sábado, 31 de dezembro de 2016

ADEUS ANO VELHO, FELIZ ANO-NOVO!!! QUE TUDO SE REALIZE EM 2017!! UM NOVO ANO ABENÇOADO E ILUMINADO!!



Adeus ano velho, feliz Ano-novo, que tudo se realize no ano que vai chegar!! Meu Deus como o tempo está voando! A cada ano, parece que ele acelera ainda mais! Não é mesmo? 2016 não foi um ano fácil. Se eu fosse resumir em uma palavra seria resiliência. Crise no país, que desencadeia a financeira, problemas pessoais, que cada um tem o seu, dentre outras coisas pode deixar muitas pessoas desanimadas, tristes, mas precisamos ter fé. E a resiliência é justamente ter a capacidade de se adaptar e de solucionar as adversidades com otimismo e fé. É fazer do limão uma limonada e ter fé de que quando você é uma pessoa do bem, Deus está com você. E é com essa minha fé inabalável que entreguei tudo na vida ao nosso Pai Maior. Sei que a podridão dos seres humanos pode torná-los corruptos, desonestos, sem caráter, podem tentar comprar pessoas desonestas aqui na Terra, podem mentir e essas mentiras podem até ser convincentes aos desonestos, porém Deus sabe quem é cada um de nós. Ele sabe o caráter de cada um de seus filhos, Ele tudo vê e somente Ele é capaz de por a verdade onde há a escuridão da mentira. Ele nunca desampara seus filhos do bem. Ele apenas nos faz ficar ainda mais fortes com todos os nossos problemas. Afinal, não cai uma folha de uma árvore aqui na Terra sem o seu aval. Por isso temos de confiar Nele.

A cada ano que se inicia temos a oportunidade de mudar, de crescer, de fazer diferente, de evoluir. A chegada de um novo ano traz esperança de começar tudo de novo. De acertar o que esteve errado e de continuar o correto. Traz esperança de mudanças. Eu sempre acho que o novo ano será um grande ano. Mesmo diante das dificuldades. E com 2017 não poderia ser diferente. A EndoMarcha estará presente em 13 cidades, de 11 estados. Clique aqui e saiba as cidades participantes. Em quatro anos triplicamos as cidades e isso enche meu coração de alegria. Muito obrigada às coordenadoras e ao coordenador Renato, sim, temos um homem na coordenação de uma das cidades, por realizar este meu sonho de salvar vidas do sofrimento e espalhar a EndoMarcha no nosso Brasilzão a fora. De norte a sul, em 2017 teremos a EndoMarcha nas cinco regiões do país. E obrigada por tornar esse sonho em "nosso sonho".

2017 será regido pelo número 1. Enquanto 2016 foi dominado pelo 9, que significa encerramento de ciclos, 2017 terá o recomeço como ponto principal. É o ano do renascimento, ano de novas oportunidades, de novos desafios, de começar algo novo, algo que está parado ou que você esteja sonhando há tempos, mas que não teve coragem de realizar. 2017 será um ano para ousar, pois a energia do número 1 nos dá esta oportunidade. E temos de aproveitar esta energia renovadora, já que depois de 2017 essa mesma energia vai demorar muitos anos para voltar.

Já o planeta regente será Saturno. Os planetas regem durante décadas, e em 2017, irá começar a era de Saturno, que significa muita dedicação, foco nos objetivos, e força de vontade para realizar novos projetos. As principais características desse planeta são: organização, amadurecimento e responsabilidade. Será o ano para você organizar sua vida em todos âmbitos, pois Saturno nos faz enxergar tudo de forma mais realista e mais racional, deixando o lado romântico e sonhador para escanteio. Por esse motivo será mais fácil tomar decisões. Organize-se, trace já suas metas e abra-se para o novo em 2017.

No horóscopo chinês será o ano do Galo regido pelo elemento fogo, que vai do dia 28 de fevereiro de 2017 a 15 de fevereiro de 2018. O galo tem algumas características do pavão, tais como: a exuberância, a excentricidade e a extravagância. Porém ele também tem ótimas características, tais como, a honestidade, a compaixão, a coragem e a transparência. O galo é um animal justo, ambicioso, fala o que pensa e isso também estará presente em 2017. Realmente precisamos de mais honestidade no mundo. As pessoas andam muito corruptas, acham que o dinheiro pode comprar tudo, inventam contos de fada e os tolos acreditam. O ano do galo também representa mudança. Mas toda mudança depende muito mais de nós que de fatores externos. É preciso querer mudar. O ano governado pelo galo também promete ser intenso, emocional, um tanto agressivo e a vaidade também pode imperar. 

Em 2017 o A Endometriose e Eu fará 7 anos de vida! Sete anos de amor ao próximo, sete anos de caridade sem ver a quem, sete anos de aprendizado, sete anos de um trabalho lindo e intenso, que me proporciona uma felicidade plena e a cada ano me torna um ser humano melhor. Sete anos de doação, doação de amor, doação de carinho, doação, doação, doação. Em seis anos e oito meses já são 680 textos postados no blog. No novo ano o blog findará sua primeira infância. E que orgulho tenho dele. Que sua passagem de ano seja de muita energia positiva, muita luz, muita alegria e união. E um 2017 com muita saúde. Encerro com uma frase do Papa Francisco que amo: "Que o ódio deixe lugar ao amor, a mentira á verdade, a vingança ao perdão, e a tristeza à alegria". Agradeço a todos os nossos colaboradores do blog, que em mais um ano, contribuíram para amenizar o sofrimento do próximo. Nosso trabalho leva luz, fé e esperança a milhares de endomulheres mundo afora. Obrigada por mais um ano juntos. Aos novos colaboradores sejam bem-vindos. Muita gratidão por este ano, muita gratidão a todos que colaboram com o blog e ou com os projetos do blog. Gratidão por acreditarem em meu trabalho. Rumo aos 6, 7, 8, 9, 10 milhões de acessos em 2017!  Beijo carinhoso! Caroline Salazar

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

ENDOMARCHA 2017: AS CIDADES OFICIAIS DA 4ª EDIÇÃO DA MARCHA MUNDIAL!!

Logo oficial da EndoMarcha 2017 - Time Brasil!



Estou muito feliz com a repercussão da EndoMarcha 2017 no Brasil. No dia 25 de março 13 cidades, de 12 diferentes estados, sairão às ruas para conscientizar e chamar atenção da sociedade sobre uma doença muito cruel, que pode afetar meninas e mulheres em qualquer faixa etária, sem distinção de idade. E minha felicidade é pelo fato de a EndoMarcha já estar presente nas cinco regiões do Brasil, de norte a sul. Claro que a intenção é ter a marcha em pelo menos todas as capitais do país (o ideal seria em todas as cidades brasileiras, mas m dia chegaremos lá), mas crescemos de quatro cidades (na 1ª edição) para 13. A marcha é um trabalho voluntário, uma caminhada pacífica em prol da conscientização da doença, pois disseminamos os sintomas da endometriose com a distribuição de panfletos ao longo do trajeto. 

As cidades oficiais que realizarão a 4ª edição da Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose são: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG) – os principais estados da região Sudeste; Londrina, Curitiba e Maringá (PR), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS) – a região Sul é a que tem mais cidades -; Campo Grande (MS) e Brasília (DF) – ambas do Centro-oeste -; o Norte estreia com a cidade de Boa Vista (RR), assim como Fortaleza (CE) e Salvador (BA), ambas no Nordeste. As capitais federal e baiana participaram da 1ª edição e retornam à caminhada em 2017.

Há seis anos e oito meses o blog A Endometriose e Eu conscientiza a população sobre a endometriose e luta pelo reconhecimento da doença como social para que haja políticas públicas para as cerca de 10 milhões de endomulheres brasileiras. Já conseguimos duas leis, uma em Campo Grande (MS), graças à EndoMarcha 2014, e em Boa Vista (RR), sancionada no último mês. Vou escrever um artigo sobre ela em breve. A de Campo Grande inspirou a de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.

Mesmo sendo um grande avanço isso ainda é pouco. Podemos fazer muito mais. Para conseguirmos mais precisamos nos unir. E a EndoMarcha é o "nosso" momento, momento de unir nossas forças, de unir nossas vozes num só coro, em prol de nós mesmas, em prol da futura de geração de portadoras, seja nossas filhas ou nossas netas. A menina que tem parente de primeiro grau com endometriose tem sete vezes mais chances de desenvolver a doença do que àquelas que não têm. Não adianta sentar no sofá e ficar reclamando, xingando o governo. Precisamos agir. Este é o nosso momento. Afinal, a marcha é para nós, portadoras, lutar pelos nossos direitos e também para conscientizar a sociedade sobre seus sintomas, pois só assim há de ter o diagnóstico precoce. Não adianta se fechar em grupos e ficar em casa se lamentando. Precisamos agir, sair do mundo virtual para o real, sair às ruas e mostrar nossa "cara", que somos muitas e que precisamos de respeito e de dignidade como ser humano. 


No dia 25 de março junte-se a nós na EndoMarcha 2017. Ou você quer continuar invisível para a sociedade? Pense nisso e venha marchar conosco! Se você ainda não se inscreveué rápido e gratuitoclique aqui e ajude a salvar milhões de vidas que estão caladas e sofrendo com a endometriose. Você sabe para que serve o cadastro? Leia aqui. Chega de silêncio!  Se você deseja patrocinar a EndoMarcha 2017 em alguma cidade envie email para endomarch.brazil@gmail.com. A união faz a força e juntas somos mais fortes! Beijo carinhoso!! A capitã, Caroline Salazar

sábado, 24 de dezembro de 2016

FELIZ NATAL!!!! UMA NOITE ABENÇOADA, COM MUITA LUZ, UNIÃO, ALEGRIA E AMOR!!



Já é Natal!!! Parece que foi ontem que escrevi sobre o último Natal... Quando somos criança o Natal tem o significado de 'ganhar presentes'. Quando começamos a crescer a magia dos presentes dá lugar ao dia de reunir a família, dia que sentamos à mesa para ceiar, mas nesta noite especial não podemos deixar de lado o verdadeiro significado do Natal: o nascimento de Jesus Cristo. O nascimento daquele que nos perdoou e nos deu a vida. Nos deu a oportunidade de transformar este mundo num lugar melhor. Porém não adianta estar presente na ceia, dar presentes, rezar, e não praticar seu principal ensinamento: o amor maior ao próximo. "Ame o seu próximo como a si mesmo", Matheus capítulo 22.

O Natal significa paz, amor, alegria, fraternização e generosidade. E é tudo isso que precisamos espalhar ao mundo para que toda essa energia volte para nós, para nossa família. A energia é à base de tudo na vida. Temos de mantê-la sempre na vibração positiva, pois atraímos o que emanamos. Quanto maior o obstáculo, maior tem de ser nossa fé para superá-los. Gratidão é outra palavra que quero deixar para vocês nesta noite especial. Gratidão à vida, gratidão por nossa saúde... Às endomulheres que estão sofrendo com as dores severas neste momento peço que mantenham a fé, pois lutamos para que esse sofrimento tenha um final feliz, como aconteceu comigo e com muitas portadoras. Eu já passei Natal na cama por conta das dores e sei bem como é não estar reunida com a família. Tenham fé. Foi a minha fé que me trouxe até aqui. Abrace sua família, seus amigos. Apenas abrace e deixe seu coração comandar. 

Que a paz de Jesus Cristo esteja convosco não apenas neste dia ou nesta noite, mas em todos os dias de nossas vidas. Que Ele nos dê muitas bênçãos e muita sabedoria e que conforte as almas daquelas que sofrem neste momento Agradeço muito a Deus por todas as bênçãos que me aconteceram neste ano, tornando-o um dos melhores da minha vida. Como nossa tradição, farei a retrospectiva em breve. Beijo carinhoso!! Caroline Salazar e equipe

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

"GESTAÇÃO DO CORAÇÃO": TODOS OS DETALHES DO MEU TÃO SONHADO PARTO DO CORAÇÃO!!

                    Ane, Paulo e Danilo: família completa por meio da adoção tardia
Olhando a foto que ilustra esta matéria, eu me emociono. Lágrimas caem pelo meu rosto e meu coração transborda de alegria. Há pouco mais de três anos Deus quis que meu caminho se encruzasse com o de Ane e Paulo. Nos conhecemos pelo facebook. Ane, aflita e morrendo de dores por conta da endometriose, me mandou mensagem para saber de tratamentos em São Paulo, já que na Bahia, estado onde morava, não tinha tratamento pelo SUS a ela. Conversávamos há alguns meses quando ela resolveu viajar até São Paulo. Paulo ficou, pois lecionava. Três meses depois cá estava Paulo de mala e cuia. Largou tudo, inclusive, seu emprego estável para acompanhar sua esposa em sua longa jornada em busca de qualidade de vida. Leia a história completa de Ane com a endometriose. Quando os conheci pessoalmente, me apaixonei logo de cara. 

Decidiram ficar na capital paulista, pois na Bahia Ane não teria tratamento. Começaram do zero, os dois se descobriram inférteis, mas nem por isso desistiram do desejo de serem pais. Em menos de três anos após a mudança construíram sua família. E hoje ao fazer esse flashback realmente não consigo conter as lágrimas. Adotar é um ato nobre de um amor ao próximo, assim como Jesus nos dá, que poucos seres humanos são capazes. Quando Ane me ligou para contar que sua bolsa tinha estourado nossa quase morri de emoção. Que Deus em sua divina misericórdia conceda a essa família todas as bênçãos do mundo. Com vocês o tão sonhado parto do coração da minha querida Ane. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

Por Ane Bulcão
Edição: Caroline Salazar

Olá meninas estou de volta, agora para contar como foi nosso tão sonhado parto do coração. Estamos em dezembro, mês do meu aniversário, mas o meu presente eu ganhei três meses  atrás! Por conta da adaptação e da mudança de 360º em minha vida não consegui contar antes, mas também porque queria não só contar, mas mostrar a vocês minha família. Como nós ainda não tínhamos a guarda definitiva dele, não podia citar seu verdadeiro nome e nem mostrar seu rosto.

A gente sempre ouve falar que quando a mulher tem uma gestação tranquila e normal, via de regra, quando ela entra no nono 9º mês já tem que estar com tudo pronto para ir pra maternidade, pois a qualquer momento a bolsa pode estourar.

Com quem está na fila de adoção acontece do mesmo jeito. A única diferença está no fato do tempo de gestação que a depender de cada caso pode durar meses ou até mesmo alguns anos. No meu caso, minha gravidez durou um ano e 15 dias. Já tinha passado pelas contrações de treinamento e as primeirascontrações do meu trabalho de parto, e enfim chegou o nosso grande momento. A bolsa estourou quando menos esperávamos. Era dia 29 de agosto, às 12h50. Eu estava no trabalho, acabando de fazer um atendimento de interpretação (de Libras) quando de repente o celular tocou e era do fórum. Atendi, e do outro lado da linha uma moça me avisou que o juiz já havia assinado o termo de guarda para fins de adoção, e que por isso eu e meu esposo teríamos de ir imediatamente buscar nosso filho, pois uma vez que a criança já tenha sido dada em adoção não poderia permanecer mais no abrigo.

Eu não sabia se chorava ou se ria e emoção. Na mesma hora avisei ao meu esposo. Estava aos prantos de alegria, fiquei muito emocionada. Depois liguei para minha chefe avisando que teria que viajar para buscar meu filho. Combinei com meu esposo de nos encontrarmos para comprar as passagens de ônibus e em seguida arrumar rapidamente as malas. Eu tremia tanto, chorava e ria ao mesmo tempo era uma emoção que não dá para descrever. Pegamos a estrada, e foram sete horas de viagem que mais pareciam uma eternidade. 

Quando chegamos lá nossa amiga, a missionária que fez a ponte entre nós e nosso filho, nos avisou que uma emissora de televisão soube do nosso caso e que gostaria de fazer uma entrevista conosco, pois estavam fazendo uma série de reportagens sobre adoção para um programa que vai ao ar em breve. Aceitamos prontamente o convite, pois queremos muito contribuir para que mitos e até preconceitos sobre a adoção tardia sejam desfeitos. Afinal de contas quem leu meus textos anteriores vai lembrar que nosso filho tem 10 anos (fez em 02 de outubro) e é surdo. Desde o primeiro texto usei o nome fictício de Marco a fim de preservá-lo, pois ainda o processo a nosso favor não tinha acontecido, mas agora posso revelar seu nome verdadeiro: Danilo, cujo significado é: o Senhor é meu juiz ou Deus é o meu juiz. É um nome de origem hebraica, e simboliza as características de uma pessoa guiada, protegida e juizada por Deus. E é isso que ele é e será, alguém guiado por Deus.


Meu príncipe é um garotinho esperto, cheio de vida e energia, por onde passa faz amizades e cativa todos a sua volta por ser muito carismático e de sorriso fácil. Ele chegou para completar nossa família e transbordar de alegria. Como foi tudo muito rápido, ainda não tinha feito o enxoval de Danilo. Por isso os irmãos da nossa igreja logo trataram de nos abençoar com um chá de criança improvisado. Foi lindo. Lá as crianças estão aprendendo a Libras e alguns irmãos adultos também. Todos estão querendo se comunicar com ele e meu coração está cheio de graça e gratidão ao Senhor pelas incontáveis bênçãos. 

No próximo texto falarei como tem sido o período de adaptação no novo lar, às dificuldades e as alegrias de ser mãe endoguerreira que ainda tem que superar a dor e vivenciar a mais doce missão da maternidade em sua plenitude. Beijo carinhoso!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

"COM A PALAVRA, O ESPECIALISTA" DOUTOR HÉLIO SATO!!

Em “Com a Palavra, o Especialista”, o doutor Hélio Sato responde dúvidas de duas leitoras. Uma está com suspeita de narcolepsia (nota da editora: distúrbio do sono que causa sonolência excessiva durante o dia) e quer saber se o remédio para tratar o problema poderá interferir em seu tratamento, e a outra quer saber se é normal soltar gases pela vagina. E com você, já aconteceu isso também? O doutor Hélio explica a possível causa. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

- O blog tem dicas excelentes! Acompanho sempre. Queria uma ajuda, pois pesquisei muito na internet e não encontrei respostas. Estou com suspeita de narcolepsia e se confirmar vou ter de fazer o tratamento com o medicamento Stavigille. Gostaria de saber se este medicamento tem algum impacto na endometriose?  Anônima – Rio de Janeiro

Doutor Hélio Sato: O modafinila pode interferir na ação das medicações hormonais, dentre eles, o anticoncepcional hormonal, principalmente, aqueles que são ingeridas e menos nas injetáveis, nos adesivos e nas de absorção vaginal. Portanto, sugiro trocar as medicações hormonais orais por outras vias de administração.

- É normal ter/ soltar gases pela vagina? Não estou falando na relação sexual, digo liberar gases normalmente, no dia a dia, por este órgão? Anônima – São Paulo

Doutor Hélio Sato: Não é normal, sugiro investigar  o que é, mas o mais provável é que isso ocorre por alguma flacidez das paredes da vagina que pode ser corrigido.

Sobre o doutor Hélio Sato: 


Ginecologista e obstetra, Hélio Sato é especializado e endometriose, em laparoscopia e em reprodução humana. Tem graduação em Medicina, Residência Médica, Preceptoria, Mestrado e Doutorado em Ginecologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e foi corresponsável do Setor de Algia Pélvica e Endometriose da mesma instituição. 

Hélio Sato tem certificado em Laparoscopia pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e de Obstetrícia. É membro da AAGL “American Society of Gynecology Laparoscopy” e é coordenador de pesquisas da clínica de reprodução humana GERA e está à frente nas seguintes linhas de pesquisas: endometriose, biologia celular e molecular, cultura celular, polimorfismo gênico e reprodução humana. (Acesse o currículo Lattes do doutor Hélio Sato). 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

OS RÓTULOS QUE AS PORTADORAS DE ENDOMETRIOSE NÃO DEVERIAM TER!!

             imagem cedida por Free Digital Photos
Já escrevi sobre como a dor da endometriose afeta o psicológico de uma endomulher. Infelizmente as portadoras de endometriose ainda sofrem muito julgamento e 'pré-conceitos' da sociedade, seja dos próprios médicos (um grande absurdo!), bem como de seus familiares, amigos e afins. Um dos grandes erros dos profissionais de saúde é rotular as portadoras como se fosse culpa da mulher o fato de ela ter uma doença tão grave quanto a endometriose. Como seria o seu humor se você que come todos os dias, faz todas as refeições, mas evacua apenas duas, três vezes ao mês? Sim ao mês! Pois é dias atrás conversando com uma amiga de como eu era antes da minha primeira cirurgia, em 2010, falei que eu evacuava no máximo umas três vezes ao mês, quatro era luxo, e na mesma hora ela perguntou: "Nossa, isso significa que você era muito estressada, nervosa, mal-humorada?" A resposta foi: "Sim". O intestino é nosso segundo cérebro, e nosso corpo funciona bem quando todos nossos órgãos funcionam adequadamente. Quando um não funciona direito tudo no nosso  organismo se desestrutura. Sem contar a dor lancinante da endo. Como seria seu humor vivendo assim? Como não ser estressada, nervosa? Não é justo rotular a portadora. É fácil falar e colocar a culpa na mulher quando não sabem resolver o problema. Para falar sobre os rótulos que colocam nas endomulheres convidei a psicóloga e também portadora da doença Lívia Burin (já contamos a história dela no blog). Beijo carinhoso! Caroline Salazar

Por Lívia Burin
Edição: Caroline Salazar

Sou psicóloga clínica e sempre me interessei pela contribuição que a psicologia pode oferecer à área da saúde. Após concluir minha graduação (há dez anos), realizei aprimoramentos nas áreas de psicossomática, psico-oncologia e psicanálise. Hoje atuo em saúde pública, no Programa de Saúde da Família, em uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Também atendo em consultório, e ambas as práticas são muito enriquecedoras.

Apesar de toda a conscientização por atendimento mais humanizado nos últimos anos, muitas vezes os pacientes não são vistos como um todo pelos profissionais de saúde, o que interfere negativamente no tratamento. Quando há escuta qualificada e um bom trabalho em equipe multiprofissional, o desfecho costuma ser muito positivo.

O indivíduo precisa ser devidamente informado sobre seu quadro. É fundamental que se sinta à vontade para tirar suas dúvidas e expor sua história. Cada caso é único, mesmo que os sintomas físicos se assemelhem. Com acesso à informação, atendimento de qualidade e acolhimento, é muito mais fácil aderir ao tratamento, e se responsabilizar por ele.

Fui diagnosticada com endometriose em 2012 e, apesar do diagnóstico tardio, encontrei uma ótima profissional, responsável por um tratamento de qualidade no qual não sou apenas “endomulher”. Tenho clareza de que fui privilegiada e venho notando em minha prática clínica muitas mulheres com sintomas que podem ser de endometriose (ou algum outro quadro ginecológico importante), sem ideia alguma de como buscar ajuda. Algumas afirmam ser algo normal, pois acabaram incorporando a própria fala de profissionais mal informados, e seguem com dores e incômodos significativos.

Por conta destes aspectos profissionais e pessoais, venho estudando mais a respeito da endometriose, em especial no que diz respeito ao comprometimento da qualidade de vida e aspectos psicológicos. Contarei abaixo um pouco do que tenho acompanhado na literatura científica.

O principal obstáculo é a busca por diagnóstico, que leva em média 10 anos. Neste período, a mulher acaba se deparando com julgamentos diversos, tanto profissionais, como leigos. A maioria demonstra descaso em relação aos sintomas, o que a leva a se culpabilizar e a se desqualificar, chegando a acreditar que não existe doença alguma. “É frescura; isto é psicológico; engravida que passa; é normal ter cólica; tem um tratamento natural que cura isto” – e por aí vão os palpites, muitas vezes na melhor das intenções.

Os principais impactos decorrentes do quadro – em especial os mais graves ou ainda não diagnosticados – são os seguintes:

- Limitações devido à dor (diminuição da vida social, menor produtividade no trabalho, falta de disposição);

- Sensação de impotência frente aos sintomas, e maior risco para quadros depressivos;

- Aumento de estresse e ansiedade (em especial quando há pouco acesso a serviços de saúde e não há perspectiva de tratamento possível);

- Prejuízos na vida sexual/afetiva (quando há dor durante a relação, denominada dispareunia);

- Comprometimento da fertilidade (dependendo do caso).

Há uma série de estudos que propõem um perfil da mulher com endometriose. Segundo eles, há alguns traços comuns entre as portadoras, tais como: ansiedade, autoexigência, elevado coeficiente intelectual e estresse. Há autores que usam a expressão “doença da mulher moderna” (nota da editora: já falamos sobre isso leia os textos 1 e 2), associando o quadro às mulheres que se dividem entre suas carreiras e demais demandas da sociedade (família, tarefas domésticas, etc).

Penso que estas hipóteses rotulam e generalizam muito mais do que contribuem para refletir sobre apoio, políticas públicas e formas de prevenção e promoção de qualidade de vida das portadoras. É bastante delicado afirmar que se trata de um quadro que acomete mulheres ansiosas, por exemplo, pois isto responsabiliza inteiramente a portadora, e ignora tantos outros fatores também atuantes quando se fala em origem da doença. Tais como: predisposição genética, tendência a gestações mais tardias e menarcas mais precoces, menstruação retrógrada, entre outros aspectos culturais, ambientais e orgânicos.

Ansiedade e estresse interferem negativamente em qualquer quadro de dor crônica (não são privilégio da endometriose) e alteram negativamente a percepção que as pessoas têm de si mesmas e da própria dor. Mas é necessário avaliar caso a caso, e verificar o que veio primeiro: os sintomas psicológicos acima citados ou a dor crônica e demais desconfortos trazidos pela endometriose? A prevalência de depressão em pessoas com doenças crônicas é alta e também foi constatada nas portadoras de endometriose, acometendo principalmente as que referem dor crônica e constante (aproximadamente 80%).

O atraso no diagnóstico e a dificuldade de acesso aos tratamentos aumentam ainda mais os riscos para transtornos depressivos e outras alterações de humor, pois prejudicam a qualidade de vida daquela mulher. Orientação à família (especialmente ao parceiro), grupos de apoio, psicoterapia, atividade física, práticas de relaxamento e controle da dor são algumas opções de estratégias para lidar com os sintomas e buscar maior qualidade de vida.

Para elaborarmos medidas efetivas e complementares ao tratamento ginecológico é importante partir da escuta a estas mulheres, a fim de dar voz as suas queixas. O estudo mais interessante que li a respeito propõe exatamente isto: mais pesquisas que levem em conta aspectos qualitativos. Temos que ouvir sobre como cada mulher vivencia seu quadro, e ter como meta informá-las e fortalecê-las, a partir de suas necessidades.

Outro estudo destacou a importância dos grupos de apoio e conscientização como instrumento para empoderar as mulheres. A troca de informação de qualidade, e de experiências dentro do grupo as auxilia a ter mais condições de lutar por seus direitos, e exigir providências da área da saúde. Acho que o trabalho do A Endometriose e Eu contribui muito neste sentido.


Se você foi diagnosticada com endometriose ou conhece alguém que esteja nesta situação, não tente atribuir causas à doença, e lembre que cada caso é um caso. Apoie, ouça, não critique. Busque tratamento, informação e apoio psicológico se necessário. Com o tratamento adequado e demais forma de apoio é possível levar uma vida normal, com melhora significativa na qualidade de vida e alternativas para a infertilidade. Aproveito para convidar todas que lerem este texto para marchar conosco no dia 25 de março, na EndoMarcha 2017. Juntas somos mais fortes! Beijo carinhoso! 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

PUBLIEDITORIAL: VOCÊ SABIA QUE É POSSÍVEL CONTROLAR OS SINTOMAS DA ENDOMETRIOSE?

Recadinho da Laura para você! 



Por Caroline Salazar

A dor - seja a cólica muito forte, para evacuar, para urinar, na lombar e ou na relação sexual - é o principal sintoma da endometriose. Sabe-se que cerca de 70% das portadoras da doença sofrem com as dores severas da doença. Infelizmente muitas delas perdem sua qualidade de vida passando boa parte de seus dias numa cama. Para aquelas que sofrem com os sintomas da doença e não querem ou não tem indicação para realizar a videolaparoscopia há no mercado drogas modernas desenvolvidas especialmente para tratar a endometriose.

Dentre as disponíveis está o Alurax – dienogeste 2mg -, que pode controlar os sintomas devolvendo às endomulheres sua tão sonhada qualidade de vida. Porém para que isso aconteça é importante que as portadoras sejam acompanhadas por um profissional que realmente entende da doença, de como tratá-la, e especialmente, de como tratar a mulher como um todo.

A anamnese, ou seja, a entrevista detalhada durante a consulta é onde o médico irá suspeitar que aquela mulher possa ou não ter a doença. Se a endometriose for profunda e infiltrativa e dependendo de sua localização, no exame de toque o especialista já consegue tocar os nódulos. Os exames de imagens realizados por radiologistas especializados complementam os exames clínicos feitos pelo especialista e ajudam a fechar o diagnóstico.

O Alurax contém 30 comprimidos e é tão acessível quanto o genérico, que custa apenas 55% do preço de Allurene, mas com a segurança e a credibilidade de um produto de marca e com a chancela Momenta Farma. Uma das missões da Momenta é justamente "promover o acesso à saúde e à qualidade de vida com tratamentos a preço justo”. Com cerca de três anos de atuação, a Momenta tem qualidade garantida e já é reconhecida pela comunidade médica, pelos farmacêuticos e pelos farmacistas.

Converse com seu especialista em endometriose a respeito do Alurax. Vale lembrar que todo medicamento deve ser prescrito pelo seu especialista. Não tome nenhum remédio sem o consentimento de seu médico. Algumas redes de drogarias estão vendendo pela internet o Alurax muito mais em conta que nas farmácias físicas – cerca de 20% mais barato que o preço original -, como é o caso da Drogaria São Paulo e Drogasil. 

Se você tiver dificuldade de encontrar o Alurax em sua cidade, vou deixar o telefone do SAC para você saber quando ele estará disponível na farmácia mais próxima de sua casa: 0800 703 1550 ou se preferir envie email para central@momentafarma.com.br. Se você tiver dificuldade de encontrar o Alurax em sua cidade, vou deixar o telefone do SAC para você saber quando ele estará disponível na farmácia mais próxima de sua casa: 0800 703 1550 ou se preferir envie email para central@momentafarma.com.br. 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

OS 10 MOTIVOS PORQUE AINDA ACREDITAMOS QUE A ENDOMETRIOSE VEM DA MENSTRUAÇÃO RETRÓGRADA!

imagem Clínica Pelvi 

Em mais um texto exclusivo o doutor Alysson Zanatta lista os 10 motivos pelos quais ainda acredita-se que a endometriose é causada pela teoria de Sampson, mais conhecida como  menstruação retrógrada. Tanto o doutor Alysson quanto o doutor David Redwine batem na mesma tecla: os médicos apenas irão saber tratar a doença quando eles souberem a causa. Isso parece lógico, não!? Pois é, mas infelizmente não é o que acontece. O que vemos hoje em dia é uma grande reincidência da doença, mulheres perdendo seus órgãos reprodutores, muitas vezes por erro do médico, pois é mais fácil retirar os órgãos que a doença. Precisamos mudar este quadro no Brasil e isso só é possível com a informação, mas não com qualquer informação, mas sim com a correta. Espalhe a correta conscientização da endometriose compartilhando os textos do A Endometriose e Eu. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
Por doutor Alysson Zanatta
Edição: Caroline Salazar

Os 10 motivos porque ainda acreditamos que a endometriose seja causada pela menstruação retrógrada.


Olá queridas leitoras do Blog A Endometriose e Eu.
Em artigo recentemente traduzido “Samspon estava errado?” (leia a parte 1 e a parte 2), o doutor David Redwine discorre sobre a teoria da menstruação retrógrada como explicação para a origem da endometriose. Essa teoria foi proposta há quase 100 anos por John Samspon, e hoje ainda é a teoria mais aceita para explicar a doença.
No artigo, o doutor Redwine explica as múltiplas falhas dessa teoria, e a sua completa falta de comprovação científica. Ao final, sintetiza os achados de outros pesquisadores (alguns que antecederam John Sampson) e propõe que a teoria da metaplasia celômica pode explicar com maior exatidão os mecanismos da doença. Segundo essa teoria, células indiferenciadas presentes desde o período embrionário (quando as mulheres ainda estão se formando no útero de suas mamães) se transformam, sob estímulo de estrogênio e ao longo da vida da mulher (talvez até os 25 a 35 anos de idade), nas lesões de endometriose que identificamos na mulher adulta. Há de se destacar que o Dr. Redwine escreveu esse artigo antes de surgirem os primeiros estudos que comprovaram a presença de endometriose em fetos (em 2009), o que reforça ainda mais a teoria da metaplasia celômica (ou de doença de origem embrionária que passa por metaplasia celômica). E, diferentemente da invasão tecidual por células da menstruação, o achado de endometriose em fetos é um achado de verdadeira comprovação científica.
Mas, se temos provas que existe endometriose em fetos, e se por outro lado não temos provas que células endometriais refluídas com a menstruação possam “invadir” os órgãos e se transformarem em endometriose, porque ainda acreditamos que a menstruação seja a causa da endometriose?
1 - O útero sempre foi a causa dos problemas das mulheres: na idade média, acreditava-se que ó útero era um órgão que se movia pelo corpo, um ser voraz, e que quando não tratado adequadamente, manifestava sua ira na forma de dores e doenças. Uma das doenças era a histeria ou loucura. Histeria é derivada de histero, que significa útero em grego. Ou seja, a loucura seria causada pelo útero.
As cólicas e os sangramentos excessivos significavam que o útero precisava ser “alimentado”, e recomendava-se atividade sexual como forma de tratamento. Em suma, todos os esforços deveriam ser feitos para acalmar o útero.
 A ideia de que o útero seja o grande responsável por doenças femininas é viva e muito presente no dia de hoje. Prova é que a histerectomia (cirurgia de retirada do útero) é a cirurgia ginecológica mais realizada no mundo. A histerectomia costuma ser recomendada para diversas causas de dor pélvica, mesmo quando não há causa identificada de doença no útero, como é o caso da endometriose. Muitas mulheres persistem com dores após a histerectomia, mostrando que o útero não era a causa da doença.
2- Os sintomas da endometriose costumam ser mais intensos durante a menstruação: a dismenorreia (cólica menstrual) é o sintoma típico da endometriose, especialmente quando acompanhada de sinais vagais (náuseas e vômitos, queda de pressão, sensação de desmaio). Além disso, lombalgia, dores nas pernas, alterações intestinais (intestino “mais solto”) e urinárias são mais intensas e frequentes durante o período menstrual. Portanto, é fácil deduzir que a causa das dores seja a menstruação.
Acredita-se que durante a menstruação a endometriose estaria “aumentando”, estaria “se espalhando” pela pelve. Fato é que muitas mulheres com endometriose veem a menstruação como um fantasma, e sentem que sua doença está aumentando a cada mês que menstruam, sentindo pânico por menstruarem.
Felizmente isso não acontece. Como destacado, não há provas do evento básico que explicaria a menstruação retrógrada como causa da endometriose: a capacidade da célula endometrial proveniente da menstruação aderir e invadir os órgãos da pelve.
3- Os sintomas da endometriose costumam melhorar com medicações hormonais que suspendem a menstruação: os anticoncepcionais, na forma de pílulas, injeção, dispositivos intrauterinos (DIU) ou outros, costumam melhorar as dores causadas pela endometriose, e até mesmo fazê-las desaparecerem. Assim, se a mulher interrompe sua menstruação, e se ao mesmo tempo as dores melhoram, conclui-se que a causa das dores seja a menstruação. Essa conclusão costuma ser extrapolada ao ponto de se dizer que as medicações estão “tratando” a doença, fazendo-a “diminuir ou desaparecer”.
Sim, é fato que os hormônios podem controlar a dor (entretanto, com respostas variáveis e temporárias), e eles podem ser importante ferramenta no manejo da endometriose. Mas infelizmente nenhuma medicação hormonal é capaz de tratar a endometriose, tratá-la no sentido de erradicá-la, fazê-la desaparecer. O principal efeito é no controle da inflamação que ocorre nas lesões. Mas as lesões persistem independentes do tempo e de qual hormônio é utilizado. Seria mais correto afirmarmos que as medicações são capazes de controlar a dor da endometriose, total ou parcialmente.
4 - Os sintomas da endometriose costumam desaparecer durante a gestação e a amamentação: aqui, o raciocínio é o mesmo para o uso de medicações que suspendem a menstruação. Mulheres grávidas, ou que estejam amamentando, não costumam ter dores de endometriose.  Assim, conclui-se da mesma forma que a menstruação estava sendo o motivo da doença, pois, como houve a gestação e a amamentação a menstruação foi suspensa naturalmente, então as dores melhoraram.
Outra extrapolação dessa teoria (e mito) é que a gravidez “trataria” a endometriose. Infelizmente (e novamente), isso não acontece. As lesões de endometriose persistem exatamente iguais após a gestação, podendo estar menos inflamadas e até mesmo deixarem de causar dor. Mas ainda estarão lá, presentes.
5 - Existem diferentes tipos de endometriose, mas elas são interpretadas de forma única: há três tipos de endometriose: (a) peritoneal, (b) profunda, e (c) ovariana. Endometriose peritoneal é aquela lesão superficial e identificada apenas durante procedimentos cirúrgicos. Endometriose profunda é aquela que forma nódulos (enrijecidos, irregulares), capazes de serem detectados durante o exame ginecológico e por profissional capacitado no exame de imagem (ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e/ou ressonância magnética da pelve). Já a endometriose ovariana é aquela presente na forma de cistos achocolatados, os endometriomas, que são facilmente detectados à ultrassonografia, porém já representando uma fase avançada da doença. Os endometriomas são consequência da endometriose profunda. Praticamente não existe endometrioma sem endometriose profunda (associação maior que 99%)
Mas apesar das lesões terem formas e comportamentos distintos, elas são estudadas e interpretadas como se fosse uma única doença. Quase todos os estudos científicos são realizados com endometriose peritoneal, onde é possível sim reproduzir e mimetizar uma lesão de endometriose de forma experimental. As conclusões obtidas nos estudos de endometriose peritoneal são então, erroneamente, extrapoladas para as outras formas da doença, que são diferentes.
Prova que são diferentes é que, mesmo com modernas ferramentas e pesquisadores capacitados, não é possível desenvolver experimentalmente a endometriose ovariana ou a profunda. Jamais conseguimos produzir endometriose ovariana ou profunda em laboratório. De maneira simplificada, tente injetar sangue menstrual no intestino ou em um ovário de um camundongo e observe se haverá formação de endometriose. Não, esse não é um evento biológico que acontece.
Décadas atrás tentou-se injetar sangue de puérperas (mulheres com parto recente) em suas próprias paredes abdominais para testarem a possibilidade de se formar o endometrioma de parede (uma forma de endometriose profunda). Pasmem, essa foi uma pesquisa realizada em uma maternidade norte-americana na década de 1950, estudo que seria inaceitável nos dias de hoje. O que aconteceu? Nada. Não houve endometriose, pura e simplesmente. Felizmente também não houve maiores complicações com esse experimento absurdo.
Assim, conseguimos reproduzir em laboratório apenas a endometriose peritoneal. Mas, deduz-se erradamente que todas as formas da doença sejam iguais e que sejam causadas pela menstruação. A extrapolação equivocada das conclusões dessas pesquisas colabora para a perpetuação da mentira da teoria da menstruação retrógrada.
6 - A mídia propaga a teoria da menstruação retrógrada: médicos capacitados (e que por cima ainda são excelentes comunicadores) revezam-se diariamente na mídia escrita e televisiva (programas matinais, etc.) para falarem sobre saúde. E quando o assunto é endometriose, um dos primeiros tópicos abordados é a teoria da menstruação retrógrada.  Não porque sejam maus profissionais (pelo contrário, reitero que costumam ser os melhores), mas porque estão repetindo informações que lhes foram ensinadas nas faculdades, que lhes foram passadas pelos seus assessores, mas que não têm comprovação científica.
As consequências da propagação da teoria da menstruação retrógrada na mídia televisiva podem ser extremamente desastrosas. Falamos de milhões de mulheres que podem ter acesso a apenas essa fonte de informação, sem a possibilidade de consultas com especialistas ou acesso a outras fontes de informação.
7 - A indústria farmacêutica propaga a teoria da menstruação retrógrada: graças aos esforços e pesquisas da indústria farmacêutica, hoje podemos contar com medicações capazes de controlarem (em maior ou menor grau) a dor da endometriose, e de proporcionarem melhor qualidade de vida às mulheres. Isso é fantástico.
E para comercializar seus produtos, a indústria vale-se do marketing.  Isso é natural em qualquer negócio. Entretanto, no caso da endometriose, esse marketing pode ser agressivo, e levar a conclusões equivocadas.
Pensem comigo: se a infecção é causada por uma bactéria, e eu comercializo um antibiótico, nada mais natural do que eu fazer marketing demonstrando qual é essa bactéria e os malefícios que ela pode causar, pois eu comercializo justamente o antibiótico capaz de matar aquela bactéria.
Ora, se eu comercializo uma medicação capaz de suspender a menstruação e controlar a dor da endometriose, eu buscarei divulgar que a endometriose é causada pela menstruação, pois eu comercializo justamente a medicação capaz de suspender a menstruação! Não haveria nada de mal nisso, fosse a endometriose causada pela menstruação. Mas não o é. Não há provas que a menstruação retrógrada cause endometriose. Então, como propagandear um fato que não tem comprovação científica? A bula de uma conhecida pílula lançada no mercado há alguns anos começa com a seguinte frase “a endometriose é causada pela menstruação...”. É a primeira frase da bula. O marketing que nós médicos recebemos dos laboratórios é essencialmente direcionado à teoria da menstruação retrógrada. Isso não causaria maiores problemas, não fosse o fato de que alguns médicos têm como fonte de informação científica exclusiva aquela recebida dos laboratórios, por vezes enviesada.
imagem Clínica Pelvi 
Repito que a possibilidade de termos medicações capazes de controlar a dor da endometriose é algo fantástico. Mas devemos ser cautelosos com o tipo de marketing realizado. É como dizer que o cigarro te torna mais saudável, algo que também não tem comprovação científica.

8 - Futuros médicos são ensinados que a endometriose é causada pela menstruação retrógrada: como ex-professor de Ginecologia da Universidade de Brasília, pude contribuir e vivenciar o ensino aos futuros médicos. E como dizer algo diferente do que está nos livros-textos? Não é simples. Por vezes você certamente pode ser interpretado como “maluco”! Mas fato é que os livros continuam a trazer a teoria da menstruação retrógrada como a principal explicação para a endometriose, por motivos que já destaquei, dentre os quais o principal é a extrapolação de conclusões de pesquisas com endometriose peritoneal.
E, se futuros médicos são ensinados assim, é possível que a teoria da menstruação retrógrada ainda se perpetue por um longo tempo. É necessário que se quebre o ciclo de propagação de informações sem comprovação científica, por mais desafiador que se possa parecer.
9 - A endometriose é visualmente identificada (ou não) de diferentes maneiras por diferentes médicos: como falar de uma doença que pode ser “enxergada” (ou não) de diferentes maneiras por diferentes médicos? Dez diferentes médicos não teriam dificuldade em identificar e retirar um bebê durante uma cesárea. Mas dez diferentes médicos poderiam identificar as lesões de endometriose de dez formas diferentes durante as cirurgias ou simplesmente não identificá-las. Esse é um dos grandes desafios da endometriose.
 Para exemplificar, sugiro às mulheres que passaram por laparoscopia a mostrarem as imagens de suas cirurgias para diferentes médicos. Pasmem, vocês certamente ouvirão diferentes opiniões. Ouvirá relatos como “não há nada, está tudo normal”, ou “são apenas aderências”, ou “há pequenas lesões de endometriose, sem maior gravidade”, ou então “há várias e graves lesões de endometriose, como posso ver aqui, aqui e aqui...”. Ressalto, diferentes médicos vendo as mesmas imagens. E porque isso acontece? Não necessariamente há “maus e bons médicos”, mas sim diferentes experiências.
 Novamente, nos remetemos à formação médica nas universidades, aos nossos livros-texto e professores, e o que eles nos mostram como sendo lesões de endometriose. Meu cérebro só será capaz de identificar uma lesão de endometriose se eu tiver visto antes uma lesão de endometriose, se alguém tiver me falado que aquela lesão é endometriose, se eu acreditar que realmente possa ser endometriose e removê-la em sua totalidade e se a biópsia confirmar que aquela lesão é endometriose. Se nunca me mostraram (ou se eu não tive o interesse de aprender) como é uma lesão de endometriose intestinal, ou uma lesão profunda retroperitonial “escondida” atrás das “aderências”, então eu jamais serei capaz de identificar o que é endometriose.
O mesmo raciocínio vale para os exames de imagem (ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e/ou ressonância magnética pélvica), onde apenas alguns profissionais serão capazes de “enxergar” onde está a endometriose profunda.
 Pois então, se eu não consigo identificar visualmente a doença, como entender sua evolução e história natural? Parece mais óbvio então eu concluir que, quando eu identificar as lesões, ela foram causadas pelas últimas menstruações, ao invés de concluir que ela já poderia estar presente há muito mais tempo, só que não era identificada.
 Não enxergar a endometriose significa não tratar a endometriose. Não enxergar a endometriose significa perpetuar a noção de que ela seja causada por menstruação retrógrada.
 10 - A teoria da menstruação retrógrada justifica todas as falhas terapêuticas: e por último, o mais importante, conforme destacado no texto referência do Dr. David Redwine. Dizermos que a menstruação causa endometriose justificará, automaticamente, a persistência da endometriose após qualquer tipo de tratamento realizado, seja com uma pílula ou uma fertilização para engravidar ou uma cirurgia. A teoria da menstruação retrógrada justifica as múltiplas cirurgias que algumas (não raras) portadoras de endometriose sofrem ao longo de sua vida. A mulher estaria fadada a conviver para sempre com uma doença crônica, sem cura, até o momento de sua menopausa, pois ela sempre vai menstruar e a endometriose sempre voltará. Seria muito melhor se, ao invés de justificarmos as falhas terapêuticas, encontrássemos maneiras eficazes de tratar a doença.
Conclusão:
Vários fatores contribuem para a perpetuação da teoria da menstruação retrógrada como causa da endometriose, proposta por Sampson em 1921. Fatos seculares (o útero como causa das doenças femininas) e modernos (propagação pela mídia televisiva), associados à dificuldade de identificação da endometriose nos exames e mesmo durante as cirurgias, são responsáveis pela infeliz perpetuação dessa teoria.
A discussão da origem da endometriose é de extrema importância, até mesmo mais importante que a discussão de tratamento clínico ou cirúrgico da doença. Entendida a doença, entendidas serão as maneiras de tratá-la. Os progressos serão então concretos, e milhões de mulheres ao redor do mundo terão a chance de viverem livres da doença. 


Sobre o doutor Alysson Zanatta:

Graduado e com residência médica pela Universidade Estadual de Londrina, doutor Alysson Zanatta tem especializações em uroginecologia e cirurgia vaginal pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cirurgia laparoscópica pelo Hospital Pérola Byington de São Paulo e doutorado pela Universidade de São Paulo, USP. Suas principais áreas de atuação são a pesquisa e o tratamento da endometriose, com ênfase na cirurgia de remoção máxima da doença. Seus inter­esses são voltados para iniciativas que promovem a conscientização da população sobre a doença, como forma de tratar a doença adequadamente. É diretor da Clínica Pelvi Uroginecologia e Cirurgia Ginecológica em Brasília, no Distrito Federal, onde atende mulheres com endometriose, e Professor-adjunto de Ginecologia da Universidade de Brasília (UnB). (Acesse o currículo lattes do doutor Alysson Zanatta).