terça-feira, 27 de janeiro de 2015

"GESTAÇÃO DO CORAÇÃO": COMO FOI NOSSA ENTREVISTA COM A PSICÓLOGA E COM A ASSISTENTE SOCIAL!

Imagem cedida por Free Digital Photos

Após o sucesso do texto de estreia da coluna "Gestação do Coração", nossa querida Ane conta mais um passo que ela e seu esposo deram, aliás, dois: a entrevista com a psicóloga e com a assistente social. O protocolo de adoção no Brasil é rígido e tudo é averiguado, desde o local e como vive o casal, sua condição financeira, psicológicas, dentre muitas outras. Aos poucos Ane vai nos trazer esse novo mundo, com novas informações e estritamente importantes para quem pensa em gerar seu filho no coração e até mesmo estimular quem já pensou no assunto, mas que depois virou tabu, e até mesmo colocar em discussão a adoção que eles desejam: a tardia, algo mais raro hoje em dia quando pensamos em adoção. Só posso agradecer Ane por cada artigo, pois eu sou uma das que está aprendendo muito com seus textos. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

Por Ane Bulcão 

Após a correria do fim do ano, estou de volta para continuar minha contando nossa saga em busca do meu tão sonhado filho que estou gerando em meu coração. Primeiro desejo a todas(os) um excelente 2015, que ricas bênçãos do Senhor esteja sobre a vida de cada um de nós, que o tão sonhado positivo se concretize na vida de muitas endoguerreiras, se assim for a vontade de Deus, e também que muitas possam realizar o sonho da maternidade por meio da adoção.

No artigo de hoje, vou contar como foi a visita da assistente social e da psicóloga, que aconteceu no dia 29 de setembro de 2014. Nossa, vocês nem podem imaginar como eu e Paulo ficamos eufóricos. Afinal de contas, a gente tinha colocado os papeis no fórum no final de agosto e, não esperávamos que, um mês após dar a entrada, já teríamos a entrevista, mas eu não me canso de dizer que Deus é lindo!

 Eu lembro que quando recebi a ligação sendo informada de que no mesmo dia teríamos a visita da assistente social aqui em casa e a entrevista com psicóloga no fórum, fiquei imensamente grata ao Senhor. Amigos nossos que já adotaram nos disseram que entre colocar os papeis e serem chamados para o primeiro contato demorou quase um ano. Estou falando isso para mostrar a vocês que as coisas acontecem em nossa vida no tempo de Deus, cada um de nós precisa passar por um determinado processo, que é único e intransferível, mas podem ter certeza que cada fase é muito importante para nos prepararmos devidamente para chegada do filho(a) tão sonhado(a) e esperado(a).

Confesso a vocês que na véspera da visita mal consegui dormir (risos). Me virei de um lado para o outro a noite toda, mas enfim estava pronta para este primeiro contato. Caprichamos na arrumação da casa como a gente costuma fazer quando vamos receber uma visita não é verdade meninas? Essa era uma das visitas mais importantes de nossas vidas. A assistente social chegou cedo e logo começou a anamnese, fazendo questão de me deixar à vontade conduzindo todo processo com serenidade. Foi um bate-papo gostoso e bem descontraído, onde ela nos perguntou várias coisas, como por exemplo: por que queremos adotar uma criança, como é a nossa rotina, qual nossa profissão, qual nossa renda mensal entre outras coisas. Essas perguntas são muito importantes e devo dizer que ninguém precisa se sentir invadido com tantas perguntas. Elas fazem parte do protocolo como uma medida de prevenção e cuidado para com as crianças que possivelmente serão adotadas pelos candidatos.

No decorrer da conversa fizemos questão de deixar claro que a opção pela adoção não era apenas porque não podíamos ter filhos, mas que já era um desejo do nosso coração e uma decisão consciente. Falamos que queremos fazer adoção atípica, fora dos padrões convencionais. Com isso, ela se mostrou profundamente entusiasmada com nosso relato, nos parabenizou e comentou que desde que havia chegado a essa comarca nunca tinha atendido um casal com convicções tão firmes e esclarecidas como a gente estava demonstrando ter. Disse também que estava profundamente emocionada com a nossa história. Ao ouvirmos isso nosso coração se aqueceu e se acalmou, e pudemos sentir que as coisas estavam fluindo naturalmente e, assim, conseguimos nos desprender daquela ansiedade própria de quem está sendo avaliado. Por fim a assistente social já finalizando a visita fez uma breve inspeção em nossa humilde casinha e se despediu nos desejando “boa sorte”.

Já no período da tarde, a segunda etapa era no fórum: a entrevista com a psicóloga. Ao chegarmos lá devo dizer que essa entrevista foi um pouco mais tensa que a primeira. Afinal vocês sabem bem que nesse momento cada palavra ou gesto nosso estava sendo muito bem analisado por ela. Por isso tentamos ao máximo demonstrar naturalidade. Foram feitas as mesmas perguntas da assistente social, porém acrescida de muitas outras, como por exemplo: ela afunilou bastante a questão da adoção tardia, querendo saber se estávamos com essa opção por sentir “peninha” dessas crianças. Tranquilamente respondemos com convicção nossas razões e motivações que nos levaram a essa opção: que é permitirmo-nos nos deixar amar e ser amados por essas pequeninas vidas que também têm direito de ter um lar. Depois ela fez um questionário com inúmeras perguntas a fim de traçarmos o perfil detalhado da criança que queremos adotar, com perguntas do tipo: qual a cor da criança, se aceita adotar criança deficiente, com doenças crônicas, ou doenças tratáveis, soro positivo para AIDS, se aceita adotar irmãos... E muitas outras perguntas que pareciam infindáveis.

De todo processo até agora, essa foi a parte mais chata, pois em um dado momento parecia que eu estava em um supermercado olhando nas prateleiras “qual tipo de criança” levar. Mas a psicóloga nos explicou que esse procedimento é extremamente importante não só para proteger a criança, como também para ajudar muitos candidatos a adoção, que muitas vezes chegam lá com uma visão bastante romântica ou até mesmo equivocada sobre a adoção. Graças a Deus a psicóloga também ficou encantada com nossa escolha, nos parabenizou e nos orientou a participarmos de um grupo de apoio a adoção. Ela disse que pela forma como expomos nossas convicções e como nos portamos durante toda entrevista, nós iríamos contribuir e ajudar a desmistificar muitos tabus sobre a adoção nesse grupo.


A gente se despediu, fomos para casa esperançosos e satisfeitos por ver o processo caminhando direitinho. Ficamos muito felizes por tudo e imensamente gratos ao Senhor por sempre cuidar de nós. Agradeço muito por compartilhar com vocês cada passo desta minha “gestação do coração”. Obrigada pelo carinho do primeiro texto. Um dos motivos que aceitei escrever a coluna quando recebi o convite da Caroline, foi justamente o que disse a psicóloga: desmistificar e tirar os tabus sobre a adoção. No próximo texto falarei como foi o encontro com o grupo de apoio a adoção que aconteceu no fórum em dezembro do ano passado. Um beijo carinhoso e até o próximo artigo.

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