terça-feira, 21 de julho de 2015

DE MÃE PARA MÃE: ALERTA PARA AS MÃES DE MENINAS! COMO AJUDEI NO DIAGNÓSTICO DA MINHA FILHA?

Kátia Victória Del Sent com a filha, Giselle.
Foto: arquivo pessoal


O texto de hoje é muito importante e tem de ser lido por todas as mães de meninas, ou para o máximo possível. Conheci a Giselle em dezembro de 2013, quando ela me procurou pedindo informações sobre a EndoMarcha. Ela tinha 18 anos e uma garra que muitas de 40 não tem. De imediato me encantei por ela e por sua determinação. Ela comandou com maestria a marcha no Rio Grande do Sul em 2014 e em 2015. Pouco tempo depois conheci sua mãe. E tal como a filha, fiquei maravilhada com essa mãe. A dedicação, o carinho, a amizade, a preocupação, uma mãe nota mil que merece ser ouvida. Foi graças a sua insistência que sua filha foi diagnosticada com endometriose. O diagnóstico, antes do médico, veio da mãe que observando tudo que a filha sentia pesquisou e encontrou a palavra endometriose. Eu quero ser assim muito amiga da minha filha, para não dizer sua melhor amiga. "De mãe para mãe", uma história real que todas as mães devem ler. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

Por Kátia Victória Del Sent

Edição: Caroline Salazar

"Desde seu nascimento minha filha, Giselle, foi atendida por um médico clínico e homeopata fazendo consultas de revisão com o pediatra. Até os doze anos só tomou homeopatia com tratamentos específicos para alergias de pele e rinite. Tomou o primeiro anti-inflamatório aos 12 anos quando fez a retirada dos dentes sisos. Sua primeira menstruação foi aos 11 anos sem muitos problemas. Não tinha cólicas e o fluxo era normal. Desde a infância alimentava-se bem a qual mudou um pouco na adolescência. Por isso, aos 14 anos, quando começou a queixar-se de dificuldades para evacuar e dores no abdômen. Primeiro a incentivei a alimentar-se melhor, explicando e levando-a até à nutricionista, pois essas dores poderiam ser em função da alimentação inadequada, mas as queixas continuaram. Desde a primeira menstruação eu costumava levá-la ao ginecologista. Nós sempre tivemos diálogo aberto o que a deixava segura para conversar comigo sobre o que quisesse me pedindo sempre que a acompanhasse nas consultas interagindo com ela e a médica. Após iniciar a atividade sexual as queixas tornaram-se constantes passando a ter infecções urinárias repetitivas passando a fazer uso de remédios para dor e antibióticos com frequência. Os tratamentos com homeopatias não surtiam efeito, o que me estranhava.

Aos 16 anos sua ginecologista pediu uma ecografia transvaginal, que ela fez utilizando um convênio pela empresa do pai. Por ser menor de idade e por vontade dela entrei junto na sala e, enquanto o médico a examinava, observei que ela sentia uma DOR que não é normal para este tipo de exame. Falei para o médico, que me disse que era normal sim por ser a primeira vez, mas eu não concordei. Logo ele me disse que estava tudo bem e que ela só tinha um líquido livre na pelve. Levamos o resultado para a médica que achou normal. Talvez tivesse tido alguma “infecção” sem se importar muito e pediu que voltássemos em um ano para revisão.

As dores tornaram-se mais frequentes. Retornamos, então, para o clínico homeopata com os exames. De imediato ele solicitou novos exames e indicou uma ginecologista de sua confiança. Agora a Giselle passava a ser atendida no plano de saúde da empresa onde ela trabalhava como jovem aprendiz, por isso tivemos acesso a esse tipo de atendimento, pois pelo SUS ou pelo convênio do pai dela seria impossível. Fizemos a consulta com a médica indicada que, pela primeira vez, examinou a Giselle onde novamente eu mostrei a médica o quanto ela estava sentindo dor. A médica também ficou surpresa e eu perguntei a ela sobre a possibilidade de ser endometriose, apesar de conhecer pouco sobre a doença sabia que causava muita dor. Porém ela me respondeu que os sintomas eram muito fortes para quem menstruava há pouco tempo. Com a outra ecografia, que mostrava estar tudo normal, a médica pediu outros exames e a encaminhou para um urologista para descartar a possibilidade de problemas de trato urinário. Ela indicou também um profissional de sua confiança. No dia seguinte consegui um encaixe com ele no final do expediente da Giselle, já que ela havia passado a tarde toda com muita dor. Chegamos à consulta com muita dificuldade, pois ela quase não conseguia caminhar. Queixava-se de dor também na perna. O médico pediu vários exames complexos a serem realizados em hospital. Eu a acompanhei e sempre fiquei junto dela dentro da sala de exames. Em um deles ela teve um princípio de desmaio e eu a socorri até que os médicos chegarem na sala.

Retornamos ao consultório do urologista com os exames, que deram todos normais. Ele sugeriu um tratamento por três meses de antibióticos como prevenção às infecções urinárias. Porém, pela segunda vez, ele fez um comentário desnecessário, que as dores poderiam ser psicológicas e que seria interessante consultar um psicólogo. Eu logo interferi, pois a Giselle já se tratava com uma psicoanalista há alguns anos, e ele ficou sem ter o que dizer. Retornamos à ginecologista que agora concordava comigo: tentaríamos de interromper a menstruação dela com anticoncepcional, pois ela também suspeitava que a Giselle poderia ter endometriose. Retornamos ao clínico homeopata que indicou um especialista em endometriose, pois deveria ser feito uma vídeolaparoscopia para cauterizar os focos e depois seguir o tratamento.

 Conhecemos então o Dr. Sérgio Galbinski que fez algumas perguntas específicas e concluindo de imediato que os sintomas eram de endometriose. Ele sugeriu que ela fizesse a vídeo nas próximas semanas, mas resolvemos pensar, pois ela estava em datas de provas na escola. Buscamos opinião de outra médica que também é bastante envolvida em endometriose em Porto Alegre ela pediu uma série de exames, entre eles, a ressonância magnética. Infelizmente nenhum exame mostrou a endometriose. Então, ela sugeriu que a Giselle fizesse atividade física e passasse a se alimentar melhor e retornasse em seis meses para novos exames. Depois desta consulta concluímos que o melhor seria fazer a vídeo. Conversamos novamente com o médico homeopata que nos deixou segura quanto ao trabalho do Dr. Sérgio. A Giselle concordou em fazer a cirurgia, pois para tratamentos mais invasivos, é preciso que a paciente mesmo sendo menor de idade aprove e tenha segurança que é o melhor caminho. Marcamos a vídeo para as férias da Giselle. A cirurgia foi um sucesso apesar do estresse para obtermos a autorização do convênio. Foram constatados poucos focos de endometriose (mas, sim ela estava com endo) e obstrução em uma das trompas. Após a vídeo a Gi começou a usar Gestinol sem pausa reduzindo muito suas dores e as infecções urinárias. Foi sugerido a ela o Mirena, mas ela não aceita muito bem esta ideia ainda e respeitamos sua opinião.

Passados dois anos, ela vai fazer outra vídeo, pois na última ecografia o útero aparece colado ao ovário sendo necessário nova intervenção cirúrgica. Acredito que por ter o diagnóstico precoce e o médico também afirma a Giselle tem poucas complicações, conforme opinião do cirurgião. Ela tem sintomas muito fortes e pouca doença o que comprova o quanto esta doença é instável e diferente para cada pessoa. Quando a Giselle descobriu que em 2014 teria a 1ª Marcha Mundial da Endometriose pedindo informações para Caroline Salazar, ela foi convidada a organizar aqui, em Porto Alegre como coordenadora, pois não havia ninguém para coordenar e ficaríamos fora. Ao saber logo a incentivei a participar pois ajudar as pessoas que dependem só do SUS nos faz desviar o olhar dos nossos problemas amenizando também as nossas dificuldades. Na época a Gi tinha apenas 19 anos e em 40 dias conseguiu organizar tudo com minha ajuda e a parceria do Hospital Fêmina, ajudada prontamente pelo seu médico. O ano de 2014 foi um ano muito positivo à Giselle. Ela entrou na faculdade de Administração com bolsa pelo Pro Uni e no segundo semestre foi chamada para a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Seguiu seu tratamento com Dr. Sérgio, estudando, trabalhando e apoiando as portadoras de endometriose aqui no RS através do Grupo Endogaúchas. Em 03 de fevereiro deste ano realizou a segunda vídeo. Assim como na primeira vídeo, a Giselle tinha poucos focos e todos foram cauterizados. Sua recuperação foi muito boa. Agora, aos 20 anos, minha filha deve seguir tomando anticoncepcional contínuo e terá suas consultas de rotina. Foi uma longa e difícil caminhada, agradecemos a Deus por nos guiar e nos aproximar de profissionais competentes que nos ajudaram a chegar ao diagnóstico a tempo de tratar a endometriose antes de ficar mais grave e com sequelas.

Meu alerta às mães é que fiquem sempre de olho em suas filhas e, a qualquer sinal de anormalidade, que as incentive a procurar ajuda. Acho que a descoberta precoce da doença na Giselle foi graças a minha suspeita e insistência de que ela poderia ter endometriose, mesmo quando os médicos não descobriam nada. Não abandonem seus filhos. Prestem atenção neles. Em especial as mães precisam ser amigas de suas filhas, suas confidentes. Um beijo carinhoso! Kátia"

2 comentários:

  1. Bom dia, minha filha hoje tem 19 anos a endometriose foi diagnosticada desde os 16 anos, a um ano e oito meses fez a primeira vídeo para limpeza dos focos, em seguida iniciou Gestinol fez por mais um ano e dois meses, perdendo toda qualidade de vida, a medição não interrompeu a menstruação e ainda causou um efeito colateral de cefaleia e náusea sem parar, a 4 meses resolvemos para, as dores na época da menstruação ficaram ainda insuportáveis a ponto de causar desmaio. Conversando com um medico amigo mas que não atende pelo plano dela que é AMIL, nos recomendou o mês passado a injeção de DEPOPROVERA no primeiro dia da menstruação que foi terrível nesse dia e quero esquecer esse dia ela desmaiou na Faculdade e teve o lado direito paralisado tive muito medo é minha única filha, uma menina incrível cursa o 4 período de enfermagem e quando tornou disse que teve muito medo que tivesse tido um AVC. A injeção infelizmente está causando o mesmo efeito colateral dor de cabeça intensa e náusea nesse, estamos indo a emergência quase todos os dias. Ela vem fazendo o uso de 12 em 12 horas de Taragesic de 10 mais a dor e náusea não da uma trégua. Estou em terapia a um ano e meio, porque já não aguentava ver minha filha sofrer, já estava sentindo a dor por ela. Agora dia 10/10 ela terá uma consulta com um novo ginecologista que estamos tentando e pedir também uma encaminhamento para o psicólogo agora ela quer disse que precisa. Há 6 meses ela fez uma nova RN e os focos aumentaram. Tenho muita fé em Deus isso vem me mantendo de pé mais não está sendo fácil. Se vcs souberem de algo mais eficaz nos ajudem.

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  2. Sobre o relato acima me chamo Magda Maciel, minha filha Nathara Killen Maciel. Somos de Olinda/PE. E-MAIL magda_angel@ig.com.br

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