisadores possuem 20 anos de dados.

Durante os 20 anos de estudos, um total de 5.504 mulheres foram diagnosticadas com endometriose por meio da laparoscopia. Somente as mulheres com o diagnóstico confirmado dessa forma foram incluídas nas análises. As mulheres que integraram o estudo tinham entre 25 e 42 anos de idade. Completaram um questionário sobre o seu histórico médico quando se juntaram ao grupo, incluindo seu peso e sua altura aos 18 anos de idade, e em intervalos de dois anos a partir de então. As informações sobre o peso atual, a altura, e após 1993, circunferências da cintura e do quadril, e qualquer diagnóstico de confirmação de endometriose por laparoscopia foram também incluídos.

O autor sênior do estudo, o professor associado Stacey Missmer, da Harvard Medical School (Boston, EUA) afirmou: “ A análise dos dados recolhidos nos primeiros 10 anos revelaram uma proporção inversa entre a endometriose e o IMC na faixa de 18 anos entre todas as mulheres, e em um subconjunto de mulheres inférteis, uma proporção inversa entre endometriose e IMC. A disponibilidade de mais 10 anos de dados recolhidos pelo Nurses Health Study II permitiu o acompanhamento de mais 2986 casos adicionais de endometriose que foram diagnosticados após os 25 anos, através da maior parte da sua vida reprodutiva. Este estudo confirma que mulheres com baixo IMC, tanto aos 18 anos como em idade mais avançada, correm maior risco de desenvolver endometriose. Essa associação mantem-se com maior incidência em mulheres inférteis, mas existe independentemente do estado de fertilidade.

“Tanto quanto quaisquer dados podem afirmar serem definitivos, acreditamos que esse estudo alargado fornece provas conclusivas a proporcionalidade inversa entre a endometriose e o IMC.”

Estima-se que a endometriose afeta uma em cada 10 mulheres em idade reprodutiva. Como o diagnóstico de endometriose só é confirmado por laparaoscopia, é difícil, senão impossível, determinar o ponto preciso em que esta surge. Um estudo recente levado a cabo em 16 centros de 10 países, mostrou que a idade média em que as mulheres apresentam sintomas de endometriose é 26 anos, levando em conta que a maioria das mulheres tem um atraso de seis a sete anos entre os primeiros sintomas e o diagnóstico definitivo.

Nota do Tradutor: Penso que não vale a pena a traduzir as referencias biográficas. O assunto é tão complexo que quem quiser aprofundar mais não terá outro remédio senão aprender inglês e ter um bom nível de domínio da língua. A tradução como está serve para dar uma ideia geral para o público.

Fonte: Medicalxpress


sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

"A VIDA DE UM ENDOMARIDO": DE PÉ NOVAMENTE APÓS AS PROVAÇÕES DA VIDA!!

Fonte E!Online


Até que ponto você resiste às provações da vida? No primeiro artigo de nosso endomarido, Alexandre, ele traz outro vídeo motivacional que vai levar esperança e muita fé às endomulheres. Quantas vezes você já se perguntou: "Por que comigo?", "Por que estou passando por isso?", "O que eu fiz para merecer isso?", dentre outros questionamentos. Gosto muito dos exemplos motivacionais do Alexandre, pois por meio de histórias de superação de outras pessoas podemos dar um pontapé em nossa própria. A superação de Amy  Purdy é sensacional e fará muitas portadoras refletirem (leia também a história de superação do australiano Nick Vujicic e a de Dick Hoyt e seu filho, Rick). Precisamos de inspirações para seguir adiante mesmo diante das provações que nosso grande Pai nos dá. E o texto de hoje, com certeza, será de grande inspiração a todos que estejam passando por provas. Conheça Amy Purdy e surpreenda-se com sua força e determinação. Afinal, precisamos sempre seguir em frente, não dá para parar no meio do caminho. Beijo carinhoso! Caroline Salazar


Por Alexandre Vaz
Edição: Caroline Salazar

De pé novamente após as provações da vida

Faz bastante tempo que não escrevo um artigo com vídeo motivacional. Quero começar 2015 mostrando às portadoras de endo, seus companheiros e familiares que nada que acontece na vida é por acaso. Tudo tem um propósito. Por isso, espero que este novo ano que se inicia seja de mais fé, mais esperança e perseverança a todos que acompanham o A Endometriose e Eu. A vida não é fácil para ninguém, mas precisamos seguir em frente sempre motivados para que o nosso amanhã seja muito melhor que o hoje. 

Nenhum dos artigos com vídeos motivacionais anteriores que falei sobre motivação foi sobre endometriose, e esse aí também não é. Minha intenção com esses vídeos motivacionais é mostrar que muitas pessoas têm suas provações, independente de ter doença ou não, mas quem tem fé sempre alcançará seus objetivos. Esse texto é sobre uma jovem, que vocês verão, enfrentou uma situação muito complicada e que faria com que muitos desistissem. No vídeo, vocês irão ver uma jovem bonita, vibrante, alguém que vive com limitações, mas que batalhou muito para encontrar as soluções que precisava, que as pessoas não reparam que tem algo de diferente nela. Porque viver não é acerca do que perdemos, mas do que conservamos.

Mais adiante no vídeo irão ver a Amy 
 Purdy falando que mesmo com tudo o que passou, se tivesse de escolher entre seu “antes” e “depois”, ela não voltaria atrás, e a explicação dela faz todo o sentido. Foi por conta das provações que enfrentou que ela descobriu o seu potencial e como concretizá-lo. Amy acaba de publicar um livro contando a sua história, desenvolveu próteses mais evoluídas em funcionalidade e estética do que as que existiam. Ela é bi-campeã da Copa do Mundo de snowboard adaptado, criou uma organização sem fins lucrativos para jovens com deficiência física poderem praticar esportes radicais, participou em ações humanitárias, é atriz, empresária... tudo isso após ter perdido ambas as pernas do joelho para baixo como consequência de uma doença que poderia ter sido evitada com uma simples vacina.

A vida da Amy poderia ter acabado, mas ela preferiu se reerguer ao invés de se lamentar. O senso de humor patente nas suas palavras foi sem dúvida muito importante para enfrentar o seu desafio.

Vocês vão ver ainda um jeito de menina nela, apesar de ser uma mulher feita. Nasceu em 1979 em Las Vegas, Nevada, nos Estados Unidos. A deficiência dela não atrapalha sua sensualidade. Ela continua sendo feminina, uma mulher independente que buscou o jeito de lutar contra as limitações que recebeu. A Amy não olha os acontecimentos como tendo perdido as pernas, ela vê a sua situação com tendo recebido uma nova chance de continuar viva, ainda que as pernas com que nasceu não tenham feito parte dessa nova chance de viver.

Voltando a história de Amy às portadoras, sei que muitas, se não a maioria, passam por provações primeiro para depois terem uma nova chance de vida. Algumas histórias contadas no blog, em especial, a da própria Caroline, que fez de seu sofrimento um motivo para ajudar ao próximo, inspirações para outras continuarem sua caminhada. Por vezes, as pessoas se revelam como os diamantes, é necessário polir um pouco em volta, remover o excesso para revelar a beleza que está escondida lá dentro.

É o que nos diz essa frase de Miguel Ângelo: “Cada pedra possui uma estátua lá dentro, é a tarefa do escultor encontrá-la”. Por vezes não é fácil nos conformarmos com os desígnios de nosso grande Mestre, mas para tudo existe um propósito. A Amy foi liberta da pedra pelo grande escultor.

O vídeo está legendado em vários idiomas. Para ler em português, logo abaixo do vídeo clique em "Mais" e em "Transcrição" e selecione o idioma desejado e conheça Amy Purdy.



domingo, 4 de janeiro de 2015

O VERDADEIRO SIGNIFICADO DO ENDOMETRIOMA DE OVÁRIO!

No primeiro texto de 2015, o doutor Alysson Zanatta, especialista em endometriose da Clínica Pelvi, de Brasília, explica tudo a respeito do endometrioma a pedido da leitora Luciane Gonçalves, do Rio de Janeiro. O que realmente significa endometrioma de ovário? Ele poderá se transformar em câncer ovariano no futuro? Para quem tem endometrioma e quer engravidar, é aconselhável congelar os óvulos antes da cirurgia? O endometrioma poderá causar a perda da reserva ovariana da mulher? Ele é o causador de dor crônica pélvica? Qual a relação entre endometrioma e endometriose profunda? Um texto espetacular que vai sanar todas as suas dúvidas sobre este tipo de endometriose. E que venha 2015, um ano muito especial! Beijo carinhoso!! Caroline Salazar


Por doutor Alysson Zanatta 
Edição Caroline Salazar

O Verdadeiro Significado do Endometrioma de Ovário

O endometrioma de ovário é um cisto de conteúdo líquido, tipicamente “achocolatado” (Figuras 1 a 3), presente em cerca de 20% das mulheres com endometriose (1). Chama-se endometrioma porque em sua pseudocápsula são encontradas quantidades variáveis de glândulas e estroma endometrial, que se parecem com o endométrio (a camada interna do útero), porém com grandes diferenças. Os endometriomas ovarianos são facilmente diagnosticados por meio da ultrassonografia transvaginal, e, por esse motivo, muitas mulheres recebem o diagnóstico inicial de endometriose após a detecção do endometrioma à ultrassonografia, algumas vezes de forma incidental.


Figura 1 - Endometriose profunda com associação de endometrioma em ovário esquerdo. O ovário com endometrioma encontra-se quase que invariavelmente aderido à lesão de endometriose profunda, neste caso nos ligamentos largo e útero-sacro esquerdo (seta). Linhas pontilhadas demonstram duas lesões de endometriose profunda, sendo (a) aderida ao endometrioma e (b) como falha peritoneal (lesão de Allen Master) no fundo de saco de Douglas, a qual é a “ponta do iceberg” de uma lesão profunda.


Figura 2 – líquido achocolatado típico contido no endometrioma ovariano
Figura 3 –retirada da pseudocápsula do endometrioma ovariano com preservação ovário

Endometrioma ovariano significa endometriose profunda e doença avançada

E qual o significado da presença de um endometrioma em uma mulher que tenha endometriose? Seu principal e mais importante significado é que o endometrioma está associado à presença de ao menos uma lesão de endometriose profunda em 99% dos casos (1). Ou seja, um laudo de ultrassonografia (ou ressonância magnética) que mencione apenas o endometrioma ovariano tem 99% de chances de estar incorreto. Em minha experiência pessoal, ao longo de 10 anos tratando mulheres com endometriose, jamais tive a oportunidade de observar durante as cirurgias qualquer paciente que tivesse um endometrioma isolado sem outras lesões de endometriose profunda. O endometrioma ovariano surgirá apenas após o aparecimento de outras lesões na pelve, especificamente as lesões profundas. Portanto, o endometrioma ovariano é um marcador fidedigno da presença de endometriose profunda.

Além de ser um marcador de endometriose profunda, a presença do endometrioma sinaliza a existência de endometriose mais extensa e mais avançada. Banerjee e colaboradores (2) demonstraram que mulheres com endometriomas têm quase 7 vezes mais chances de terem endometriose intestinal quando comparadas com aquelas que não os têm. Em números absolutos, estes pesquisadores encontraram que 77% das mulheres com endometriomas tinham endometriose no retossigmoide (intestino). Da mesma forma, Chapron e colaboradores (3) relataram que mulheres com endometrioma tinham, além de um maior número de lesões de endometriose profunda, uma maior frequência de acometimento do ureter, da vagina, dos ligamentos útero-sacros, do intestino, e ainda uma maior chance de distorção anatômica severa.

Esses dados estão de acordo com os relatos de maiores dificuldades para remoção cirúrgica da endometriose encontradas naquelas mulheres que têm endometrioma. Dessa forma, não infrequentemente ouvimos que “o endometrioma (ou o ovário) foi retirado, mas o médico não mexeu em outras lesões porque havia muitas aderências”, ou que “havia muito risco de infecção”, ou ainda que “havia muito risco de lesão no intestino”. Isto se deve à “surpresa” de se encontrar extensas lesões de endometriose profunda nessas pacientes com endometrioma ovariano. Assim, torna-se um erro indicarmos uma cirurgia baseados exclusivamente no achado do endometrioma, e outro erro acreditarmos que encontraremos durante a cirurgia apenas o endometrioma demonstrado na nos exames de imagens. Costumo dizer que não existe cirurgia de endometrioma ovariano. Existe sim cirurgia para remoção de endometriose profunda com tratamento concomitante do endometrioma.

O endometrioma ovariano parece não ser o causador dor pélvica?

Curiosamente, parece que o endometrioma por si só não causa dor, isoladamente. Há menos fibras nervosas (responsáveis pela transmissão dos estímulos dolorosos) no endometrioma de ovário do que nas lesões de endometriose peritoneal ou profunda (4). De acordo com isso, a dismenorreia (cólica menstrual), por exemplo, parece estar mais associada à presença de endometriose nos ligamentos útero-sacros (o local mais comum de endometriose profunda) e no retossigmoide, do que à presença do endometrioma ovariano (5). Da mesma forma, já está demonstrado que a dor durante a relação sexual (dispareunia) está fortemente associada à presença de endometriose no fundo de saco de Douglas (espaço entre o útero e o retossigmoide) e ligamentos útero-sacros, mas não com os endometriomas ovarianos (6). Assim, se realizamos uma cirurgia em uma mulher com dor que tenha endometriose profunda e endometrioma, mas tratamos apenas o endometriomas, haverá grandes chances que sua dor persista, pelo simples fato de haver persistência das lesões de endometriose profunda.

O endometrioma ovariano causa redução da reserva folicular

Outra importante preocupação em relação à presença do endometrioma é a sua influência sobre a reserva folicular (óvulos) da mulher. Hoje, sabemos que o endometrioma é nocivo ao ovário. O ovário que tem endometrioma irá ovular com menor frequência, e a qualidade de seus óvulos possivelmente será inferior (7). Por outro lado, a remoção cirúrgica do endometrioma também pode ser nociva ao ovário (8,9), variando conforme a experiência da equipe cirúrgica. Estes dados embasam o grande dilema sobre a decisão de uma paciente que tenha endometrioma ovariano de ser operada ou não: se operamos, podemos estar reduzindo a reserva ovariana. Porém, se postergamos uma cirurgia que seja necessária, o próprio endometrioma poderá causar redução progressiva da reserva folicular. Assim, a decisão por cirurgia (e do melhor momento) pela mulher que tem endometrioma deverá ser mais criteriosa, fundamentada em sua idade, estimativa de reserva ovariana, e bilateralidade (ou não) dos endometriomas. Frequentemente, poderá ser aconselhado à mulher com endometrioma que faça congelamento de óvulos ou embriões antes de uma cirurgia, mesmo que os óvulos possam ser de pior qualidade, como ressaltado anteriormente.

Associação entre endometriose, endometrioma ovariano e risco de câncer de ovário

                A suspeita de uma associação entre endometriose e câncer de ovário é antiga. Sabemos que dois subtipos específicos de câncer de ovário, o câncer endometrioide e o câncer de células claras, parecem surgir especificamente a partir de lesões de endometriose atípica, que são aquelas  lesões que têm células com potencial maligno. Felizmente, menos de 3% das mulheres com endometriose têm endometriose atípica. Em linhas gerais, parece existir sim um aumento do risco de câncer, mas esse aumento é pequeno em número absolutos, algo como um aumento de 1,5% para 2,5% ou 3% (10).

Analisando subgrupos específicos de mulheres com endometriose, parece que esse aumento no risco de câncer é ainda maior naquelas mulheres que têm endometrioma ovariano, e naquelas que têm endometriose de longa data (10). Não sabemos se alterações celulares específicas do endometrioma ovariano é que causariam esse pequeno aumento no risco, ou se simplesmente seriam as demais lesões de endometriose profunda. De qualquer forma, os aumentos dos riscos são pequenos, e, dentro do grande universo de mulheres com endometriose, ainda não conseguimos identificar especificamente quais mulheres teriam esse risco aumentado, e que, portanto, se beneficiariam de uma remoção cirúrgica precoce. Assim, aguardamos novas pesquisas para maiores conclusões sobre o tema.

Tratar o endometrioma ovariano é desafiador

O tratamento do endometrioma ovariano é um dos mais desafiadores entre todas as lesões de endometriose. Isso porque estamos lidando com a reserva ovariana da mulher, o seu maior patrimônio. Em uma comparação simplista, por exemplo, nos preocupamos mais com o tratamento cirúrgico de um endometrioma ovariano do que o de uma endometriose intestinal, pois os danos ovarianos podem ser irreversíveis, ao passo que frequentemente conseguimos reparar eventuais lesões intestinais.

O endometrioma ovariano não costuma desaparecer espontaneamente. As pílulas anticoncepcionais podem ser efetivas em reduzir as chances de recorrência após a excisão cirúrgica, mas isoladamente não conseguem causar o desaparecimento dos endometriomas. Análogos de gonadotrofina (GnRH) podem causar redução do tamanho dos endometriomas, apenas para recorrerem após a sua suspensão. Há relatos isolados de desaparecimento do endometrioma com o uso do dienogeste (Allurene®), mas o significado clínico ainda é incerto, pois não sabemos se há resolução definitiva a longo prazo, e se isso se reflete em preservação da reserva ovariana e maiores índices de fertilidade.

O tratamento mais efetivo para o endometrioma ovariano é a sua remoção cirúrgica por laparoscopia. Isso não significa dizer que todas as mulheres com endometrioma precisarão de cirurgia. Ao contrário: como dito anteriormente, a indicação cirúrgica para essas mulheres deverá ser bastante criteriosa. E a indicação não deverá ser baseada exclusivamente no endometrioma, mas sim na presença de infertilidade e no potencial de preservação da reserva ovariana.


O raciocínio é simples: como são quase inexistentes as chances do endometrioma ovariano ser isolado, e como o endometrioma ovariano significa endometriose profunda, as decisões serão baseadas na  endometriose profunda. Primeiro, buscaremos entender o contexto clínico no qual se deu o diagnóstico do endometrioma: se há dor pélvica e/ou infertilidade, principalmente. Frente a um exame que mostra apenas o endometrioma, acreditaremos que o laudo está incompleto, e faremos esforços para entender a real extensão da endometriose antes de uma eventual cirurgia. Faremos isso com um minucioso exame clínico, especialmente o exame vaginal bimanual (exame de “toque””), e com um exame de imagem (ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e/ou ressonância magnética pélvica) feito por um especialista. Não acreditamos na cirurgia “diagnóstica” (nota da editora: a laparoscopia diagnóstica). Acreditamos na cirurgia com o objetivo da remoção máxima da doença, caso a cirurgia seja necessária.

O tamanho do endometrioma praticamente não influenciará nossas decisões, mas sim a sua unilateralidade ou bilateralidade. Somos mais propensos a pensar em cirurgia quando a doença é unilateral, e mais expectantes quando a doença é bilateral. Ou, eventualmente, frente a um extenso acometimento ovariano bilateral, poderemos discutir com a paciente a possibilidade de remover as demais lesões de endometriose profunda e, propositadamente, deixarmos de remover (ou remover parcialmente) o endometrioma ovariano. E como isso é possível? Novamente, o endometrioma não parece ser causa de dor, e também não há evidências de que um endometrioma ovariano persistente após a cirurgia originará novas lesões de endometriose. Diferentemente do pensamento comum, a endometriose “não se espalha” na pelve a partir de outras lesões.

Considerações finais:

O endometrioma ovariano é um marcador de endometriose profunda, e de maiores chances de endometriose avançada com distorção anatômica. Praticamente não existe endometrioma ovariano isoladamente, pois ele invariavelmente vem acompanhado de outras lesões de endometriose. O endometrioma não parece ser causa isolada de dor pélvica, porém sua presença pode significar uma redução progressiva da reserva folicular ovariana. Parece haver um aumento relativo no risco de câncer de ovário a longo prazo, porém pequeno em números absolutos, e ainda indefinido para quais subgrupos específicos de mulheres com endometriose. Frente a um endometrioma ovariano, a decisão sobre seu tratamento não deverá ser feita de forma isolada, mas sim dentro do contexto da endometriose profunda.

Sobre o doutor Alysson Zanatta:

Graduado e com residência médica pela Universidade Estadual de Londrina, doutor Alysson Zanatta tem especializações em uroginecologia e cirurgia vaginal pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cirurgia laparoscópica pelo Hospital Pérola Byington de São Paulo e doutorado pela Universidade de São Paulo, USP. Suas principais áreas de atuação são a pesquisa e o tratamento da endometriose, com ênfase na cirurgia de remoção máxima da doença. Seus inter­esses são voltados para iniciativas que promovem a conscientização da população sobre a doença, como forma de tratar a doença adequadamente. É diretor da Clínica Pelvi Uroginecologia e Cirurgia Ginecológica em Brasília, no Distrito Federal, onde atende mulheres com endometriose, e Professor-adjunto de Ginecologia da Universidade de Brasília (UnB). (Acesse o currículo lattes do doutor Alysson Zanatta).