terça-feira, 14 de julho de 2015

MATTHEW ROSSER: ENDOMETRIOSE EM CADELAS?


imagem cedida por Free Digital Photos
A cada dia que passa, em nossas traduções, descobrimos que a endometriose ultrapassa a questão de ser apenas uma doença da mulher. E isso se comprova em mais um artigo do cientista inglês Matthew Rosser, grande estudioso da doença. Já vimos que a doença já foi encontrada em macacos e, agora, pasmem, ela foi achada em uma cadela, na forma de endometrioma, cisto chocolate no ovário. Pode ser um caso raro, ou como diz o próprio Matthew, talvez, alguma endometriose em cadelas pode ter sido confundida com tumores, já a doença aparece na forma de uma massa. Um texto interessante para leitura que vai desmistificar ainda mais a endometriose. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

Por Matthew Rosser
Tradução: Alexandre Vaz
Edição: Caroline Salazar
 Endometriose em cadelas?


Só para esclarecer, sim estou falando de um cão fêmea, a que foi alvo desse artigo e a ocorrência daquela que provavelmente é a forma mais rara e intrigante de endometriose que já encontrei até hoje. 

Sabemos que a endometriose pode ocorrer em locais estranhos, como o coração ou o cérebro, ou em animais que não esperaríamos como nos macacos, ou em pessoas que não esperaríamos como em homens ou crianças do sexo feminino de tenra idade (nota da editora: crianças de pouca idade, geralmente, menores que 10 anos), mas esse caso ultrapassa tudo.

Existem vários motivos que fazem com que esse caso sobressaia tanto. Em primeiro lugar, olhando todas as ocorrências estranhas da endo, embora bizarras, elas não são de todo inesperadas. Por exemplo, endo ocorre em humanos, então descobri-las em outras partes do corpo para além dos órgãos reprodutores, em homens e em moças jovens é estranho, mas não totalmente irracional.

Pela mesma lógica porque estamos geneticamente muito próximos dos primatas, não é inesperado que algumas espécies de macacos tenham endometriose também. O que é inesperado é encontrar endometriose em um animal tão diferente dos humanos, e um que para todos os efeitos nunca teve descoberta da doença e nem deveria poder ter.

Para resumir o caso, uma cadela de 11 anos de raça pastor alemão foi levada ao veterinário no Brasil, mas morreu inesperadamente durante um exame. Durante a autópsia o veterinário encontrou uma massa de grande dimensão atrás do útero e dos ovários, que mais tarde foi identificada como sendo endometrioma, um cisto cheio de tecido sólido e sangue.

Os endometriomas são cistos em que a camada exterior é composta por tecido semelhante ao endométrio normal e que enche de sangue que acaba virando um fluido castanho, dando origem ao nome “cisto chocolate”. Os endometriomas surgem com alguma frequência nos ovários das mulheres, mas podem surgir em outros locais como a parte posterior do útero e nos ligamentos que seguram o útero no lugar (nota da editora: ligamentos redondos).

Porque não deveríamos esperar ver endometriose em cachorros? Essencialmente porque o sistema reprodutor do cadela é muito diferente do da mulher. Cachorros não têm ciclo menstrual como os humanos, mas um ciclo estral. E enquanto as variações hormonais de um ciclo estral podem ser vistas como semelhantes ao do ciclo menstrual, as alterações físicas e o tempo entre estágios dos diferentes ciclos variam significativamente.

Um dos exemplos mais importantes é que se a cadela não engravidar, o endométrio é reabsorvido pelo útero, enquanto que o da mulher descama e é expelido durante a menstruação. Isso coloca a questão de como foi que o endometrioma surgiu.

Por muito tempo foi sugerido que endometriose surge das células endometriais descamadas durante a menstruação, em refluxo através das trompas de falópio e para fora da cavidade pélvica, onde se implantam e crescem para formar lesões endometrióticas. Esse é um processo chamado de 'menstruação retrógrada' e é apresentado por muitos (eu não me incluo nisso) como a melhor explicação para a origem da endometriose.

Como podemos então ter um endometrioma em um animal que não menstrua? Uma teoria que surgiu faz muitos anos [metaplasia celômica], sugere que certas formas de endometriose surgem de mudanças hormonais que induzem transformações na fina camada de tecido que envolve os órgãos reprodutores [mesotélio celômico]. Isso também providencia uma explicação decente para as ocorrências extremamente raras de endometriose em homens, todos eles sujeitos a terapia hormonal para tratamento de câncer de próstata. Os autores desse artigo também apontam que tumores e outros tipos de cistos derivados do [mesotélio celômico] são frequentes em cachorros, indicando que esse pode ser outro tipo ainda desconhecido da doença. Isso poderia explicar um endometrioma em uma cadela? Possivelmente, embora os veterinários não tenham notado nenhum desiquilíbrio hormonal na cadela e não existissem patologias nos ovários que resultassem em alterações à produção hormonal.

Outra descoberta que poderá dar uma pista sobre o surgimento desse endometrioma foi a presença de “fardos” de tecido muscular macio dentro do cisto. Não é normal encontrar músculo assim em endometriomas, então a sua presença sugere não um simples endometrioma, mas uma massa semelhante ao útero. Como isso pode ter acontecido é meramente especulativo, poderá ser um defeito genético de nascença que só foi diagnosticado quando viram um problema sério.

Uma questão importante é como esse foi o primeiro caso de endometrioma reportado em cachorros? Eles são levados ao veterinário o tempo todo, existem provavelmente milhões de cachorros que vão ao veterinário por ano, porque será que esse foi o primeiro caso? A resposta simples e curta é: não faço a menor ideia. Poderá ser que os endometriomas simplesmente não são reconhecidos como tal em cachorros.

Nesse caso de estudo os autores referem: “baseado apenas na massa macroscópica, especialmente na coloração vermelha e na presença de cavidades cheias de sangue coagulado, foi feito um diagnóstico inicial de [hemangiosarcoma]. Então é possível que endometriomas estejam sendo confundidos com câncer em cadelas, mas desconheço se a análise microscópica é feita como rotina nos tumores em cachorros, e fica difícil dizer se é esse o caso.


A incidência de endometriose em espécies não-humanas tem sido alvo de muito pouca atenção, exceto algumas espécies de macacos usadas em experimentos laboratoriais. Pode ser que a endometriose seja muito rara fora da espécie humana, ou que não esteja sendo diagnosticada, seja por falta de conscientização ou da falta de análise microscópica de tumores em animais não seja um procedimento rotineiro. Em qualquer dos casos, ao que parece, a endometriose não é um problema exclusivo dos humanos.

Um comentário:

  1. Aki a cachorra de uma amiga morreu,demorou muito para descobrir quando fez a biopsia deu endometriose.sou portadora da endo eu acho k ate hoje ñ se sabem nada ainda desssa doença misteriosa imagino daki alguns anos vão dizer nem o nome é esse,pois depois da endo tenho dores horríveis no pescoço k ñ descobrem agora k descobriram k eu esto com um nervo lesionada,k ainda ñ se sabe o k é mas acho k ta td ligado uma coisa com a outra doeça medonha

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