quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

"SUPERANDO A ENDO INFERTILIDADE": EM BUSCA DO SONHO DE GIULIA - PARTE 4!


imagem cedida por Free Digital Photos


Em "Superando a Endo Infertilidade", continuamos com o quarto capítulo da saga de "Em Busca do Sonho de Giulia", nossa querida leitora narra sua emocionante trajetória rumo a conquista de seu sonho: a maternidade. Porém, como tudo na vida não é fácil, para Giulia também não está sendo. Para quem está acompanhando no A Endometriose e Eu sua luta (leia aqui o capítulo 1, o capítulo 2 e o capítulo 3) está vendo o quão guerreira é esta mulher. Superar os obstáculos faz parte de quem quer alcançar a vitória. Este é o penúltimo capítulo e olha que emocionante viu. Após tantos percalços, Giulia foi liberada para começar o tratamento de fertilização. O que será que ela reserva para nós no último capítulo? Sua vitória perante sua batalha? Será que ela conseguiu a tão sonhada gravidez? Continue acompanhando...

Aproveito para convidar todas as portadoras a entrar na luta pelos nossos direitos e reconhecimento da doença como social e de saúde pública no Brasil. Vamos todas marchar no dia 13 de março em prol de nós mesmas? Junte-se a nós na Milhões de Mulheres Marchando contra a Endometriose e venha marchar conosco. Inscreva-se. E também continue votando no A Endometriose e Eu no prêmio TopBlog Brasil 2013(clique aqui e dê seu voto) e compartilhe a votação entre seus amigos. Beijo carinhoso! Caroline Salazar


Em Busca do Sonho de Giulia - parte 4

"No retorno ao médico após a cirurgia, só queria ouvir que nada mais iria dar errado e que eu poderia enfim começar a fertilização. E, com pensamento positivo, pela primeira vez ouvi que estava tudo certo para começar o tratamento! Saí da consulta com meu especialista e fui correndo marcar minha consulta no Instituto de Ensino ePesquisa em Medicina Reprodutiva. Saí de lá com as receitas dos medicamentos que teria que tomar. Psicologicamente estava bem e achava que encararia de forma tranquila o tratamento, principalmente, as injeções na barriga, e todo o processo. Estava muito ansiosa pra começar logo. E foi logo no início do tratamento que vi que não era tão simples assim a questão emocional.

Comprei os medicamentos e tudo tem um ciclo e seus respectivos horários. Lembro-me bem que eu tinha uma sessão de teatro para ir com meu marido, e como tinha que aplicar uma injeção bem no horário, eu levei tudo e apliquei lá mesmo. Quanto às injeções foi tudo tranquilo, mas em termos emocionais, controlar a ansiedade foi muito difícil. Eu achava que era começar os remédios e estava tudo ok, mas não, não era só isso. Tinha um processo enorme até chegar à transferência: era a quantidade de óvulos, o tamanho do endométrio, enfim, havia outros fatores que eram acompanhados de perto até o tão sonhado dia da retirada dos óvulos. Se você pensa que o processo pararia por aí se enganou. No meu caso tirei vários óvulos e fiquei superfeliz, mas ainda tinha que esperar para saber quantos desses óvulos eram maduros. Nossa quanta angústia, quanto medo, quanta ansiedade, quão difícil foi todo processo!! O emocional aí já nem precisa falar!

No dia que retirarei os óvulos já fiquei sabendo que tinha oito óvulos maduros e que eu e meu marido tínhamos de decidir o que faria com o restante. Então, nós optamos por não congelar os embriões, e sim congelar os óvulos. Neste dia decidimos que iríamos fertilizar quatro óvulos para depois ver quais embriões iríamos transferir. Os outros quatro óvulos foram para o congelamento. Saí muito feliz da clínica, pois tinha certeza que destes quatro óvulos fertilizados ao menos dois tinham de estar ótimos para serem transferidos. Neste dia fiquei em casa tranquila e esperançosa pela ligação da embriologista, pois ela iria me dizer o resultado dos óvulos e se eles estavam bons para a transferência. Porém, a ligação aconteceu no dia seguinte, e a notícia foi que dois estavam em ótimos estados e que seriam transferidos.

 Fiquei muito feliz, mas sabia que a batalha ainda estava no começo e que ainda tinha muito obstáculo para superar. Porém, sabia também que já tinha vencido vários obstáculos. Fiz a transferência três dias depois da ligação e fiquei cinco dias em repouso completo, não tinha necessidade de ficar deitada mas não queria que nada desse errado. Fui extremamente cuidadosa. Eu só levantava para tomar banho e ir ao banheiro. Sei que isso não é comprovado na ciência, mas no psicológico sim. E o meu pedia para seguir isso: ficar tranquila para que nada desse errado. E por falar em repouso, ah como dói à espera, quanta coisa passa em nossa cabeça, quanto medo, como passamos a prestar atenção nos sintomas e quantos sintomas surgem nesta espera! O processo é muito dolorido emocionalmente, é uma confusão de sentimento, por mais fortes que somos ou que tentamos ser vemos que somos frágeis demais, que tem horas que estamos confiantes que chegou nossa hora, mas em outros momentos temos a certeza que não deu certo. Chegamos até a ter a certeza e tentamos nos convencer de que não seremos mãe! Olha que confusão de sentimentos e que 12 dias longos de espera!

Chegou então o dia de realizar o beta HCG. Acordei cedinho e fui ao laboratório fazer exame e depois tinha que aguardar o resultado. Mas quem disse que eu tinha coragem de acessar a internet, sentia medo, muito medo, medo de não ter dado certo, medo de recomeçar, medo da dor que eu iria sentir e mais ainda tinha a certeza que já tinha sofrido demais. Foi aqui que o resultado saiu mais rápido que o esperado e que meu marido me ligou dizendo que tinha dado um valor baixo, mas mesmo assim foi acima de 5, se não me engano deu 21.

Nossa, em minha cabeça aquele número era uma esperança e que estava mais perto do meu tão sonhado positivo. Liguei na clínica e ao falar o número me disseram que o valor estava baixo, mas que poderia evoluir e que teria que repetir o beta a cada dois dias. Hoje confesso que seria melhor ter tido um negativo do que este falso positivo, pois era sofrer de uma vez. Este falso positivo me levou a vários betas, a vários ultrassons, um dos quais cheguei a ver o saco gestacional, mas, infelizmente, a gravidez não evoluiu! Aí a única coisa que queria era que tudo acabasse, pois isso me levou a mais sofrimento, mais angústia, mais medos, enfim, mais dor!

Neste momento, eu só rezava para o meu corpo expelir e eu não ter que fazer a curetagem. Diante de tanta dor, meu pedido foi atendido e acabei abortando sozinha sem necessidade de curetagem. Nesta via-sacra de médicos, laboratórios e exames tive um suporte muito grande da clínica onde fiz o tratamento. A equipe me eu muita força, força para não desistir, já que a primeira coisa que vem a nossa cabeça realmente é de desistir. Mas isso acontece nos primeiros dias depois Deus nós da muita força, a força que nunca imaginamos que possamos ter, mas que vem para seguirmos em frente em direção ao nosso sonho! E eu não desisti do meu, pois sou guerreira como toda portadora de endometriose! Fiquem ligadas no meu próximo artigo. Um beijo carinhoso, Giulia.”

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