quinta-feira, 22 de setembro de 2016

"GESTAÇÃO DO CORAÇÃO": AS PRIMEIRAS CONTRAÇÕES DO MEU PARTO DO CORAÇÃO!

imagem cedida por Free Digital Photos

Enfim chegou o grande dia das primeiras contrações da nossa querida Ane. Pouco mais de um ano após entrar para o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), Ane e Paulo finalmente estão perto de desfrutar os prazeres e os desafios da maternidade/ paternidade. Acompanho a história deste casal maravilhoso desde quando Ane viajou da Bahia a São Paulo onde fez seu tratamento para tratar sua endometriose em 2012. Na época Paulo ainda morava na Bahia, mas ele decidiu largar tudo e recomeçar do zero na capital paulista ao lado da esposa, pois é o local onde Ane teria seu tratamento. Depois a cirurgia de Ane, a descoberta de sua infertilidade causada pela doença. Logo depois Paulo também descobriu que ele também era infértil, por conta da quimioterapia que fez quando era criança para tratar um câncer. Deus sabe o que faz. Hoje eles estão perto de terem sua família. Estou muito feliz por compartilhar e participar desta história com final feliz. Beijo carinhoso! Caroline Salazar


Por Ane Bulcão
Edição: Caroline Salazar

As primeiras contrações do meu parto do coração.  

Depois de falar sobre as contrações de treinamento do meu tão desejado parto, enfim chegou as férias tão sonhadas. Afinal de contas, este momento foi separado para que pudéssemos ter nosso momento oficial de aproximação com nosso filho o que configura de fato as contrações reais do meu parto. Estávamos no mês de julho e com autorização judicial passamos 10 dias com nosso filho, sendo cinco dias lá no interior, na cidade onde está o abrigo, e cinco dias em São Paulo em nossa casa. Esses dias foram cruciais para que pudéssemos criar vínculos afetivos mais profundos e também para se ter uma resposta definitiva tanto de nossa parte quanto da parte dele sobre o avanço do  processo.

Chegamos lá e traçamos toda uma programação especial para curtirmos ao máximo cada momento junto com ele. Participamos de um treinamento de jogos evangelísticos onde vieram surdos de vários estados do Brasil, e assim nosso filho pôde ter contato com vários surdos a fim de que se aproprie de elementos de sua cultura e primeira língua que é a Libras, já que ele ainda está sendo alfabetizado na língua de sinais. Este contato com a comunidade surda ele já vinha mantendo por meio do apadrinhamento social que aquela minha amiga missionária, já vinha fazendo ao ensinar-lhe a Libras e colocá-lo em contato com surdos da comunidade de fé. Essa amiga é a mesma que fez a ponte entre nós para que o adotássemos.

Viemos para São Paulo e mais diversão, amor e carinho sem medidas. Ele é uma criança cheia de vida e energia, não para um instante, muito prestativo e carinhoso, porém também muito genioso (risos). Mas o que esperar de uma criança que viveu anos sem os devidos cuidados, sem amor e sem proteção? É natural que neste momento ele procure se preservar de uma possível decepção adotando uma postura mais reservada, até se sentir totalmente seguro para se entregar ao amor de um pai e de uma mãe sedentos por lhe dar o carinho e proteção de que precisa. Quando chegamos tratamos logo de fazer uma atividade trivial do dia a dia que é fazer mercado, só para ele sentir o gostinho de participar da rotina de sua nova família. Como foi maravilhoso ver seus olhinhos brilhando cada vez que escolhia um produto na prateleira, comprar guloseimas e tudo mais. Também passeamos no shopping, fomos à igreja, ao zoológico, enfim, tentamos dar uma palhinha do que seria sua rotina daqui pra frente e vejo que ele aprovou tudo, por que o último dia dele aqui em São Paulo foi muito difícil para nós três.

Quando ele viu a gente arrumando sua mala começou a ficar triste e disse que não queria ir embora, pois sua casa estava aqui, seu quarto e sua cama estavam tudo aqui. Ele não queria voltar para o abrigo. À noite quando estávamos indo para a rodoviária não conseguimos conter as lágrimas e nós três choramos muito. Ele dizia: “Não me mande embora eu sou seu filho, a família tem que ficar junta...”. Confesso pra vocês que não consigo expressar em palavras  tamanha dor que senti ao ter que levá-lo de volta e vendo seus olhinhos que outrora estava vivazes agora choravam pedindo pra ficar. Porém esse sofrimento já tinha seus dias contados, porque em breve ele voltaria para ficar definitivamente comigo e com Paulo e precisávamos cumprir as recomendações judiciais a fim de que o processo de adoção transcorresse rapidamente e sem embaraços.

Esses dias que passamos juntos foram de suma importância para que nosso amor se consolidasse e tivéssemos a certeza de que apesar de não ter nascido de mim, certamente ele nasceu para mim, para inundar nossas vidas de amor. Meu próximo texto contarei como aconteceu o rompimento da bolsa, e por fim, como foi o meu tão sonhado parto da nossa gestação do coração. Beijo carinhoso! 

3 comentários:

  1. parabens pelo blog,muito importante as informaçoes

    ResponderExcluir
  2. Ola, Ana e Caroline! Meu marido e eu temos o interesse em adotar antes mesmo de casar e de pensar em engravidar. Mas como moramos na Noruega, vimos que o processo é muito lento pq não tem quase criança nenhuma aqui para adotar. No Brasil, por ser ainda mais burocrático, acho que teríamos de morar aí... Você sabe me dizer se existe a possibilidade de adoção no Brasil, mas para morar aqui na Noruega, por exemplo? Se não conseguirmos adotar, aí sim, vamos pensar na gravidez por ser mais rápido, talvez. Não que eu não queira ficar grávida, não é isso. Mas não sabemos explicar de maneira nenhuma o porque desse sonho de adotar uma criança acima dos 5 anos de idade. Parece que sentimos que nosso filho ou filha já nasceu e vamos apenas resgatá-lo(a). É algo muito estranho, parece gravidez mesmo do coração. Rsrsrs... Se vocês puderem nos ajudar, se souberem de algum site ou órgão para que possamos nos informar sobre esse tipo de adoção no Brasil para o exterior, por favor nos avise! Muito obrigada!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Keila, tudo bem? Fiquei emocionada com seu depoimento. Adotar realmente é um ato muito nobre, em especial, quem opta pela adoção tardia. Eu acho que dá sim, mas deixei um recadinho para Ane, que está mais a par, te responder. Meus parabéns Keila a você e seu marido por esta nobreza. Torcendo aqui para tudo dar certo. Venha nos contar. Beijo carinhoso!

      Excluir